CPI ouve mais dois engenheiros envolvidos nas obras da Hercílio Luz
A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Assembleia Legislativa que investiga possíveis irregularidades em obras na Ponte Hercílio Luz ouviu, na tarde desta terça-feira (29), dois engenheiros civis da empresa RMG Engenharia, que atualmente supervisiona a restauração da ponte. Eles também trabalharam em etapas anteriores da recuperação da Hercílio Luz, entre eles a desenvolvida pelo Consórcio Florianópolis Monumento (CFM), entre 2009 e 2014.
Carlos Guedes Carneiro, sócio-administrador da RMG, afirmou que a empresa foi contratada em 2009 pelo CFM para a elaboração do projeto para a transferência de carga da ponte e sustentação provisória do vão central. Ele disse à CPI que também desenvolveu outros projetos para o consórcio. Segundo Carneiro, o CFM ficou com débito de R$ 750 mil à RMG.
"Esse nosso contrato rezava que caso houvesse rescisão do Deinfra com o consórcio, que o nosso contrato com o consórcio seria rescindido automaticamente", disse. "Mas antes disso, já não estávamos mais emitindo faturas porque não estávamos recebendo."
O outro engenheiro ouvido pela comissão, João Nogueira Motta, que também atua na RMG, disse que o CFM cometeu equívocos no decorrer da obra, que estava com ritmo lento. Questionado se o consórcio tinha capacidade técnica de executar a restauração, Motta respondeu: "com aquela estrutura, não".
Depois da rescisão, conforme os depoentes, a RMG foi contratada pela Teixeira Duarte, atual responsável pela restauração da ponte. Questionados pelo deputado Bruno Souza (sem partido), relator da CPI, sobre a assinatura de aditivos para a construção da estrutura provisória, que já havia sido desenvolvida no contrato do CFM, os engenheiros afirmaram que a estrutura estava inacabada e que precisava de reforço, já que havia sido iniciada em 2013.
"A estrutura provisória é para poucos anos e essa já havia sido entregue em 2013. Foi necessário reforço para que não se corresse riscos", afirmou Motta.
Atualmente, a RMG supervisiona as obras que estão sob responsabilidade da Teixeira Duarte. Conforme os engenheiros, os pagamentos pelos serviços têm sido feitos em dia.
Anos 1980
Carneiro e Motta trabalharam, nos anos 1980, na Usiminas Mecânica (Usimec) que, em 1982, firmou contrato com o Estado para a restauração da Hercílio Luz. Eles informaram à CPI que os projetos elaborados para a obra não foram executados da falta de recursos por parte do governo.
Segundo Carneiro, a situação foi agravada com as enchentes que atingiram o Vale do Itajaí em 1983, já que os recursos que seriam empregados nas obras da ponte foram destinados para a recuperação dos estragos das cheias.
Agência AL