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Publicado em 14/10/2022

Um social-democrata na essência em toda sua carreira política

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A jornalista e socióloga Maria Isabel Régis lembra que o pai chegou a ser tachado de comunista, por discordar de ações do regime militar

A jornalista e socióloga Maria Isabel Régis faz uma análise política e social da vida do pai, o ex-deputado Osni Régis, que militou pelo antigo PSD e depois pela Arena, mas sempre com uma visão critica ao governo militar. “Ele era do PSD, desde os anos 40, era realmente um verdadeiro social-democrata até o final da vida, defendia a social-democracia em sua essência, desde em termos econômicos como políticos.”

Formada em jornalismo pela Cásper Líbero, tendo atuado na imprensa nacional na cobertura política, Maria Isabel diz que o pai teve uma vida intensa. “Foi um intelectual, extremamente estudioso e que mergulhava profundamente em todos os assuntos e trabalho que fez. Sempre se dedicou a estudar para se posicionar com propriedade no que ele fazia e dizia.”

Em 1965, quando foram extintos os partidos e criado artificialmente o bipartidarismo (Arena e PMDB), o ex-deputado ingressou na Arena e ela faz avaliação de que isso ocorreu devido à maioria do PSD catarinense ter aderido à sigla. “O meu pai tinha sido um dos que indicou Ivo Silveira como candidato do PSD ao governo do Estado. Ele sentiu que não poderia ingressar no MDB e ficar fazendo oposição a um correligionário que ele mesmo tinha indicado.”

De acordo com ela, na época ainda era possível a existência de uma relativa oposição dentro da Arena. “Ele se alinhava com o que na época se chamava de Arena Rebelde. Que eram aqueles que tinham entrado na Arena por questões regionais, por certas lealdades regionais, mas que não apoiavam o regime militar.”

O ex-deputado permaneceu na Arena até 1970, quando houve eleições. “O pai estava muito descontente com a redução do papel parlamentar durante a ditadura militar. Neste período cresceu muito a força do Executivo. O Parlamento estava muito cerceado e isso frustrava o meu pai.”

Osni Régis, no plenário da Câmara dos Deputados, em BrasíliaMaria Isabel conta que na época o seu pai estava querendo sair da política, mas como ainda estava muito ligado aos companheiros do antigo PSD, então foi candidato pela Arena a deputado federal. “Eu perguntava ao pai, o senhor era contra o regime, como o senhor fez a sua campanha eleitoral em 1970? Ele dizia que fazia discursos explicando o que era democracia para que as pessoas tirassem suas conclusões, se a gente vivia ou não num regime democrático. Realmente, para o eleitorado ficava uma situação confusa, era pouco compreensível.”

Ela diz que o pai considerava que o Parlamento, apesar de todo o cerceamento existente na época, era um canal de ressonância, de críticas, de posicionamentos. A jornalista, que depois se formou em Ciências Sociais e foi professora da UFSC, relata ainda que na Câmara dos Deputados, Osni Régis se destacou por ter votado contra o envio de tropas brasileiras a São Domingos. Por haver declarado que votaria contra a cassação do mandato do deputado Márcio Moreira Alves, foi destituído da Comissão de Justiça. Tomou posição contrária a organizações estranhas como o Instituto Brasileiro de Ação Democrática (Ibad). “Marcado, então, como esquerdista, prejudicou-se politicamente.”

O deputado Osni Régis, apesar de ser homem de partido, pôde ser livre para colocar-se acima dos interesses partidários toda vez que sentiu necessidade de optar pelo bem comum e pela sua própria consciência. Há fatos de sua vida parlamentar que confirmam o que foi dito, avalia. Maria Isabel se lembra que em 1962 seu pai foi um dos únicos deputados eleitos dentre os candidatos do PSD e da UDN de Santa Catarina que não foi apoiado pelo Ibad, que publicou uma lista de candidatos recomendados.

“Quanto ao meu pai, o Ibad difundiu o boato de que ele seria comunista. Eu me lembro nessa época, na saída da missa, que várias pessoas vinham conversar com minha mãe, perguntando se ele era mesmo comunista. A ideia principal que se difundia do comunista é que ele fechava as igrejas e que cercearia a liberdade religiosa. Minha mãe respondia com firmeza que não.”

Osni Régis viveu o suficiente para testemunhar o fim do regime militar e para acompanhar a luta pela redemocratização do Brasil. “Ele era um homem muito otimista, achava que o melhor de cada sistema prevaleceria”, diz Maria Isabel.

O ex-deputado chegou a acompanhar a queda do Muro de Berlim e a expansão do neoliberalismo na virada dos anos 1980 para os de 1990, o que iria contra tudo o que imaginara. Ele era um crítico do sistema econômico liberal, mas defendia a propriedade, especialmente a pequena e a média. No bloco soviético, incomodava-o a falta de democracia: criticava o totalitarismo stalinista.

“Ele achava que o mundo caminharia para um ponto de convergência, que os países capitalistas tenderiam a adotar cada vez mais políticas de Estado para corrigir desigualdades, com intervenção do estado na economia, em áreas estratégicas e ações redistributivas, enquanto os países do bloco socialista tenderiam a admitir formas de propriedade.”

Osni Régis começou a vida política como prefeito de Lages (1951-1954) e, após esse período, exerceu quatro mandatos como deputado: dois estaduais e dois federais:

  • 1955-1959: Alesc
  • 1959-1963: Alesc
  • 1963-1967: Câmara
  • 1967-1970: Câmara
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