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Publicado em 26/03/2018

A admiração pelo Legislativo

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Imagem 3x4 do então deputado Ivo Silveira, encontrada nos arquivos do Centro de Memória da Assembleia Legislativa

A trajetória política de Ivo Silveira na Assembleia Legislativa de Santa Catarina começa em 1950. Nas eleições daquele ano, 3.280 eleitores deram ao advogado palhocense o direito a ocupar uma vaga no Parlamento catarinense na legislatura que começou em 1951.

Em consulta aos diários oficiais do Legislativo, disponíveis no Centro de Memória da Assembleia, é possível notar a assiduidade do deputado Ivo Silveira. E não era fácil se deslocar de Palhoça até o Palácio do Congresso Estadual, situado na Praça Pereira Oliveira, no Centro de Florianópolis. As vias não eram pavimentadas e o trajeto era feito de ônibus. Para não chegar sujo à Assembleia, o deputado usava um guarda pó.

Reprodução do PL 42/1952, de autoria do deputado Ivo SilveiraNos primeiros anos como deputado, Ivo Silveira procurava atender principalmente às reivindicações de seu município. Em um pronunciamento na tribuna, em novembro de 1951, ele anunciava a conquista da instalação de uma agência postal telegráfica no distrito de São Bonifácio, que pertencia a Palhoça. Em 1952, apresentou um projeto de lei para a construção de um posto de saúde no distrito de Garopaba, também pertencente a Palhoça. O PL 47/1952 foi aprovado em 1953.

Sua atuação como parlamentar logo foi destaque. Em 1952, ele assume a liderança da oposição ao governo Irineu Bornhausen na Alesc. Em 1956, já reeleito para o segundo mandato, era líder do PSD, principal partido da oposição ao governador, enquanto Paulo Konder Bornhausen, filho de Irineu, ocupava a presidência do Legislativo.

“Éramos adversários dos mais vigorosos, tínhamos disputas homéricas em plenário. Ele fazia parte do que eu chamava de tropa de choque do PSD. Meu pai era governador e a oposição que ele liderava era muito grande na Assembleia”, recorda Paulo.

Em 1961, Paulo não era mais deputado, mas Ivo Silveira deixava o papel de opositor para ser líder do governador Celso Ramos, eleito em 1960. Em 1963, ele assumiria a Presidência da Alesc, cargo do qual só sairia após ser escolhido governador de Santa Catarina, no ano de 1965.

Os filhos e amigos de Ivo Silveira lembram que o pai tinha orgulho de ter comandado o Estado, mas comentava com muito carinho sobre a experiência como deputado. “Ele sabia que o Legislativo, em si, é o órgão que melhor representa o que é a democracia e não escondia o grande orgulho que sentia de ter sido governador, mas principalmente de ter sido deputado”, comenta, emocionado, o filho mais novo, Carlos Roberto Silveira.

Boa parte dessa admiração pelo Poder Legislativo está representada no Palácio Barriga Verde, atual sede da Assembleia. Em 1956, o Palácio do Congresso Estadual foi destruído por um incêndio. Quando assumiu a presidência da Alesc, em 1963, Ivo Silveira deu início às tratativas para a construção de uma nova sede. Mas foi como governador que ele colocou o projeto em prática. Em dezembro de 1970, prestes a deixar o governo, conseguiu entregar a obra.

“A construção de uma nova sede para o Legislativo era uma promessa minha de campanha em 1965. Como ex-deputado, tinha comigo este grande objetivo. Coloquei a pedra fundamental e abri a porta do prédio”, recordou Ivo Silveira, em entrevista ao jornal AL Notícias, em dezembro de 2006.

O ex-governador também expressou sua admiração pelo Parlamento nos discursos que fez durante as leituras da Mensagem Anual à Assembleia. Em 1967, um ano após assumir a chefia do Poder Executivo, afirmou, ao ler a mensagem aos deputados: “A emoção com que o faço é ainda aquela do ano passado, pois o tempo não desvaneceu em mim o apego à Casa onde cumpri quatro mandatos e cujas relações com o Poder Executivo se estreitam pela coincidência de propósitos em face do povo.”

Em 14 de dezembro de 1970, quando inaugurou o Palácio Barriga Verde, Ivo Silveira reforçou a importância da experiência parlamentar na sua atuação como governador. “Saí da presidência deste Poder para a chefia do Executivo e em mim o governador sempre consultou o deputado que fora. Frente a incontáveis problemas, aconselhei-me naquele tempo que ainda faz muita e muito boa luz sobre a minha mesa de despacho. Aprendi no plenário do Legislativo o bastante para governar certo e assim merecer o apoio de vossas excelências.”

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