Alesc sedia exposição Floripa em 3x4, de Radilson Carlos Gomes
Monóculos fotográficos dependurados, câmera lambe-lambe e fotos integram a exposição aberta nesta terça-feira (21), que pode ser apreciada até 15 de julho na Galeria de Arte Ernesto Meyer Filho, denominada Floripa em 3x4, do comunicador e professor de fotografia, Radilson Carlos Gomes. A mostra reúne imagens de mil anônimos e personalidades da cidade, que representam a identidade da Capital catarinense.
Neste recorte, um quarto dos olhos que nos olham nasceu em Florianópolis, 28% vêm de outras cidades catarinenses, 40% de outras cidades brasileiras e 7% de outros países, explica o artista. “Florianópolis não é açoriana, africana, alemã, grega ou italiana; privilegiada ou modesta; tradicional ou alternativa.” O rosto que a representa é o dessa mistura típica das cidades contemporâneas, em constante transformação. E é por entre mosaicos de identidades individuais que Radilson compõe um grande retrato da cidade.
Esse recorte com mais de mil rostos anônimos revela a diversidade étnica e cultural de quem passa, vive e constrói a identidade de Florianópolis, reforça o fotógrafo. Para o projeto, contemplado com o prêmio Elisabete Anderle, Radilson utilizou três câmeras lambe-lambes, uma de 1915 com formato de filme 9x13cm, outra de 1969 com formato 6x9cm, ambas restauradas pelo fotógrafo, e uma construída por ele no formato 13x18cm. Os negativos são, portanto, maiores que os positivos em 3x4cm, permitindo igualmente qualidade nas ampliações maiores. Mesmo assim, o formato 3x4, típico das carteiras de identificação, permanece presente.
Ele lembra que a primeira fase do projeto foi realizada em 2004, em Brasília, sua terra natal. “A intenção é desenvolver esse projeto nas demais capitais. É dar voz aos anônimos que fazem as cidades. A identidade de uma população.” O trabalho apresentado nesta exposição foi desenvolvido durante um ano, entre 2018 e 2019, quando Radilson aproveitava os finais de semana e feriados para visitar os pontos turísticos de Florianópolis e retratava a população.
A máquina lambe-lambe surgiu no começo do século 20 no Brasil com o fotógrafo Francisco Bernardi, que queria criar um estúdio portátil, carregando num caixote tudo que fosse necessário à produção instantânea das fotos. O equipamento se popularizou no Brasil, principalmente no início da década de 40 com a criação da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), em 1º de maio de 1943, quando a fotografia da carteira de trabalho e das identidades de boa parte da população era registrada com estas máquinas. Já os monóculos fotográficos surgiram no Brasil na década de 1920 e foram muito utilizados até a década de 1970.
Radilson Gomes é formado em História e especialista em Comunicação e Saúde. Começou sua carreira como fotógrafo em 1986, em Brasília. Realizou documentários fotográficos de Saúde Pública pelo Ministério da Saúde. Atualmente é professor de Fotografia em Florianópolis.