Alesc debate tema da Campanha da Fraternidade sobre a Fome
Os índices assustadores da fome no Brasil levaram a CNBB – Comissão Nacional dos Bispos do Brasil a tratar, mais uma vez, sobre o tema. Na Assembleia Legislativa, por proposição do deputado Padre Pedro Baldissera (PT), com o apoio da Comissão de Direitos Humanos foi realizada uma audiência pública para debater o problema da fome no estado.
Conforme Padre Pedro, a audiência é uma forma coletiva, com lideranças, movimentos sociais, organizações e instituições para refletir e apontar algumas ferramentas de auxílio ao enfrentamento da fome no estado e no país. “Em todo o mundo, hoje, infelizmente, a fome se torna um escândalo para a sociedade e para todos os setores aos quais nós nos relacionamos, convivemos. O Brasil produz dez vezes mais alimento do que o número de sua população e nós temos 33 milhões de pessoas passando fome. Isso é um escândalo que nos coloca desafios. Precisamos de um projeto coletivo de enfrentamento desta triste realidade.”
Segundo dados divulgados pelo Núcleo de Estudos de Economia Catarinense, existem no estado cerca de 900 mil pessoas em situação de insegurança alimentar moderada ou grave. “Fome grave é quando você não tem nada de alimentos para comer. Isso fica em torno de 300 mil pessoas em Santa Catarina, e moderada é quando você tem algum tipo de alimento, que não é suficiente nutricionalmente e não tem todos os dias. Então, a fome é classificada por esses dois parâmetros pelos nutricionistas. Quando a pessoa tem basicamente uma refeição no dia, ela não atinge adequadamente as 2.700 calorias que a ONU – Organização das Nações Unidas considera como necessárias”, informou o coordenador do Núcleo de Estudos de Economia Catarinense, Lauro Mattei.
O tema da fome está sendo colocado em debate pela terceira vez pela CNBB. Esse ano, o objetivo é incentivar a partilha de alimentos e a criação de ações solidárias por parte da sociedade. “Não basta somente a Igreja, não basta somente a organização, mas nós iremos solucionar esta problemática a partir do abraçar juntos, do assumir juntos esse compromisso, que é um compromisso de todos, não apenas da Igreja. Todos nós, enquanto sociedade, somos responsáveis por essa situação gritante, alarmante”, refletiu o padre Antônio Madeira, secretário executivo da CNBB em Santa Catarina.
A secretária adjunta de Desenvolvimento Social de Santa Catarina, Maria Helena Zimmermann, falou sobre as ações de combate à fome pelo governo do Estado. “Queremos, agora, aumentar o número de conselhos municipais de segurança alimentar. Dos 295 municípios no estado, apenas oito têm o conselho, que é a política pública voltada para essa finalidade. Precisamos potencializar os municípios, porque teremos recursos do governo do Estado e do governo Federal para levar alimento a quem não tem, mas para isso precisamos fazer com que o município tenha o conselho da segurança alimentar criado. Então, nós estamos fazendo um checklist, um agendamento de reuniões virtuais com os municípios. Temos 105 municípios abaixo de 5 mil habitantes e é, principalmente nessas comunidades, que falta a criação dessa visão de política pública, de onde podem buscar o recurso. Como o governo nós temos recurso”, finaliza.
Agência AL