Ateliê restaura obras sacras de Garopaba, São Miguel e da Capital
O Ateliê de Conservação e Restauração de Bens Móveis do Estado (Atecor), que funciona no Centro Integrado de Cultura (CIC), na Capital, atualmente trabalha na restauração de imagens e pinturas sacras das igrejas São Joaquim, de Garopaba; São Miguel Arcanjo, de São Miguel, em Biguaçu; e de Nossa Senhora das Necessidades, de Santo Antonio de Lisboa, em Florianópolis. As obras estão em fase adiantada de restauração, conforme verificou a reportagem da Agência AL, que visitou o ateliê na tarde desta quinta-feira (20).
Da bicentenária igreja de Garopaba, os restauradores trabalham em uma imagem de Nossa Senhora das Dores. Segundo Marcelino Correia, restaurador e conservador do Atecor, trata-se de uma imagem de cerca de 1 metro de altura, de cedro vermelho, produzida entre os anos de 1875 e 1880. “Foi feita por um mestre baiano e pintada no Rio de Janeiro. Atrás da imagem tem uma etiqueta da Loja “A Minerva”, que entre outros objetos vendia peças sacras”, explicou Marcelino.
Da igreja da antiga comunidade de São Miguel, que deu origem ao município de Biguaçu, está sendo restaurada uma pintura de cerca de 2 metros de altura retratando a Sagrada Família. “O autor é desconhecido, mas a obra é do século XIX”, informou Marcelo Amaral, acrescentando que foi preciso mudar o chassi (estrutura de madeira que suporta a pintura) e utilizar uma massa específica para restauração. “A parte do nivelamento está concluída, estamos agora na reintegração, recolocando a parte de tinta”, esclareceu o restaurador do Atecor.
Já da igreja da comunidade de Santo Antonio de Lisboa, localizada no norte da Ilha de Santa Catarina, os técnicos trabalham em uma imagem de cerâmica de São Sebastião. “Temos muitas obras esperando na fila para restauração”, informou Marcelino Correia, que admitiu que a equipe é reduzida, somente três restauradores. “A demanda é muito grande, têm muitas obras na fila”.
Além das atividades de restauro, a equipe técnica do Atecor dá apoio e assessoria na área de conservação para museus e entidades afins em todo estado. E todos os anos o Atecor oferece um curso de capacitação para conservadores. O edital tem lançamento previsto para o segundo semestre, será publicado na página web da Fundação Catarinense de Cultura (FCC) http://www.fcc.sc.gov.br//paginas/922/editais, com oferta de dez vagas.
Metodologia italiana
As restaurações feitas no ateliê seguem a metodologia do italiano Cesare Brandi. De acordo com Brandi, o leigo precisa perceber os locais que foram restaurados. É a regra da distinguibilidade, ou seja, a ação do restaurador deve ser diferente do trabalho do artista. Em seguida vem a regra da reversibilidade, isto é, a possibilidade de reverter a intervenção do restaurador.
Brandi também defende a compatibilidade dos materiais usados no restauro com aqueles que compõem a obra. E por último, a ideia de intervir o mínimo possível na obra em restauração.
Situação preocupante
A reportagem da Agência AL questionou os técnicos do Atecor sobre a situação do patrimônio histórico abrigado nas igrejas centenárias do estado. O quadro é preocupante. No caso de uma Igreja de Porto Belo, todas as imagens de madeira foram vandalizadas e queimadas sobre o altar. “As igrejas restauradas recentemente, como a de São José, têm sistema de segurança”, afirmou Marcelino Correia, que reconheceu que dezenas de outras não dispõem de dispositivos antifurto.
Agência AL