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Publicado em 08/09/2022

Um documentário sobre o período da clandestinidade

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Iur Gomes produziu documentário sobre Paulo Stuart Wright; para ele, o ex-deputado catarinense foi levado para Recife, logo após ser preso

O documentarista Iur Gomes, em 2005, lançou um vídeo denominado “Paulo Companheiro João”, que é veiculado pela TV Cultura de São Paulo e pode ser encontrado no Youtube (assista ao documentário abaixo), relatando o período da clandestinidade de Paulo Stuart Wright.

“A ideia era um vídeo de como os cidadãos envolvidos sofriam na clandestinidade. Chego ao Paulo Stuart depois de um documentário sobre o golpe de 1964. Ele não é só um deputado estadual cassado, era um personagem que instigava, causava incomodo no Parlamento catarinense.”

De acordo com Iur, há testemunhos de que Paulo Stuart estava mexendo com uma estrutura  financeira consolidada na política, principalmente entre os pescadores e o comércio. “As pessoas tinham interesse em afastar ele, o acusavam de comunista. Todas estas pesquisas, o que me interessou mesmo para o documentário foi o período em que ele foi afastado até desaparecer.”

O documentarista Iur GomesO documentarista conta que durante as filmagens, depois que conversou com antigos membros da Ação Popular, foram surgindo informações para o documentário. “Nos primeiros contatos, as informações era quase formais, onde viveram, algo que numa pesquisa seria fácil levantar, mas no avançar nas conversas, fiquei sabendo o que eles faziam na clandestinidade, conversei com alguém que dividiu a casa com ele em São Paulo. O Paulo Stuart vivia na clandestinidade, pois era um deputado cassado e procurado, já os demais, como era política da AP, trabalhavam como operários, para se inserir na classe trabalhadora, para fazer a revolução a partir da classe operária. O Paulo viajava muito, era um dos líderes da AP e fazia os contatos e reuniões por todo o pais, principalmente no Nordeste.”

Conforme os levantamentos feitos por Iur, Paulo Stuart acabou se afastando dos líderes da AP. “Ele recuava da ideia da revolução armada, apesar de ter feitos cursos em Cuba e na China. Defendia redemocratização. Ele defendia que o Brasil era um país continental e diferente de Cuba, que é uma ilha, um ambiente menor e fácil de ser conquistado. Para o Paulo, o Brasil tinha diversidade, a liga camponesa do Nordeste não teve influencia no Sul, e a relação dos camponeses no Sul não tem nada haver com o Nordeste.”

Iur conta que depois do documentário concluído, surgiram novas informações. “O Paulo Stuart atuava em algumas operações de enfrentamento da ditadura, mas logo parte da direção da AP, migra para Partido Comunista e para o MR-8, mas ele permanece no AP, defendendo a redemocratização. Outros viajam para China para serem treinados para esse enfrentamento. Era um período extremamente organizado por parte dos clandestinos”.

Quando Paulo Stuart desaparece, numa operação ainda nebulosa, o irmão dele, o pastor presbiteriano Jaime Wright, que mantinha distância das questões políticas, se engaja e se une a dom Paulo Evaristo. “O Paulo Stuart desaparece, mas o Jaime entra na história do Brasil. O Paulo nunca foi encontrado. Quando estive em Recife, ouvi informações que ele participou de troca de tiros na região. Na época, um coveiro fez um relato, quando vivo ainda, que um dos três mortos, era um branco e dava descrição do Paulo. Só que o ossário sumiu. O que resta para nós é o papel dele, revelando o regime totalitário, maior de qualquer civilidade, o ‘Brasil: Nunca Mais’ para responder esse regime. Foi toda uma violência instalada.”

Para Iur, uma das questões difíceis de levantar para o documentário foi sobre a captura de Paulo Stuart. “Ele nunca apareceu em nenhuma prisão. Na época era para ele se encontrar com um companheiro. O militante que sai com Paulo é preso e ele continua no vagão e desaparece. Um estudante teria faltado ao encontro, suspeitam que ele pode ter feito a denúncia. O estudante, depois se descobre que era noivo de uma filha de um general. Suspeitas nunca confirmadas.”

Iur diz que tentou buscar o eixo da história da captura do Paulo Stuart, mas era uma época de muitas desinformações. “Em Santa Catarina, neste período, surgiu a suspeita de que Paulo Stuart seria um agente da CIA, o que deixava esse pessoal da esquerda e da AP irritados. Foi um período de muita desinformação desta calunias. Essa suspeita era porque ele tinha cidadania americana, que ele acabou renunciando quando eleito deputado.”

Na avaliação do documentarista, Paulo Stuart assim que foi capturado foi levado para Recife, como forma de tirar do “radar” o irmão, o pastor Jaime, que era uma figura influente e que conseguiu apoio do consulado americano para localizar o irmão. “Acredito nesta versão, pelas evidencias que recebi.”

 

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