Alesc sedia 4º Seminário de Saúde e Prevenção de Deficiências

De acordo com a Organização Mundial de Saúde, cerca de 70% das deficiências em crianças recém-nascidas poderiam ser evitadas caso fossem tomados os cuidados adequados durante os períodos de gestação e parto. Com base nesta premissa, a Federação Catarinense das Apaes de Santa Catarina (Feapaes-SC), em parceria com a Comissão de Defesa dos Direitos da Pessoa com Deficiência, promove, nesta quinta-feira (25), na Assembleia Legislativa, um seminário dedicado inteiramente à discussão do tema.

O evento, que já está em sua quarta edição, tem por objetivo discutir aspectos ligados aos períodos pré e pós-concepção, bem como capacitar profissionais das áreas da saúde, educação e assistência social, conforme destacou o presidente da Comissão, deputado José Nei Ascari (PSD).  “A prevenção salva vidas, melhora a qualidade de vida das pessoas e isso está muito ligado à propagação de conhecimentos, e é por isso que estamos novamente realizando este seminário.”

A programação, que se estende durante toda a manhã e também ao período da tarde, inclui palestras com especialistas das áreas de genética e pediatria e gestores públicos encarregados das ações de prevenção às deficiências no estado.

Logo na abertura do seminário, foram premiados os destaques de 2016 do programa Prevenir, voltado à conscientização sobre a importância da adoção de hábitos saudáveis no pré e pós-parto. Na categoria instituições, o primeiro lugar ficou com a Apae de Guaramirim, seguida pela de Indaial e a de Içara.

Já entre as personalidades, foram homenageados Elizete Braz de Oliveira Stasiak (diretora da Apae de Irineópolis, no Planalto Norte); Cristiane da Campora (coordenadora de saúde e prevenção de deficiências da Região Carbonífera); Patrícia dos Santos Osika  (coordenadora técnica estadual) e Lucila Micheluzzi (coordenadora estadual de saúde e prevenção de deficiências).

Ainda durante a manhã, houve o lançamento do aplicativo do programa Prevenir para telefone celular. “Hoje, para nossa alegria, também aqui na Alesc, estamos lançando um aplicativo para celular que permitirá passar informações às gestantes e os pais, sobre como evitar que a criança nasça com deficiência intelectual”, disse na ocasião o presidente da Feapaes-SC, Júlio Cesar de Aguiar.

Epidemia de deficiência
De acordo com o médico geneticista e professor João Monteiro de Pina Neto, um dos palestrantes do seminário, o Brasil vive atualmente uma epidemia de pessoas com deficiência intelectual. Para o especialista, que trabalha há mais de quatro décadas no diagnóstico de pessoas com deficiência, o problema está relacionado, basicamente, à falta de incentivo às ações de prevenção. “Neste período, a mortalidade infantil baixou bastante, chegando a um nível similar ao dos países desenvolvidos. Os cuidados com as gestantes no pré-natal e assistência ao parto, entretanto, não evoluíram da mesma forma e chegamos a uma situação no país que pode ser caracterizada como uma epidemia de deficiência intelectual.”

Para Neto, diversos fatores contribuem para isso, entre os quais citou a idade avançada com que mulheres e homens atualmente estão tendo filhos, falta de pré-natal e de assistência no nascimento da criança, bem como falhas médicas na escolha da modalidade do parto. “É alarmante a quantidade de crianças que deveriam ter nascido sem problemas e acabam lesadas durante o parto por conta de condutas incorretas. A indicação desnecessária de cesarianas muitas vezes acarreta nascimentos de prematuros por erros de datação. Também ocorre forçarem partos normais quando o mais indicado seriam cesarianas, promovendo processos prolongados e traumáticos, que acabam lesando o bebê, algumas vezes de forma grave, ocasionando, por exemplo, paralisias cerebrais.”

Outros fatores proeminentes para a ocorrência de deficiências nos bebês, disse, são infecções não diagnosticadas e o próprio estilo de vida de vida dos pais. “Há muita infecção congênita não diagnosticada, como toxoplasmose que na nossa região é a principal, mas que tem tratamento e não lesaria a criança. Sabemos também que em 30% dos casos de deficiência estão relacionados ao consumo de álcool e fumo pelas mães em nível nocivo. Calcula-se que nasça um deficiente em cada 100 somente devido ao uso do álcool.”

Ações no estado
Em Santa Catarina, declara Júlio Cesar de Aguiar, a Feapaes tem desenvolvido, em parceria com as suas 198 instituições associadas, um trabalho permanente de prevenção às deficiências, por meio do programa Prevenir, atingindo cerca de 90% dos municípios catarinenses.

A estratégia adotada no programa leva em conta principalmente a conscientização de futuros pais e mães sobre os cuidados básicos com a própria saúde, tais como evitar fumo, álcool e drogas e realizar consultas e exames médicos no período anterior à concepção do bebê e também durante a gravidez.

Outro ponto focado é a importância do pré-natal e o acompanhamento do desenvolvimento da criança após o nascimento. “Estamos conseguindo resultados fantásticos. Posso afirmar, com certeza, que estamos prevenindo que cerca de 500 crianças por ano nasçam com deficiência intelectual no estado graças a este esforço das Apaes e dos seus funcionários.”

Programação

8h – abertura

9h15 – Palestra “Agentes Teratogênicos”, com a médica geneticista Louise Lapagesse de Camargo Pinto.

10h15 – Palestra “Pré-concepcional / Sífilis / Toxoplasmose”, com a médica pediátrica Luana Dalla Rosa;

11h15 – Palestra “Alterações / Cartilha Prevenir”; com a coordenadora estadual de saúde e prevenção de deficiências, Lucila Micheluzzi;

Apresentação e lançamento de um aplicativo para celular do programa Prevenir;

12h40 –Aapresentação do relatório vencedor de 2016, da Apae de Guaramirim;

13h – Almoço;

14h – Palestra “Ações que o SUS Desenvolve na Prevenção de Deficiências”, com representante da Secretaria de Estado da Saúde;

15h – Palestra “Diagnóstico...? Qual a realidade de nossas Apaes”, com o médico geneticista e professor João Monteiro de Pina Neto;

16h30 – Avaliação do Seminário / coffee break