Filha lembra as dificuldades e metas de Osni como prefeito de Lages
A professora Regina Iara Régis Dittrich, filha mais velha de Osni Régis, avalia que a homenagem prestada pelo Parlamento catarinense ao denominar o plenário com o nome do seu pai é a demonstração do homem íntegro que ele era, como político, professor, advogado e intelectual, que marcou época no Estado. Ela lembra que uma das marcas de sua infância era que seu pai nunca lhe deu uma boneca de presente, somente livros, o que fez que ela seja também uma apaixonada por literatura.
“Ele me dava dezenas de livros de história e isso fez com que eu tivesse sempre muita vontade de ler, e isso continuou em minha vida. Isso me ajudou muito na minha carreira profissional, como advogada, como professora, procuradora-geral do Estado. Essa vontade de ler, de conhecer, de saber, então, eu penso que ele foi um exemplo de pessoa, uma pessoa a ser admirada e realmente querida.”
Sobre a infância em Lages, Regina conta que quando prefeito, Osni gostava de, no final do expediente, verificar como estavam as obras no município. Ele foi um dos primeiros a investir na construção de moradias populares, uma iniciativa pouco comum nos municípios à época.
Mesmo tendo resistência na oposição na Câmara de Vereadores, já que o partido dele, o PSD, não tinha 2/3 das cadeiras, foi necessária muita pressão das galerias, depois de dois anos de espera, para que fosse autorizada a venda subsidiada de 200 lotes para operários, beneficiando cerca de 700 famílias. Osni também conseguiu apoio para construção de 92 casas de madeira, financiadas em cinco anos, atendendo a população do município.
Além disso, Osni preocupava-se muito com o saneamento, o fornecimento de água e de energia elétrica para a população de Lages. Em 1952, entrou em funcionamento o sistema de esgoto. As crises de abastecimento de eletricidade foram fonte de algumas dores de cabeça do então prefeito e eram exploradas pela oposição. Numa ocasião, estudantes organizaram uma passeata portando velas acesas defronte à sede da companhia concessionária dos serviços locais, a Força e Luz, que tinha Vidal Ramos Júnior dentro seus acionistas.
A pavimentação de rodovias vicinais com macadame era outra ação que estava entre as prioridades do prefeito. E, principalmente, a contratação de professores, sobretudo para os distritos distantes. Lages era composta por diversos povoados que, mais tarde, se desmembraram, formando novos municípios.
PSD x UDN
Um dos fatos que marcaram a época dele como prefeito ocorreu em 1952, quando o governador Irineu Bornhausen (UDN) decidiu intervir em Lages, alterando a localização do ponto de táxis, deslocando-o de uma área central para área do mercado. A ação mexeu com as forças políticas locais, motivando protestos dos motoristas que contavam com apoio do prefeito Osni Régis e do líder Vidal Ramos Júnior. O governador, irritado, chegou a enviar um contingente da Polícia Militar, encarregado de se fazer respeitar a determinação.
Só que houve uma passeata, puxado por um carro de praça, onde estava sentado Vidal Ramos, desafiando os policiais. Foram dias tensos e Osni tinha que andar armado. O confronto não resultou em feridos e o ponto continuou na área central. Todos foram processados por desacato a autoridade e o processo acabou arquivado anos depois e o caso entrou para o folclore local.
Em 1954, Osni renunciou ao mandato de prefeito e concorreu a deputado estadual pelo PSD, coligado com o PTB, que acabou elegendo os senadores Nereu Ramos e o seu primo, Saulo Ramos. Osni volta a Florianópolis, sua cidade natal, e se instala com a família no Bairro Estreito, onde permaneceu até 1971, quando se mudou para casa na Avenida Mauro Ramos, no Centro, onde está localizada a Biblioteca Professor Osni Régis. No Parlamento, Osni estreou abordando temas relativos a infraestrutura, saneamento, trânsito e aspectos urbanísticos.