Davi e o importante trabalho da Defensoria Pública
Inquieto, risonho, amoroso e muito curioso como toda criança de apenas um ano de idade, Davi já travou sua primeira batalha pela vida logo ao nascer. Ele tem uma deficiência auditiva, caracterizada por uma má-formação bilateral nas orelhas, e uma paralisia facial no lado direito.
Aos 28 dias, já frequentava a Apae de Santo Amaro, levado pela avó, Terezinha Vieira Grah, 51 anos, pelo pai ou pela mãe, Beatriz Vieira Grah, de 25. Este era só o início da caminhada da família pela qualidade de vida para o pequeno Davi.
O menino é um dos rostos dos mais de mil catarinenses que tiveram a vida transformada pelo braço estendido pela unidade da Defensoria Pública do Estado de Santa Catarina instalada no Parlamento catarinense. Como explica a avó Terezinha, como o município de Santo Amaro não dispõe de uma unidade da defensoria, a unidade instalada na Alesc foi o suporte para a família Grah.
“Conseguimos esse acolhimento na unidade da Defensoria na Assembleia Legislativa, que pode assistir todas as pessoas que não têm em seus municípios esse serviço”, comentou, destacando que foram dias de muita angústia e preocupação.
Luta contra o tempo
Era uma luta contra o tempo, assegura a avó. “Ele precisava urgentemente, até os seis meses de idade, de uma prótese auditiva”, continuou. O valor desta prótese pode variar entre R$ 35 mil e R$ 75 mil.
“Não tínhamos condições”, admite Terezinha. “Foi difícil achar uma saída. E foi por meio de uma vizinha que fiquei sabendo da unidade da Defensoria na Alesc”, recorda.
O órgão juntou provas documentais, como laudos médicos, e acionou o Poder Judiciário. “Estivemos em março e em menos de três meses, Davi já estava com a prótese”, comemora a avó, destacando que em um primeiro momento, houve uma negativa da Comarca de Santo Amaro.
Apesar do pedido ter sido negado inicialmente pela Justiça de Santo Amaro da Imperatriz, por não considerar a situação urgente, a Defensoria entrou com recurso e o Tribunal de Justiça entendeu que o tratamento precoce seria fundamental e determinou que o Estado de Santa Catarina fornecesse, no prazo de 15 dias, a prótese requerida.
“Em quatro dias, a unidade da Defensoria na Assembleia resolveu a nossa situação”, recorda, comentando que a luta pela qualidade de vida de Davi a inspirou a cursar a faculdade de Serviço Social.
O dia em que Davi escutou pela primeira vez
Nos braços da mãe Beatriz, o pequeno Davi recebeu a prótese auditiva que mudou a sua vida e lhe permitiu ouvir pela primeira vez. Tudo testemunhado e filmado pela avó, Terezinha (clique aqui para assistir).
A prótese, que foi uma vitória conquistada pela unidade da Defensoria Pública instalada no Parlamento, foi colocada no Hospital Universitário no dia 28 de junho pelas mãos da fonoaudióloga, Francine Freiberger, praticamente três meses depois de o caso chegar ao conhecimento da unidade da Alesc.
Rotina
Davi, dono de um olhar curioso e um sorriso fácil, tem uma rotina intensa. Todas as segundas e quartas ele segue com a mãe e a avó para a Apae de Santo Amaro da Imperatriz. Ali, durante uma hora e meia, recebe apoio de profissionais de fisioterapia, fonoaudiologia e pedagogia. Foi na Apae que ele comemorou o seu aniversário de um aninho no dia 12 de agosto, comenta a mãe do menino.
Beatriz é professora, mas hoje se dedica integralmente ao filho. Lógico que conta com o apoio incondicional de sua mãe, Terezinha. “Ela é minha inspiração. Sem ela, não sei como faria”, revela a jovem.
Além da Apae, a cada três meses Davi é assistido no Hospital Infantil Joana de Gusmão. “Sabemos que quando ele tiver entre 5 e 7 anos, terá que passar por uma cirurgia para escutar”, observou a avó, que confessa que agora sabe o caminho das instituições que podem lhe assistir e acolher. “Agora estamos amparados”, disse.