Comunidade de Garopaba reivindica que subestação seja construída em outro local
A insatisfação dos moradores do bairro Encantada, em Garopaba, com a possibilidade de implantação de uma subestação de energia elétrica na localidade foi tratada em audiência pública realizada pela Comissão de Economia, Ciência, Tecnologia, Minas e Energia da Assembleia Legislativa de Santa Catarina na noite desta segunda-feira (16), no salão paroquial da comunidade.
Um dos encaminhamentos do encontro foi a criação de uma comissão que deve atuar para apresentar à Celesc sugestões de outros terrenos considerados mais apropriados para a instalação da subestação. O grupo é composto por representantes da Associação de Moradores da Encantada, Prefeitura, Câmara de Vereadores, Assembleia Legislativa, Eletrosul e Celesc. “É unanimidade que esse terreno previsto para a construção da subestação não serve, pois prejudica o desenvolvimento do município e afeta o bem-estar das pessoas. A comissão constituída vai apontar novas opções”, disse o deputado Padre Pedro Baldissera (PT), proponente da audiência pública.
A comunidade é contra a implantação da subestação de energia elétrica no local previsto no projeto, um terreno já adquirido pela Celesc situado em uma área residencial. “Ninguém é contra a subestação em Garopaba. Toda a comunidade sofre se faltar energia. Discordamos é do local, da maneira como estão agindo, sem diálogo. Precisamos chegar a um acordo”, ressaltou o presidente da Associação de Moradores da Encantada, Aldori Marcelino Gonçalves.
Os moradores da localidade e de bairros vizinhos argumentaram que a instalação da subestação na Encantada pode prejudicar o desenvolvimento do potencial turístico da região, desvalorizar os imóveis da área e causar riscos à saúde humana pela exposição a campos eletromagnéticos. “Trata-se de uma região promissora para o turismo, com cachoeiras, lagoa, fontes de água. Aqui são realizadas atividades como cavalgadas, trilhas. A subestação impossibilitaria o melhor ponto de voo livre de Garopaba. Além disso, seria construída ao lado de uma escola, afetando dezenas de famílias, num terreno de importância histórica relacionada à República Juliana. A linha ainda passaria perto de um templo budista e do nosso centro de ioga, um dos maiores da América Latina”, falou Zeno Moreira de Castilho Neto.
De acordo com o chefe do Departamento de Projeto e Construção da Celesc, Sidney Correa, a escolha do terreno foi baseada em um estudo técnico. O representante da empresa considerou as manifestações dos membros da comunidade e ressaltou que é necessário chegar a um acordo até o próximo mês. “Entendemos que há muito mais benefícios do que impactos. Mas estamos dispostos a ouvi-los. Se for possível, encontraremos outro local adequado para instalarmos a subestação. Mas ela tem que estar pronta no final de 2015, ou seja, falta pouco tempo. Estamos debatendo o assunto desde 2011 e o órgão regulador está nos pressionando. Em janeiro precisamos chegar a um consenso, encontrar uma solução”. Segundo Correa, a capacidade inicial da subestação será de 26 MVA.
O representante da Eletrosul, Adilson Souza Silva, explicou que o traçado da linha de transmissão foi estudado a partir da localização da subestação definida pela Celesc. “Estamos com o processo parado. Somos responsáveis pelo licenciamento da linha e o Ibama solicitou um EIA/RIMA (Estudo de Impacto Ambiental e respectivo Relatório de Impacto Ambiental). A Celesc precisa ratificar ou retificar a localização para darmos continuidade”.
O engenheiro da Eletrosul responsável pelo projeto, Rogério Amorim, garantiu à comunidade que a linha não oferece riscos à saúde humana. “Quanto ao campo eletromagnético da linha, não tem problema, pois está dentro dos parâmetros estipulados pela Organização Mundial da Saúde”.
Rádio AL