No Haiti, a aposentadoria dos pais são os filhos
Voluntário na pastoral do migrante da Igreja Católica em Chapecó, Nahum Saint Julien também chegou à região em 2013. Ele afirma que a maioria dos imigrantes da região sofre por não conseguir estudar e enfrenta dificuldades para se manter e, ao mesmo tempo, enviar dinheiro para seus parentes no Haiti.
Ajudar a família é o principal objetivo dos haitianos ao migrarem de seu país. “No nosso país não existe a aposentadoria como aqui. A aposentadoria dos nossos pais são os filhos mais velhos, que devem trabalhar e conseguir dinheiro para manter os pais e os irmãos mais novos.”
Hoje morando com a esposa e a filha em Chapecó, Julien é um dos poucos que conseguiu estudar na universidade local, mas ainda sofre com o salário reduzido, apesar de atuar como uma referência para seus conterrâneos na cidade. “Cheguei a trabalhar na prefeitura, só que agora atuo apenas como voluntário na igreja.”
Conforme Julien, em Chapecó há imigrantes de 37 nacionalidades e existe a expectativa de que essa população aumente nos próximos meses, apesar de muitos estarem deixando o Brasil para tentar chegar aos Estados Unidos.
“Como há falta de reconhecimento aqui do trabalho e pessoal dos imigrantes, muitos estão indo para os Estados Unidos, só que estão morrendo pelo caminho. É uma aventura sem segurança alguma neste caminho ilegal”, observa Julien. Ele salienta que o imigrante é uma pessoa que tem sonhos, não trabalha apenas para comer pão e tomar água. “Sonhamos com a estabilidade com o nosso trabalho.”