Comissão debate suplemento nutricional no tratamento de câncer
Os parlamentares membros da Comissão de Saúde da Assembleia Legislativa resolveram, em reunião realizada na manhã de hoje (5), criar uma subcomissão para debater a necessidade de verbas destinadas ao suplemento nutricional para pacientes em tratamento de câncer em Santa Catarina. A proposta, segundo o presidente da comissão, deputado Volnei Morastoni (PT), é reunir dados de todo o estado e elaborar um documento fundamentado em propostas concretas para apresentar ao secretário de Estado da Saúde.
O debate foi provocado pelo Conselho de Segurança Alimentar e Nutricional (Consea) do município de Jaraguá do Sul e pela organização não-governamental Sociedade Sem Câncer. De acordo com a nutricionista especialista em oncologia da Unacon de Jaraguá do Sul, Marlene Felisbino, a verba no valor de R$ 4.124 repassada mensalmente pela Secretaria de Estado da Saúde é insuficiente para atender à demanda de suplementação alimentar específica para pacientes oncológicos.
A nutricionista relata que o valor recebido cobre somente o custo dos suplementos de 11 pacientes que usam sonda alimentar, quando a unidade presta atendimento a cerca de 30 pessoas nesta condição e a outros 160 pacientes que necessitariam receber suplementação via oral. “Temos que abraçar esta causa e achar uma solução para assegurar a todos o acesso a esse alimento, que já é garantido por lei. Hoje este direito é negligenciado”, frisou Marlene.
Na opinião do representante da região Norte do Conselho Regional de Medicina, Ricardo Polli, a verba recebida pelas instituições para a compra de suplementação alimentar voltada a pacientes em tratamento de câncer transforma a terapia em uma “loteria”. “Como o recurso é escasso, é preciso escolher aquele que vai receber a suplementação em níveis adequados. É fundamental aliarmos todo o conhecimento disponível para combater essa doença, hoje a segunda causa de morte no país, e oferecer aos pacientes todas as possibilidades de tratamento que temos”, ressaltou.
Terapia nutricional para pacientes com câncer
Cerca de 87% dos pacientes oncológicos em atendimento ambulatorial, conforme a nutricionista Marlene Felisbino, sofrem de desnutrição. “Isso se dá pela dificuldade de alimentação via oral, ocasionada por efeitos do tratamento de quimioterapia e radioterapia. O paciente pode ter mucosite – várias feridas na boca que o impossibilitam de comer –, diminuição de saliva, inapetência, alteração do paladar”, explicou.
Neste contexto, a terapia nutricional específica para pacientes oncológicos é aplicada para prevenir e reverter o quadro de desnutrição. “Assim conseguimos melhorar a qualidade de vida, proporcionar um resultado melhor ao tratamento, além de reduzir a morbidade e a mortalidade”, destacou Marlene.
De acordo com a nutricionista do Centro de Pesquisas Oncológicas (Cepon) de Florianópolis, Maria Emília Fabre, um estudo feito na instituição mostrou que o custo da terapia nutricional não chega a 5% dos gastos com a quimioterapia. “O impacto da terapia nutricional no tratamento do câncer é grande e o custo é irrisório quando se compara ao valor total de um tratamento oncológico”. Para a presidente da Associação Brasileira de Portadores de Câncer (Amucc), Leoni Margarida Simm, esta é uma questão de gestão de recursos. “O investimento no tratamento do paciente com câncer é altíssimo. Cuidar da nutrição dele me parece fundamental, visto que muitas vezes ele morre em consequência dos efeitos da desnutrição”.
A reunião da Comissão de Saúde contou com a presença dos deputados Sargento Amauri Soares (PDT), Antônio Aguiar (PMDB), Jorge Teixeira (PSD) e Serafim Venzon (PSDB).
Rádio AL