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14/10/2013 - 18h29min

Comissão da Verdade ouve presos de três períodos da Ditadura Militar

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Deputado Edison Andrino foi um dos depoentes da comissão. FOTO: Juliana Stadnik/Agência AL

A Comissão Estadual da Verdade Paulo Stuart Wright ouviu na tarde desta segunda-feira (14) o depoimento de catarinenses que foram presos em três períodos diferentes do Regime Militar (1964-1985): o golpe de 1964, o congresso da União Nacional dos Estudantes (UNE) em 1968 e a Novembrada, ocorrida em 1979. Ao todo, das 16 pessoas convidadas para depor, 14 comparaceram.

Um dos depoentes foi o deputado estadual Edison Andrino (PMDB). Ele era estudante da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) e foi preso durante o congresso da UNE de 1968, realizado na cidade de Ibiúna, no interior do estado de São Paulo. À época, a UNE estava na clandestinidade e o congresso foi realizado de forma secreta.

Andrino conta que permaneceu uma semana preso no Presídio Tiradentes, na capital paulista. Ele não chegou a ser torturado, mas afirmou que a cela onde ficou estava superlotada e em condições precárias. Ao retornar a Florianópolis, foi fichado pelos órgãos de repressão e proibido de arrumar emprego. O deputado foi preso preventivamente em outras três ocasiões. “Momentos como esses são importantes e tristes e precisam vir à tona até para que não se repitam no futuro”, disse Andrino.

Outro depoente, Valdir Izidoro Silveira, foi preso em março de 1964 e permaneceu por 45 dias no Dops em Florianópolis. Além de ser ligado ao movimento estudantil, Silveira era do Partido Comunista Brasileiro. Ele contou que não sofreu tortura física nessa primeira prisão. “Mas nos disseram que a gente seria fuzilado e mandaram a gente escrever um recado para a família”, relembrou.

Silveira ainda foi preso em outras duas ocasiões: em 1970, em Porto Alegre, e em 1975, no Paraná. Na primeira, foram quase sete meses de prisão, além de uma sessão de tortura, que só não foi pior devido à intervenção de uma namorada. “Eu já estava no pau de arara com os fios elétricos quando alguém gritou que eu tinha problemas no coração. Eles não me deram choque, mas apanhei com pano molhado”, relatou.

Roberto Maciel Cascaes, outro depoente desta tarde, tinha 18 anos quando foi preso, em janeiro de 1969. Ele era ligado ao movimento estudantil secundarista e foi detido quando saía de casa. Levado para o Dops de Florianópolis, foi torturado por quase oito horas.

“Me puseram descalço em cima de uma lata de leite em pó. Levei socos, pontapés, ‘telefones’, da uma da tarde às nove da noite”, afirmou Maciel, que se emocionou ao relembrar o fato. Depois da sessão de tortura, foi levado para a cadeia de Biguaçu e posteriormente transferido para Curitiba. Permaneceu preso por quatro meses. Solto, foi processado e preso em outras duas ocasiões, também por quatro meses.

Saiba mais
A Comissão Estadual da Verdade Paulo Stuart Wright foi criada em Santa Catarina, por meio de decreto do governador Raimundo Colombo (PSD), em março deste ano. Um projeto de autoria do Poder Executivo, em tramitação na Assembleia, transforma a criação da comissão em lei e dá mais poderes para o colegiado.

O grupo examina violações de direitos humanos ocorridas durante a ditadura militar e auxiliar os trabalhos da Comissão Nacional da Verdade (CNV). A comissão é formada por representantes do Tribunal de Justiça (TJSC), da Procuradoria-Geral do Estado, OAB, Assembleia Legislativa, e do Coletivo Catarinense pela Memória, Verdade e Justiça.

Marcelo Espinoza
Agência AL

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