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Publicado em 26/09/2022

Ação afirmativa da Assembleia garantiu a realização de sonhos

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A analista legislativa e professora Marilu Lima, 60 anos, que desde 1982 já passou por vários departamentos e atualmente está na Gerência Cultural da Assembleia Legislativa, não esconde a admiração pela história da ex-deputada Antonieta de Barros, de quem é uma das defensoras e batalhadoras na divulgação e preservação de sua história. Beneficiada por políticas de ações afirmativas do Parlamento, Marilu iniciou sua carreira no Parlamento no setor de Serviços Gerais. Beneficiada pela atuação de Antonieta de Barros, concluiu o curso de Pedagogia, devido à Udesc ter criado um curso especifico para 40 mulheres negras.

“Essa relação de política de ação afirmativa permitiu retomar sonhos, possibilitou novos sonhos e saber que todos os nossos fracassos a gente deve colar os caquinhos e conseguimos. Tem que ter determinação, lutar por um ideal e conseguimos concluir os sonhos”, acredita.

Para Marilu, a história da ex-deputada possibilita que os negros tenham condições de sonhar e conquistar seu espaço na sociedade. “Se não falarmos de racismo, ficamos presos na favela. É muito triste que as reivindicações do passado, da qual a Antonieta lutava contra, ainda continuam presentes. Ela é um ícone para o movimento negro, chegou lá, como professora, como jornalista, dona de escola, empresária, deputada. É uma pessoa que tem de significativo para sociedade mundial.”

Marilu conta que conheceu Antonieta de Barros por meio de seu avô. “Ele me contava que lia nos jornais as crônicas da Maria da Ilha, um pseudônimo que Antonieta utilizava nos jornais.”

Para a servidora, a luta que Antonieta fez no início do século passado continua atual. “Ainda somos invisíveis, por isso defendo a política de ação afirmativa. Consegui entrar na Assembleia e devido ao PAB (Programa Antonieta de Barros) passei a ocupar cargos no Parlamento.” Marilu foi coordenadora do PAB de 2005 a 2015.

Marilu LimaEla relembra que o PAB iniciou por meio de ação do fórum da mulher negra de Santa Catarina, do qual ela e a professora Jeruse Romão integraram. “A expertise toda foi da Jeruse, somos colegas da militância negra e fiz a ponte entre o movimento e o Parlamento, conseguimos implementar o PAB com apoio do ex-presidente Volnei Morastoni. Não tivemos nenhuma duvida em denonimar o programa de Antonieta de Barros, uma referência para nós educadoras e negras. O PAB tem essa missão de incentivar os jovens de periferia, pode parecer pouco, é muito coisa, para que eles ingressem no poder. Entender o quanto é bom para servidor ter a diversidade em seu espaço de trabalho.”

De acordo com Marilu, o PAB modifica o jovem da periferia. “O jovem fica dois anos aqui e a sociedade o recebe com uma outra visão. O ambiente ensina, modifica e aperfeiçoa a pessoa. Há uma preocupação de colocar o jovem no mercado de trabalho e incentivar a educação, bandeiras da Antonieta de Barros. A ideia é de que o sem voz possa falar, valorizar o protagonismo juvenil. O PAB é uma política de ação afirmativa para juventude negra, as pessoas não têm noção de quanto muda a vida destes jovens.”

Na visão da Marilu, a premissa do movimento negro e dos que defendem e divulgam a história da Antonieta de Barros é de que ela seja um ícone que reverbere para todo o mundo e que Santa Catarina deixe de ser um estado onde o negro fique invisível. “O negro é capaz, e a Antonieta como uma mulher negra mostra que o negro pode estar em qualquer espaço. Ela deixa essa semente para história. Esse é o nosso ideal.”

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