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Publicado em 30/03/2016

Na fosfoetanolamina, a esperança para Fátima e Naiane

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Fátima e a filha: fosfoetanolamina lhe devolveu a qualidade de vida

A economista Fátima Frederico, 37 anos, e a cabeleireira Nayane Françozi, 35, têm um objetivo comum a todas as mães: ver seus filhos crescerem, casarem-se, terem filhos. O diagnóstico do câncer, no entanto, ameaçou interromper a ordem natural das coisas. Foi na fosfoetanolamina que elas recuperaram a esperança de visualizar o futuro com mais segurança.

As duas são exemplos de pacientes que recorreram à justiça para obter as pílulas junto ao Instituto de Química da Universidade de São Paulo (USP) em São Carlos (SP). Receberam lotes da substância e obtiveram melhoras expressivas na qualidade de vida depois que passaram a consumi-la. Agora, elas enfrentam a incerteza da garantia do fornecimento das cápsulas.

Fátima começou a sentir fortes cólicas intestinais em junho de 2012. Exames iniciais nada detectaram. “O médico me encaminhou para um psiquiatra. Para ele, era tudo coisa da minha cabeça”, disse. Ela mudou de médico e descobriu, em um exame mais detalhado, um tumor no intestino delgado. Em junho de 2013, fez a primeira cirurgia. Desde então, foram muitas sessões de quimioterapia. Mas a doença não recuava.

“Mesmo com a ‘quimio’, os tumores aumentaram. O médico mandou parar por dois meses com o tratamento e eles aumentaram mais ainda. Se espalharam para o útero, o baço e para partes da pelve”, conta Fátima.

Dúvidas
A economista ouviu falar da fosfoetanolamina, mas, inicialmente não deu importância ao tema por achar que se tratava de mais uma daquelas “soluções milagrosas que aparecem na internet”. Uma amiga, no entanto, começou a estudar sobre a substância e passou a convencê-la a experimentá-la. Sem que o médico e o marido soubessem, Fátima ingressou em novembro na Justiça e em dezembro passado recebeu um lote suficiente para três meses de tratamento.

“Para minha surpresa, em três ou quatro dias, eu senti uma melhora muito grande. Passei a me sentir mais disposta, com sono melhor. A qualidade de vida melhorou, dores que eu tinha passaram”, relata. Em janeiro, ela se submeteu a exame que apontou forte redução da atividade do tumor.

Fátima toma três pílulas de fostoetanolamina por dia, exceto nos dias em que se submete à quimioterapia. Mas as cápsulas estão acabando e ela se preocupa com o futuro. “Não tenho coragem nem de contar quantas ainda tenho”, confessa. “Quero continuar tomando a fosfoetanolamina. Quero ver minha filha crescer e é por ela que eu luto. Graças a Deus que eu tenho ela, do contrário eu não estaria com essa coragem, com esse ânimo de vê-la estudar, se casar, ter filhos.

Segurança
Naiane realizou em 2014 o sonho de ser mãe. Nove meses depois do nascimento da filha, em janeiro de 2015, descobriu que estava com câncer no colo do útero. “Não dava pra operar. Fiz quimioterapia, radioterapia. Tinha 85% de chances de cura”, lembra.

Em setembro passado, um novo exame detectou que o tumor havia voltado. Dessa vez, foi convencida pela irmã a procurar a fosfoetanolamina. Em setembro, entrou na Justiça e conseguiu as pílulas em novembro. “Comecei a tomar e não senti nenhum efeito colateral. Pelo contrário, tudo melhorou, fiquei mais disposta. As pessoas se impressionam quando me veem, quando veem a recuperação”, disse.

Um novo exame não detectou células cancerígenas durante a cirurgia que ela teve que fazer em dezembro. Os médicos acreditam que todo o material cancerígeno possa ter sido retirado durante a biópsia que confirmou o retorno da doença. Mas, para Naiane, tudo é resultado da fosfoetanolamina.

A exemplo de Fátima, a cabeleireira está preocupada com a possibilidade de não obter mais as pílulas. Ela tem decisão judicial favorável, no entanto não consegue os produtos junto à USP, devido à alta demanda. “É uma sensação de impotência e revolta. Todo mundo que precisa deveria ter o direito de usar.”

Recuperada, Naiane agora pode se dedicar a brincar com a filha. Durante o período mais agressivo do tratamento, ela não podia pegá-la no colo, apesar dos pedidos da menina. “Imagine, eu não podia fazer algo que é simples para toda a mãe! A dor que eu sentia não era tanto do tratamento, era do medo de não vê-la crescer. Hoje eu tenho a segurança de ter um remédio que me deixa bem para aguentar esse tranco.”

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