02/07/2009 - 13h42min
Balanço do Dia
A greve do transporte coletivo na Capital foi o tema central da sessão ordinária de hoje (2), na Assembleia Legislativa. Deputados de diversas bancadas subiram à tribuna para clamar por uma solução referente ao impasse que se arrasta há quase 72 horas. Outro assunto que marcou os pronunciamentos foi o julgamento e absolvição do prefeito de Florianópolis, Dário Berger (PMDB), pelo Tribunal Regional Eleitoral (TRE) na noite de ontem. O TRE considerou improcedente a acusação de “prefeito itinerante” que pedia a cassação de Berger.
Preocupado com a completa paralisação do transporte coletivo na Capital, o deputado Sargento Amauri Soares (PDT) afirmou que é preciso uma avaliação profunda sobre esse serviço imprescindível. “Transporte coletivo é uma concessão pública explorada pela iniciativa privada. Enquanto não pensarmos o transporte como um serviço público, como educação, saúde e segurança, continuaremos vivendo uma situação caótica, com um sistema falido”, argumentou.
Correligionário do prefeito, o deputado Moacir Sopelsa (PMDB) disse que a greve já ultrapassou os limites e “é um desrespeito com os trabalhadores”. O parlamentar pediu uma intervenção da Justiça e a volta da normalidade, tendo em vista que a situação é ”desesperadora”.
Candidata à prefeitura de Florianópolis em 2008, a deputada Angela Albino (PCdoB) sugeriu que a discussão em torno da greve do transporte coletivo seja ampliada a todos os prefeitos da Grande Florianópolis. “São José, Biguaçu, Palhoça e outros municípios onde a greve também repercute têm que estar neste debate influenciando a busca de soluções”, afirmou.
Ângela elogiou a tentativa do vice-prefeito, João Batista Nunes (PR), de construir uma ponte entre empresários e trabalhadores que, para ela, defendem interesses legítimos. “O vice-prefeito se esforça, mas não consegue construir um entendimento sem a presença do prefeito Dário nas negociações. É preciso abrir o diálogo e acabar imediatamente com a greve”.
Na mesma direção, o deputado e também candidato ao Executivo da capital em 2008, Cesar Souza Júnior (DEM), avaliou que o radicalismo não vai resolver o problema. “A cidade não pode ser refém de um impasse entre empresários e trabalhadores”.
Processo
O problema do transporte coletivo da Capital não foi suficiente para que o deputado Rogério Peninha Mendonça (PMDB) deixasse de comemorar a absolvição do Dário Berger do processo de “prefeito itinerante”. Na noite de ontem, o Tribunal Regional Eleitoral absolveu Berger por quatro votos a dois da ação movida pela coligação liderada pelo Partido Progressista, que acusava de ilegal a candidatura à reeleição. Vale lembrar que antes da Capital, Dário administrou por dois mandatos consecutivos o município de São José, acumulando até agora quatro mandatos à frente de executivos municipais.
Peninha avaliou que “alguns políticos não aceitam o resultado das urnas”, referindo-se ao ex-governador e candidato a prefeito derrotado Esperidião Amin (PP). O parlamentar acredita que “aconteceu mais uma vitória política do prefeito e do PMDB” e lembrou que uma consulta ao próprio TRE, na primeira eleição em Florianópolis, dava plenos direitos de Dário concorrer.
A mesma avaliação foi feita pelo líder do PMDB na Casa, deputado Antônio Aguiar, que rotulou os adversários de estarem com “o estigma da derrota ao perderem no campo das ideias, nas urnas e na Justiça”.
Já o deputado Nilson Gonçalves (PSDB) lembrou que Dário foi considerado um dos melhores prefeitos do Brasil quando administrava São José e agora sofre uma “série de perseguições”. Gonçalves não poupou elogios ao ex-companheiro de partido, a quem chamou de “prodigioso e altivo”.
O deputado Manoel Mota (PMDB) fez uma análise das históricas disputas entre o PMDB e o PP em Santa Catarina e comemorou o que chamou de “mais uma vitória”. Comemoração semelhante a do deputado Serafim Venzon (PSDB), que além de cumprimentar o prefeito enfatizou a necessidade de a Justiça eleitoral estabelecer prazos para processos deste tipo. “Processos eleitorais se alongam e prejudicam a administração”, sentenciou.
A comemoração não ficou sem resposta. A deputada Angela Albino destacou que o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) já cassou um “prefeito itinerante” que também tinha uma liberação de candidatura obtida em consulta ao TRE. “Uma consulta ao TRE não pode se sobrepor à Constituição”, enfatizou. A parlamentar também defendeu o apelo ao Judiciário quando um candidato se sentir prejudicado por atos que considere nocivos. “Quando o deputado Décio Góes (PT) foi cassado na prefeitura de Criciúma, o PMDB se beneficiou, como também se beneficia da cassação de diversos governadores pelo país. Quando é a favor do partido é justa a ação, quando é contra é anti-democrática”, questionou a deputada.
Angela, antes de deixar a tribuna, provocou a bancada peemedebista ao afirmar que o prefeito Dário é candidato ao governo do Estado, mas não sabe por qual partido. “Ele já esteve em tantos”. (Rodrigo Viegas/Divulgação Alesc)