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01/07/2013 - 18h13min

Comissão da Verdade ouve relatos de Celso Padilha, preso em 1975

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Reunião da Comissão da Verdade. Foto: Lucas Gabriel Diniz

A Comissão Estadual da Verdade Paulo Stuart Wright ouviu o depoimento do ex-preso político Celso Padilha, que militou em movimentos estudantis e no antigo MDB. Com trechos fortes e comoventes, Padilha relatou as agressões físicas e psicológicas que sofreu durante dois meses, tempo em que ficou na prisão em Florianópolis e Curitiba. Ele foi preso em Santa Catarina, no ano de 1975, durante o regime militar.

Estudante de Engenharia, não pode concluir os estudos após as torturas sofridas. “Eu nem saia de casa. Acho que pirei um pouco”, disse aos membros da Comissão da Verdade. Casado, pai de quatro filhos, aos 64 anos, Celso Padilha tem dificuldade de falar após sofrer três AVCs. Seu semblante e seu olhar refletem a história de sofrimento vivida há 38 anos.

Após a prisão, Padilha afirmou não ter mais participado da militância. Relatou diversos nomes de companheiros presos. “Fui solto no dia em que Vladmir Herzog foi morto”, recordou. Nos rituais de tortura física e psicológica, o ex-preso citou choques elétricos e pau-de-arara, além das péssimas instalações da cela. “Vi arrancarem a barba de um companheiro com alicate”.

Ao final de seu depoimento, Padilha elogiou o trabalho da Comissão da Verdade, disse que por muito tempo este assunto ficou esquecido e agradeceu pela oportunidade de contribuir. “Tenho muito prazer de estar aqui. Que continue a luta”, pediu.

Busca da verdade
A deputada Luciane  Carminatti (PT), integrante da comissão, destacou a importância dos depoimentos de ex-presos políticos na busca pela verdade em relação aos fatos que marcaram a ditadura no pa ís. “Vamos construir a verdade para fazer justiça. Não existe democracia sem verdade e justiça”, clamou.

Nesta fase dos trabalhos, o objetivo da comissão é colher informações que auxiliem no esclarecimento dos abusos cometidos contra os direitos humanos durante o regime militar em Santa Catarina. Essas informações vão auxiliar os trabalhos da Comissão Nacional da Verdade (CNV).

A Comissão Estadual da Verdade Paulo Stuart Wright é formada por representantes do Tribunal de Justiça (TJSC), Procuradoria-Geral do Estado, OAB, Assembleia Legislativa e do Coletivo Catarinense pela Memória, Verdade e Justiça.

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