03/02/2012 - 11h57min
Chuvas se mantêm abaixo da média na região Oeste
A estiagem na região Oeste de Santa Catarina deve continuar no mês de fevereiro. Esta é a previsão da Epagri (Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina) e do Ciram (Centro de Informações de Recursos Ambientais e de Hidrometeorologia de Santa Catarina).
Segundo o meteorologista do órgão, Clóvis Corrêa, a tendência é que o volume de chuvas fique abaixo da média pelos próximos três meses. “Predominam poucas chuvas sobre a região durante este período. O que está acontecendo agora é um bloqueio atmosférico, que significa que as frentes estão se aproximando do Uruguai e desviando para o oceano. As chuvas que poderão acontecer nos próximos 15 dias devem ser isoladas e de baixa frequência, não sendo representativas para a região”, explicou.
Um dos fatores climáticos que influenciam a estiagem no Oeste catarinense é o La Niña. “Mas no verão não é apenas este fator, há outros como a relação de temperaturas do oceano, relacionados com a atmosfera, que influenciam diretamente e fazem com que as condições de chuva nesta região não aconteçam com tanta frequência”, esclareceu Corrêa. “Além disso, a umidade vinda da Amazônia ou do Atlântico que deveria abastecer a nossa região é deslocada para outros locais, como o que está acontecendo no Sudeste do Brasil, um fenômeno chamado Zacas (Zonas de Convergência do Atlântico Sul). Assim, chove bastante naquela região e nós ficamos com pouca chuva ou quase nada”, detalhou o meteorologista.
Municípios como Itapiranga e Chapecó apresentaram no mês de janeiro menos da metade do volume de chuvas esperado, calculado de acordo com a média histórica de cada cidade. Em Itapiranga choveu 66,8mm, o que corresponde a 44% da média histórica, registrada desde 1987, que é de 151,7mm. O volume de chuvas em Chapecó foi de 86,2mm, 45% da média histórica de 192,9mm, registrada desde 1969.
Até o momento, 86 municípios catarinenses decretaram Situação de Emergência por estiagem. De acordo com relatório da Defesa Civil do Estado atualizado nesta quinta-feira (02), são 577.465 pessoas diretamente afetadas pela seca. Há falta de água tanto para a lavoura e a pecuária quanto para o abastecimento da população. Os prejuízos calculados pela Secretaria de Estado da Agricultura e da Pesca ultrapassam os R$ 498,7 milhões.
A importância da agropecuária para a economia do Estado foi um dos temas abordados pelo governador Raimundo Colombo (PSD) no discurso proferido ontem (02), na sessão especial que marcou a abertura dos trabalhos legislativos. “A agropecuária é um segmento fundamental da economia catarinense, representando em torno de 30% do PIB e a maioria dos municípios têm sua base econômica na agricultura familiar”, disse. Colombo apontou ainda soluções preventivas contra a seca. “Nossas prioridades estão centradas em resolver o flagelo recorrente das estiagens com sistemas de captação e armazenagem de água para viabilizar uma agricultura de alta densidade econômica, de grande renda por área, que utiliza irrigação e tecnologia de ponta”, ressaltou.
Os parlamentares integrantes da Comissão de Agricultura da Assembleia Legislativa devem realizar na próxima semana uma reunião para examinar as ações em curso executadas pelos governos federal e estadual para atenuar o drama da seca que castiga o Oeste catarinense e também formular projetos de prevenção. O encontro pretende reunir o secretário de Estado de Agricultura e da Pesca, os presidentes da Epagri e da Cidasc, além de representantes dos Ministérios da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, da Integração Nacional, e do Desenvolvimento Agrário. (Ludmilla Gadotti)