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Publicado em 14/10/2022

A experiência em Brasília e o retorno para Florianópolis

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O empresário e economista Jorge Alfredo Camargo Régis, filho do ex-deputado Osni Régis

O empresário e economista Jorge Alfredo Camargo Régis, filho mais velho do ex-deputado Osni Régis, conta que um dos fatos que marcaram sua juventude foi quando o pai, eleito deputado federal, teve que mudar com a família para Brasília.

“Era 1963, Brasília tinha apenas três anos. Nunca me esqueço, fomos criados aqui no Estreito [bairro continental de Florianópolis], na beira da praia, batendo bola, e entrando em Brasília, chovia, nós fomos de carro, num DKV, chamado ‘deixa vê’, aquele que abria a porta para frente, levamos cinco dias. Na época, tinha asfalto apenas de Florianópolis a Biguaçu, depois não tinha. De Curitiba até São Paulo estava sendo construído, de São Paulo para frente muito pouco.”

Jorge, emocionado, diz que apesar das dificuldades, foi um período muito intenso e que gostava de Brasília. “Logo depois da posse, em 1964 ocorreu a revolução e meu pai ficou muito chateado. Foi fechado o Congresso Nacional e meu pai ficou tão apavorado que ele bateu o carro sozinho no estacionamento da Câmara dos Deputados.”

Carteira de deputado federal de Osni RégisEle conta que o pai, após perder o mandato, teve que retornar a Florianópolis e a família ficou em Brasília, por estarem estruturados na Capital, com os filhos estudando. “Ele retornou porque precisava de um emprego para sustentar a família, aqui ele dava aulas.”

A família ficou até 1970 em Brasília. “Neste ano teve um lance interessante, o meu pai teve a primeira eleição da Arena. Os dois grandes partidos no Estado, PSD e UDN tinham se juntado e havia a possibilidade do meu pai ser candidato ao Senado, mas depois, não sei o que houve, ele acabou concorrendo a deputado federal, sem vontade, a minha mãe queria voltar a Florianópolis e meu pai dizia que já tinha acabado o ciclo.”

Ele destaca também que apesar da carreira política e de professor universitário, seus pais se aposentaram como professores secundaristas. “Imagine o nível dos professores secundaristas da época. Meu pai era doutor em Direito e minha mãe tinha mestrado.”

De volta a Florianópolis, Osni Régis retomou suas atividades docentes na UFSC. Para os filhos, a derrota eleitoral não o abalou. “Entre ser professor, político e advogado, ele sempre dizia que mais prezava era a atividade de professor.”

Neste período, Osni abriu um escritório de advocacia em Florianópolis e integrou a Comissão de Direitos Humanos da seccional da OAB. Nesta função exprimia preocupação com a situação dos presos comuns, submetidos cm frequência a interrogatórios violentos e que eram alojados em condições desumanas, tema que figurava em suas manifestações quando deputado. Ele considerava um erro da esquerda da época de se ocupar da tortura apenas quando atingia presos políticos: os presos comuns mereciam a mesma atenção, defendia.

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