Assembleia sedia exposição sobre os 90 anos do clássico Figueirense x Avaí
A história de rivalidade entre os dois principais clubes de futebol de Florianópolis, Figueirense e Avaí, está retratada na exposição fotográfica "90 anos do maior clássico", montada na Galeria de Arte Ernesto Meyer Filho, da Assembleia Legislativa. A mostra, organizada pelo jornalista esportivo Polidoro Júnior, fica aberta à visitação pública até o dia 27 de fevereiro (sexta-feira), no hall do Palácio Barriga Verde.
A exposição foi inspirada no livro "Figueirense x Avaí: 90 anos do maior clássico", lançado em dezembro do ano passado. Contempla imagens de personagens e jogos históricos dos confrontos entre o "Furacão do Estreito" e o "Leão da Ilha". Segundo Polidoro Júnior, a mostra deve percorrer a rede de ensino particular e pública de Santa Catarina.
Nove décadas de história
Dividida em cinco capítulos, a obra literária traz fotografias exclusivas, relatos de jogos inesquecíveis, títulos e polêmicas, com depoimentos de grandes personagens dos duelos. É baseada nas histórias dos jogadores, dirigentes e torcedores dos dois times. "Eles falam sobre os sentimentos que envolvem participar de um clássico. Porque o futebol é uma paixão e o clássico o seu apogeu", destacou o jornalista.
De acordo com o autor do livro, não é possível apostar em uma estatística definitiva ou oficial, mas uma das mais utilizadas mostra que são 407 clássicos disputados em 90 anos, de amistosos a partidas na série A. Foram 143 vitórias do Figueirense, 138 do Avaí e 126 empates. "Não podemos afirmar ao certo quantos jogos tivemos, quem marcou o milésimo gol e nem quem fez o primeiro", comentou Polidoro.
O primeiro clássico foi disputado em 13 de abril de 1924, com vitória do Figueirense por 4 a 3. A curiosidade é que a partida não terminou porque o time do Avaí abandonou o campo faltando poucos minutos para terminar o tempo regulamentar.
Um dos episódios mais inusitados das nove décadas de confronto é o "Clássico da Vergonha". O jogo realizado no dia 31 de março de 1971, no Estádio Adolpho Konder, ficou marcado pela expulsão dos 22 jogadores, por decisão do árbitro Gilberto Nahas, após uma briga generalizada. "Nahas era da Marinha. O almirante estava no estádio e ordenou que ele recomeçasse o jogo. Nahas disse que não e, ao se apresentar no dia seguinte, ficou preso por três dias por desobediência", contou Polidoro Júnior.
Visitantes ilustres
A exposição foi prestigiada por dois atletas que tiveram participações marcantes na história de rivalidade entre Figueirense e Avaí: Balduíno e Genilson "Genial".
Considerado um dos maiores craques de sua época, "Badu" foi o jogador que mais vezes disputou o clássico, com 75 atuações, sendo 39 pelo "Leão da Ilha" e 36 pelo "Furacão do Estreito". "É difícil descrever o que é participar de um clássico. É tão rico, tão lindo, uma satisfação, uma emoção verdadeira", disse.
Em 12 anos de carreira profissional, o camisa oito defendeu cada clube por cerca de seis anos, com passagens pelo Joinville e Grêmio (RS). Disputou o primeiro clássico pelo Avaí em 3 de setembro de 1972. No dia 9 de dezembro de 1984, jogou a última partida pelo Figueirense.
"Abandonei o futebol aos 32 anos, no auge da minha carreira profissional, porque não aguentava mais ser culpado pelas derrotas e responsável pelas vitórias. Joguei num tempo em que a gente adorava o time que defendia."
Professor de Educação Física aposentado pela Universidade do Estado de Santa Catarina (Udesc), Balduíno ficou emocionado ao recordar grandes momentos dos clássicos. "Estou arrepiado. Fico muito satisfeito e feliz. Tudo que sou e tenho eu devo ao futebol."
O eterno ídolo alvinegro Genilson "Genial" também ficou sensibilizado pelo reconhecimento. "É um privilégio, uma grande satisfação poder participar dessa história. Os clássicos são jogos diferentes, sempre encarei assim."
O clássico inesquecível de Genilson foi a decisão do título estadual de 1999, no Estádio Orlando Scarpelli. "Na época, foi tratado como o clássico do século. Perdemos o primeiro jogo na Ressacada e precisávamos vencer em casa. Deu tudo certo naquela final, fiz os dois gols, saímos campeões e fui artilheiro do campeonato. Foi um jogo épico que até hoje é lembrado pelos torcedores."
Celebrado como um dos cinco maiores artilheiros do Figueirense, com 53 gols em 107 jogos, Genilson continua ligado ao clube, trabalhando no setor de marketing e relações públicas.
Pronunciamento no plenário
O jornalista Polidoro Júnior deve fazer um pronunciamento na tribuna durante a sessão ordinária de 26 de fevereiro (quinta-feira). Na ocasião, pretende entregar um exemplar da obra "Figueirense x Avaí: 90 anos do maior clássico" para cada deputado.
O livro conta com o patrocínio da Assembleia Legislativa de Santa Catarina; do governo estadual, por meio da Secretaria de Estado de Turismo, Cultura e Esporte; da Prefeitura de Florianópolis, por meio da Lei Municipal de Incentivo à Cultura, e da Prosul.
Com 35 anos de carreira, Polidoro Júnior já atuou como repórter, apresentador e comentarista esportivo, com passagens por várias emissoras de televisão e rádio. Estreou em 1979 no programa de rádio "A Hora do Despertador", incentivado pelo pai, Dakir Polidoro.
É autor dos livros "Futebol, o jogo da memória: um estádio no coração da cidade" (2012), sobre o estádio Adolpho Konder, e "Um Jogo Inesquecível" (2013), que conta a história do único amistoso do Rei Pelé em Florianópolis, com vitória do Santos diante do Avaí por 2 a 1.
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