11/03/2009 - 19h14min
Denúncias contra Polícia Militar movimentam a sessão
As denúncias envolvendo a Polícia Militar de Santa Catarina movimentaram a sessão ordinária de hoje (11). A primeira denúncia, apresentada pelo deputado Sargento Amauri Soares (PDT), foi trazida na forma de um vídeo cuja imagem foi totalmente escurecida, de forma a ser apresentado somente o áudio da gravação. Nele, um tenente-coronel pede votos para um candidato a prefeito de Florianópolis.
No vídeo apresentado, o tenente-coronel Newton Ramolw pede votos ao então candidato à prefeitura de Florianópolis, Dário Berger (PMDB), para outros policiais dentro da sede do 4º Batalhão da Polícia Militar da Capital. O oficial também afirmou que a eleição de Berger poderia lhe garantir benefícios. “Isso é muito engraçado. O símbolo da Aprasc é proibido de entrar no quartel, mas esse tipo de coisa pode acontecer. E o pior é que os policiais presentes estavam de serviço. É preciso que a PM seja observada de fora, porque de dentro não dá”, afirmou.
O parlamentar ainda disse que a gravação completa, com mais de 10 minutos, realizada em outubro de 2008, está à disposição no site da Aprasc (www.aprasc.org.br).
Já o deputado Kennedy Nunes (PP) pediu que a Casa tome algum tipo de providência porque o que aconteceu é um disparate. “Parece que o referido candidato está muito bem entre os coronéis, porque na primeira campanha já houve a montagem do palco para a campanha utilizando a força militar. É um absurdo quando um órgão tão especial é utilizado de forma tão escrachada como mostra esse vídeo”, completou.
O deputado Silvio Dreveck (PP) também afirmou achar que a situação é gravíssima. “A situação é grave porque uma autoridade pedindo voto me leva a crer que é mais um escândalo eleitoral que se apresenta. É uma falha grave no sistema”, disse.
Em nome do governo, o deputado Elizeu Mattos (PMDB) afirmou que a denúncia deve ser desmerecida, uma vez que a gravação é clandestina. “No meu conhecimento isso é crime. A gravação não foi autorizada. Temos que ter muito cuidado com o que apresentamos aqui.” Ele ainda questionou quem fez a gravação e com que interesse. “Quem gravou isso? É bem fácil mostrar apenas o que lhe interessa. O que eu sei é que o nosso direito à privacidade está acabando.”
A veracidade do vídeo também foi questionada pelo deputado Manoel Mota (PMDB) que afirmou que tudo pode ser manipulado. “Toda e qualquer gravação pode ser manipulada. Quem me garante que aquilo foi gravado no local que disseram. Outra coisa: será que ninguém pediu voto para o deputado Soares?”, perguntou.
Eleições em Braço do Norte
A segunda denúncia foi sobre as eleições para prefeito, ocorrida no último dia 1º de março, em Braço do Norte. Os 20.175 eleitores inscritos no município, localizado ao Sul do estado, voltaram às urnas para escolher os mandatários do Executivo municipal. A nova eleição foi necessária porque a realizada na data regular - 5 de outubro de 2008 - foi anulada pela Justiça Eleitoral, em virtude de o candidato que recebeu mais de 50% do total de votos válidos ter tido seu registro de candidatura invalidado.
O deputado Joares Ponticelli (PP), em sua denúncia, afirmou que houve abuso de poder por parte da Polícia Militar que foi chamada para resolver uma confusão criada por cabos eleitorais de outro partido. “O clima esquentou depois que uma mulher, que transitava por uma calçada próxima a um local de votação, foi abordada por um homem. Os dois começaram a discutir. Em determinado momento, ela chamou o marido, um policial civil da cidade, pois não tinha gostado da forma com que o empresário, acusado de ser o agressor, havia se dirigido a ela”, contou Ponticelli. E continuou: “O policial civil sacou uma arma. Em seguida, iniciou-se uma briga generalizada entre partidários do PP e do PMDB, além de outras pessoas. Os policiais presentes na hora do tumulto, na rua Senador Nereu Ramos, não foram coesos”, disse.
Conforme o parlamentar, toda a confusão foi filmada e encaminhada à corregedoria da Polícia de Santa Catarina para que alguma providência seja tomada. “Está explicado porque há aumento de criminalidade. Essa é a forma como alguns policiais agem. Simplesmente chega um policial e saca a arma. O que é isso? E os policiais que vieram para controlar a confusão usaram de abuso da autoridade”, desabafou Ponticelli.
O deputado Valmir Comin (PP), também presente na ocasião do tumulto, disse que houve, sim, abuso de autoridade. “Foi explícito o abuso de autoridade, mas tivemos o resultado nas urnas que mostrou a vontade dos eleitores”, completou.
Em defesa da ação dos PMs, o deputado Manoel Mota (PMDB) disse que o que aconteceu lá, acontece em todos os colégios eleitorais. “O rapaz que foi preso também abusou da boa vontade da Polícia.” O deputado José Natal Pereira (PSDB) também acredita que não houve abuso de poder por parte da PM e que tudo não passou de um mal entendido. (Graziela May Pereira/Divulgação Alesc)