Assembleia Legislativa do Estado de Santa Catarina Agência AL

Facebook Flickr Twitter Youtube Instagram

Pesquisar

+ Filtros de busca

 

Revista Digital

Cadastro

Mantenha-se informado. Faça aqui o seu cadastro.

Whatsapp

Cadastre-se para receber notícias da Assembleia Legislativa no seu celular.

Aumentar Fonte / Diminuir Fonte
Publicado em 19/09/2022

Taipeiro, uma profissão em extinção

Imprimir Enviar
Silvio Gabriel Xavier é um dos poucos taipeiros da Coxilha Rica que ainda segue a profissão

Uma das características da Coxilha Rica são os mais de 100 quilômetros de corredores de taipa (muros de pedras), que serviam como limite para o gado, evitando assim a sua dispersão ao longo da rota. Resquício cultural de uma região que apresenta constantes transformações, como a iminente extinção da profissão de taipeiro. A construção das taipas configura-se uma técnica simples e de baixo custo, empregando trabalho de agregado e, no século 19 também dos escravos. Mas agora são poucos os que ainda preservam as técnicas para realização do serviço.

O taipeiro Silvio Gabriel Xavier, 59 anos, que nasceu e se criou na comunidade de São Jorge, na Coxilha Rica, nunca saiu deste local, onde vivem cerca de dez famílias. Dos 17 irmãos, somente dois seguiram a profissão que era do seu pai, mas apenas ele continua, já que o irmão se aposentou.

“Para ser um bom taipeiro tem que esmagar os dedos. Iniciei aos 19 anos, mas sempre ajudei meu pai na construção das taipas”, destaca. Ele explica que as taipas são formadas por muros de fragmento de rochas empilhados que servem de limites para o gado, evitando a sua dispersão ao longo do trajeto que eram conduzidos pelos tropeiros. O chamado Caminho das Tropas, Estrada das Tropas ou Caminho do Sul foi uma antiga via terrestre de ligação do Rio Grande do Sul com a Capitania de São Paulo durante o período do Brasil Colônia.
 
Na região, o mais bem conservado corredor de tropas inicia junto à Ponte do Rio Pelotinhas, na rodovia SC-390, e se estende por três quilômetros até a fazenda Bela Vista. Este corredor de tropas data possivelmente da segunda metade do século 19, tendo sido erguido por trabalhadores escravizados nas fazendas da região. “Para fazer as taipas, tem que saber escolher as pedras. As redondas são descartadas e a de cima é chamada de travessão, a que segura o muro. E as pequenas fazem a armação”, explica Xavier.

As taipas podem ter até quatro metros de altura e o seu preço para construção varia entre R$ 150 o metro cúbico no campo a R$ 250 o metro cúbico nas mangueiras. “Tenho orgulho de ser taipeiro, mas hoje os jovens não querem aprender essa profissão. Usamos várias marretas para aparar as pedras. Uma das marretas que uso pesa oito quilos”, detalha. O transporte das pedras para construção das taipas era feito com a zorra, uma espécie de forquilha sobre a qual as pedras eram levadas de arrasto, por bois, mulas ou cavalos.

De acordo com Silvio, a melhor época do ano para construir as taipas é no inverno, que apesar do frio, garante um maior rendimento do trabalho. “No verão é muito calor.” Na avaliação de lideranças da região da Coxilha Rica, a técnica de construir apenas por empilhamento de pedras irregulares, sem qualquer tipo de argamassa, e de forma a dar às taipas uma duração mais do que centenária, além de uma regularidade de valor estético relevante, atesta a existência de mãos hábeis nessa tarefa, o que, por sua vez, costuma ser resultado de uma tradição conservada e transmitida por gerações.

Voltar