Reconstruída, Xanxerê ainda sente as consequências do tornado de 2015
O dia 20 de abril de 2015 marcou, de forma negativa, a história do município de Xanxerê, no Oeste catarinense. Por volta das 15 horas, pelo menos sete bairros da área urbana foram atingidos por um tornado. Conforme o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), os ventos podem ter variado de 100 km/h a 330 km/h.
Em questão de instantes, os bairros São Jorge, Bortolon, Primo Tacca e dos Esportes tiveram postes derrubados, árvores arrancadas, casas e estabelecimentos comerciais totalmente destruídos. Quatro pessoas morreram e 97 se feriram (confira os números completos abaixo). Os bairros Pinheiro, Vila União e Colatto também foram atingidos, em menor proporção.
Dois anos depois, em um rápido passeio por Xanxerê fica difícil encontrar vestígios da tragédia. Fisicamente, a cidade, parece estar recuperada. Com exceção do ginásio esportivo Ivo Sguissardi, praticamente todos os outros imóveis foram reconstruídos.
“Podemos afirmar que boa parte da população terminou a reconstrução de seus imóveis. Estamos num processo final de reconstrução da cidade. Dá pra afirmar que 99% das residências foram reconstruídas”, explicou o coordenador regional da Defesa Civil em Xanxerê, Luciano Peri.
O prefeito de Xanxerê, Avelino Menegolla, afirma que, além do ginásio de esporte, ainda há situações a resolver na parte de iluminação pública. “O principal já foi feito. Todos que foram atingidos [pelo tornado] foram, de uma forma ou outra, atendidos”, diz Menegolla, que não era prefeito na época (ele assumiu o cargo em janeiro de 2017).
Ele acredita que o trauma causado pelo tornado ainda é a principal questão a ser resolvida. “As pessoas ainda estão com um sentimento que não se apaga tão fácil. É o que falta. Mas isso só vai ser superado com o tempo. O material é reconstruído aos poucos. O sentimento ainda leva mais tempo.”
No município, a Defesa Civil construiu 30 casas modulares, voltadas para as famílias de baixa renda, porém boa parte, por causa das condições financeiras, optou por reconstruir suas casas com recursos próprios, doações ou mesmo com dinheiro do FGTS.
O coordenador Luciano Peri, que é bombeiro militar, afirma que nunca havia presenciado um desastre natural naquelas proporções. Bombeiros, policiais militares e membros da Defesa Civil de todo o interior catarinense foram mobilizados. “Foi tão impactante a destruição que por vários momentos nós parávamos para identificar quais eram as prioridades, por onde nós começaríamos a atender”.
Apesar do cenário de devastação, em 36 horas, a Defesa Civil conseguiu levantar itens básicos - como água, por exemplo – para todas as famílias atingidas. Posteriormente foram feitas as realocações de todos os desabrigados. “A resposta foi imediata. Houve uma corrente de solidariedade, com recursos de várias entidades, clubes de serviço, igrejas. Auxiliaram com dinheiro, recursos materiais e humanos”, lembra.
Como em todo desastre natural, o tornado deixou várias lições para a Defesa Civil. A principal, conforme Peri, foi o aprimoramento da estrutura de resposta a desastres. O órgão estadual também tem feito investimentos em tecnologia e no intercâmbio de informações e conhecimento com outros países.
“Santa Catarina vem estruturando seu sistema de Defesa Civil, com projetos como o envio de SMS com alertas para que a população seja avisada e saiba como se proteger para minimizar o trauma a os estragos. Não existe como dizer que não vai acontecer [um novo tornado]. Infelizmente Santa Catarina é a segunda região no mundo para maior incidência de tornados”, lembra.
Especial “Xanxerê – Dois anos após o tornado”
A partir desta quinta-feira (20), a Agência AL, em conjunto com a TVAL e a Rádio AL, veicula uma série de reportagens sobre os dois anos do tornado que atingiu Xanxerê. As matérias, que serão publicadas no decorrer dos próximos dias, contam as histórias de pessoas que perderam todos seus bens na tragédia e se recuperaram. Abordam, também, as consequências do tornado para famílias inteiras e como, dois anos após o ocorrido, ainda é difícil esquecer o que aconteceu naquele dia 20 de abril.
Ocorrências | Números |
---|---|
Mortes | 4 |
Feridos | 97 |
Desabrigados | 539 |
Desalojados | 4.275 |
Instalações danificadas | 2.235 |
Residências totalmente destruídas | 245 |
Residências parcialmente destruídas | 360 |
Telhados destruídos | 1.583 |
Agência AL
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