Diretor da Dive diz que combate à dengue precisa de investimento dos municípios
A dificuldade de combate à proliferação da dengue decorre da falta de investimentos em prevenção por parte dos municípios. Essa foi a explicação dada pelo diretor da Diretoria de Vigilância Epidemiológica (Dive/SC), Eduardo Macário, à Comissão de Saúde da Assembleia Legislativa nesta quarta-feira (17). Uma equipe técnica da Dive participou de reunião da comissão para prestar esclarecimentos sobre o avanço da dengue e as medidas que estão sendo tomadas pelo órgão. Santa Catarina registrou, até 1º de junho de 2015, 2.755 casos, dos quais, 2.457 em Itajaí, município que enfrenta uma epidemia da doença, transmitida pelo mosquito Aedes aegypti.
“Em 2014, alguns municípios paralisaram parcialmente o trabalho de fiscalização e controle, caso de Itajaí. Isso se refletiu nos números que estamos registrando agora”, explicou Macário. Segundo ele, a maioria dos municípios tem um número insuficiente de agentes de vigilância entomológica. “Em Itajaí, quando o surto começou, havia 19 agentes. Hoje são 49, mas são necessários 80.” O estado tem atualmente 22 municípios com infestação, a maioria no litoral e no Oeste. Já foram registrados, em 2015, 5.147 focos, em 107 municípios.
O inverno, que é o período de menor propagação do mosquito, seria o momento correto para intensificar o combate às larvas, conforme destacou o deputado Doutor Vicente Caropreso (PSDB), proponente da reunião. Macari respondeu que os municípios estão sendo orientados para isso, de modo a evitar que a epidemia se alastre. Ele informou que existe recurso adicional no Ministério da Saúde para o combate à dengue, o qual pode ser acessado pelas prefeituras. “O vetor tem uma capacidade muito grande de se adaptar e seus ovos resistem por até um ano no ambiente, por isso o manejo é de difícil trato.”
O superintendente da Dive, Fábio Gaudenzi de Faria, ponderou que os gestores municipais de saúde enfrentam carência de recursos e precisam fazer escolhas de prioridades, por isso a prevenção geralmente acaba sendo relegada a segundo plano.
Custos
A deputada Ana Paula Lima (PT), presidente da comissão, questionou a eficácia da estratégia de enfrentamento à dengue adotada pelo estado, uma vez que em reunião anterior da comissão, ainda em 2012, já havia sido dado o alerta de que poderia haver uma epidemia da doença. Ela questionou um caso de óbito de um idoso de 74 anos, ocorrido na terça-feira (16), em Blumenau. Conforme Macari, os exames realizados naquele paciente comprovam que a causa da morte não foi dengue. “Não tivemos nenhum caso de óbito confirmado em Santa Catarina”, disse o diretor.
Doutor Vicente questionou quanto custa uma epidemia de dengue para o estado. “Além do custo direto do tratamento das pessoas, existe um custo social muito alto e um custo de imagem para o estado. A dengue é um problema sério, não se pode relaxar na prevenção”, enfatizou. A Dive ainda não calculou essa conta, conforme Macari. Ele esclareceu que, ao contrário da cidade de Itajaí, o estado de Santa Catarina não vive uma situação de epidemia. A Organização Mundial de Saúde considera epidemia quando a doença atinge 100 em cada 100 mil habitantes. Em Santa Catarina, a proporção é de 60 para cada 100 mil.
Ana Paula propôs como encaminhamento a sugestão de que o Estado faça um pacto de enfrentamento à dengue com os municípios. O deputado Dalmo Oliveira (PMDB) sugeriu que a secretaria estude algum tipo de sanção aos municípios que não cumprem as obrigações no que diz respeito ao combate à doença. Ele ressaltou que “os gastos com a prevenção certamente são muito mais baratos do que o tratamento quando a situação se agrava”. Há uma relação direta no agravamento da dengue quando o município não assume suas atribuições ou reduz investimentos, conforme Dalmo.
Agência AL