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25/07/2014 - 09h39min

Caos logístico engole lucro obtido com custo baixo de produção

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Reunião da Câmara para Assuntos de Transporte e Logística da FIESC. Fotos: Miriam Zomer/Agência AL

A imagem das rachaduras nas estradas catarinenses engolindo asfalto e acostamentos é um espelho dos efeitos do caos logístico na competitividade das empresas. De acordo com a professora Marisa Nilson, do Laboratório de Desempenho Logístico (LDL) da UFSC, enquanto outros países barateiam o custo logístico, no Brasil ele encarece. “O custo logístico do país passou de 10,6% em 2010 para 11,5% em 2012 e para 13,14% em 2013, aumentou 3% em três anos”, destacou a pesquisadora durante reunião da Câmara de Transportes e Logística da Fiesc, realizada na tarde desta quinta-feira (24) na sede da federação, no Itacorubi, em Florianópolis.

A pesquisadora mostrou o estrago causado na competitividade com o exemplo da soja.  No Brasil o custo de produção de uma tonelada de soja é de U$ 187, enquanto nos EUA é de U$ 238, uma diferença pró-Brasil de U$ 51 dólares. Já o transporte sai por U$ 97 a tonelada no Brasil e U$ 26 nos EUA, uma vantagem pró-EUA de U$ 71 dólares. No caso da indústria moveleira, segundo Marisa,  algumas empresas gastam em transporte R$ 0,25 para cada real faturado, quando a média era de R$ 0,16. “São nove centavos a mais e representam muito no faturamento da empresa”, ponderou.

Para piorar o quadro, o presidente da Câmara de Transportes e Logística da Fiesc, Mario Cezar de Aguiar, explicou aos empresários que dos R$ 1,2 bilhão previstos no Orçamento Geral da União (OGU) e do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) relativos a 2013, apenas R$ 355 milhões foram executados. “Só 29,6% do previsto”, lamentou Aguiar, acrescentando que no caso do OGU e do PAC referentes a 2014, dos R$ 1,1 bilhão previstos para o estado, R$ 90 milhões foram executados. “Menos de 8%”, criticou Aguiar.

Acesso ao Aeroporto Hercílio Luz
Os empresários também ouviram relatório detalhado sobre a situação do acesso ao aeroporto Hercílio Luz, em Florianópolis. Conforme explicou o engenheiro Paulo Meller, do Deinfra, as obras do primeiro lote, que compreende o trecho entre o trevo da Seta e o estádio Aderbal Ramos da Silva, estão avançando. “O contrato é da Espaço Aberto, mas a empresa subcontratou a Cava, há um contrato entre as duas empresas e a Cava está faturando mais de R$ 1 milhão por mês. Não importa quem toca, desde que toque rápido e bem. Podemos ter problemas adiante, mas a obra está dentro do cronograma”, garantiu Meller, aludindo ao primeiro lote.

Quanto ao segundo lote, o Deinfra trabalha com duas opções: executar o projeto original, que demanda cerca de R$ 40 milhões em desapropriações, ou tocar um projeto alternativo, que passa pelas margens da reserva ecológica mantida pelo ICMBio e que não implica desapropriações. “Hoje não tem previsão para o início das obras do segundo lote”, confessou o chefe do Deinfra.

Pontes Colombo Machado Salles e Pedro Ivo Campos
Meller garantiu que não há risco das pontes que dão acesso à ilha de Santa Catarina colapsarem. “O Deinfra contratou uma empresa especializada para fazer um checkup das pontes, o relatório ficou pronto no fim do ano passado, os engenheiros detectaram alguns problemas, mas nos deixaram tranquilos, não há riso de colapso das pontes”, garantiu Meller, apesar de reconhecer que a última inspeção técnica foi realizada em 2006.

Para o Deinfra, embora apresentem sinais de corrosão e fissuras, não há motivo para falar em interdição das pontes. “Tem fissura? Tem, mas não existe uma obra de concreto armado que não tenha fissura. Mas daí correr o risco de cair, a distância é pra lá na China”, comparou Meller.

Ponte Hercílio Luz
Conforme explicou Meller, o Deinfra espera contratar outra empresa para continuar o trabalho da Espaço Aberto. “Para terminar a estrutura tubular”, justificou, referindo-se a estrutura que suportará a ponte cartão postal do estado. “Com a ponte segura, vamos lançar o edital para a segunda etapa”, concluiu Meller, negando-se, todavia, a falar em prazos.

BR-101 Sul
O engenheiro Ricardo Saporiti apresentou relatório pormenorizado sobre a situação da BR-101, no trecho entre Paulo Lopes e Osório, no Rio Grande do Sul. Além dos gargalos localizados no Morro dos Cavalos e na ponte Cavalcanti, sobre o rio Tubarão, Saporiti detectou outras deficiências, como desnível de acostamento acima dos 5 cm permitidos, desnivelamento nas cabeceiras de pontes, ausência de limpeza do sistema de drenagem, além de falta de reforços e alargamento das pontes em Penha, Araçatuba e Paulo Lopes.

Entretanto, o maior problema constatado está na pista sentido Sul-Norte,  que apresenta trilhas formadas pelo tráfego lento e pesado dos caminhões. “Parece que fizeram um fresamento na pista antiga e colocaram uma nova capa de asfalto”, denunciou Saporiti, que lembrou que o projeto da pista antiga da BR-101 foi elaborado há 50 anos e que o tráfego de então é completamente diferente do atual.

Vítor Santos
Agência AL

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