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Publicado em 18/11/2022

Galeria de Arte da Alesc homenageia o Embaixador de Marte na Terra

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A Galeria de Arte Ernesto Meyer Filho, fundada em novembro de 1999, localizada no hall da Assembleia Legislativa de Santa Catarina (Alesc), é uma das galerias catarinenses mais importantes e respeitadas da cena de arte contemporânea, moderna, clássica, entre outras, e se destaca por participar da construção e consolidação de carreiras de artistas catarinenses. O espaço homenageia um dos artistas mais conhecidos do estado, o primeiro artista plástico moderno de Santa Catarina que expôs, individualmente, em galerias profissionais e museus do Rio de Janeiro (Galeria Penguim, 1960), Belo Horizonte (Museu de Minas Gerais Pampulha, 1961) e São Paulo (Casa do Artista Plástico, 1963 e 1964).

Anualmente, artistas catarinenses e de outros estados participam do edital que seleciona as dez exposições que ocupam o espaço cultural da Alesc, normalmente lançado em dezembro pela Gerência Cultural da Casa. As obras selecionadas por meio do edital dividem o espaço com mostras institucionais convidadas durante o ano.

O acesso é gratuito e a Casa fica aberta de segunda à sexta-fera, sempre das 7 às 19 horas. O prédio que abriga a galeria é o principal polo da política catarinense, com a presença diária de políticos e visitantes de todo Estado, do Brasil e até do exterior.

Autoditada e cosmopolita
Ernesto Meyer Filho nasceu em Itajaí, no dia 4 de dezembro de 1919, e faleceu em Florianópolis, em 22 de junho de 1991. Conhecido por se considerar Embaixador de Marte, suas obras destacavam quintais, galos fantásticos e extraterrestres, os temas preferidos do artista, que buscava inspiração em Marte. Era filho da escritora Rachel Liberato Meyer, autora do livro (póstumo) “Uma menina de Itajaí”, e de Ernesto Meyer, que exerceu entre outras, a atividade de fazendeiro, exportador de arroz e banana, contador e representante comercial.

Meyer Filho foi autodidata nos estudos do desenho e da pintura, bem como nos da história da arte. Começou sua trajetória profissional como ilustrador e chargista de revistas e jornais.

Bacharel em Ciências Contábeis e funcionário aposentado do Banco do Brasil, participou como ilustrador do Movimento Revista Sul e foi um dos fundadores e presidente do Grupo de Artistas Plásticos de Florianópolis (GAPF), responsável pela organização dos dois primeiros salões de artes de Santa Catarina e pela primeira coletiva de artistas catarinenses fora do estado, em Curitiba.

Atuante dinamizador cultural de sua época, organizou em 1958/59 os dois primeiros salões de arte moderna de Santa Catarina, fora do estado. Meyer Filho foi, também, um dos maiores dinamizadores da arte moderna do Estado e sua história está intimamente relacionada com a do Museu de Arte de Santa Catarina (primeiro museu de arte moderna no País criado em 1949 por decreto de lei do Governo Estadual).  Sua exposição, em 1958, foi a primeira individual de artista catarinense no mesmo museu.

Em 1957, realizou a primeira exposição de Pinturas e Desenhos de Motivos Catarinenses, com o artista plástico Hyedi de Assis Corrêa /Hassis. A obra de Meyer Filho, especialmente registrada entre os anos 1950 e 80, não encontra similar no circuito dos artistas, nem na Ilha-capital onde viveu, nem nos poucos interlocutores modernistas que encontrou no eixo Rio-São Paulo. Seguindo na contramão do realismo, em suas obras há todo um imaginário que vão desde galos fantásticos, quintais catarinenses e seres extraterrestres, além de paisagens catarinenses, todas com um olhar diferenciado.

Meyer Filho possui obras nos museus de arte de Florianópolis, Belo Horizonte, Joinville, Pinacoteca de Porto Alegre, Museu de Arte Contemporânea de São Paulo (Coleção Theon Spanoudis) e em coleções particulares no Brasil e exterior. Tachado de maluco pelos moradores de Florianópolis, na época, deixou sua arte até em guardanapos dos bares e nas costas de folhas de cheque.

Em Florianópolis, uma Capital de poucas ousadias culturais, Meyer Filho se dizia embaixador de Marte na Terra, desenhava enquanto bebia com os amigos em bares e distribuía ou vendia suas obras de arte aos que conhecia. Ele se comparava com um dos artistas mais versáteis do século 20, Orson Welles (1915-1985), que foi um ator, diretor, escritor e produtor norte-americano e que ficou famoso aos 20 anos graças à obra radiofônica, “A Guerra dos Mundos”, que causou comoção nos Estados Unidos quando muitos ouvintes pensaram que se tratava de uma retransmissão verdadeira de uma invasão alienígena. “Eles consideram Orson Welles um gênio e eu aqui um maluco.”

Meyer Filho costumava contar que foi abduzido pela primeira vez quando se encontrava num hotel, em São Paulo, e que extrapolou o privilégio de quem vê um disco voador, coisa para pessoas comuns – ele esteve em Marte, e não foram poucas vezes! Deu várias entrevistas falando de como era Marte e sua obra também retratava esse espaço.

“Ele sonhava com outro mundo possível e dizia que em Marte não havia guerra nem fome e os jardins eram bem cuidados. Misturava realidade com ficção e brincou com a invasão do mundo por marcianos como fez Orson Welles”, relata a filha do artista, a professora universitária aposentada, Sandra Meyer Nunes, que luta para manter a vasta obra em evidência. Ela administra o Instituto Meyer Filho.

O Instituto foi criado em maio de 2004 com a finalidade de promover ações de valorização das artes como expressão da cultura. O acervo de Meyer Filho é composto de obras em pintura, desenho, serigrafia e tapeçaria, imagens fotográficas (papel, negativo e slide) e fílmicas (super 8, vídeo e DVD), catálogos de exposições, livros, impressos e documentos. Este vasto acervo foi formado pelo artista desde a década de 40 até o início dos anos 90, e revela fatos marcantes de sua trajetória e do ambiente cultural e artístico do Estado de Santa Catarina.

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