A admiração pelo Legislativo
A trajetória política de Ivo Silveira na Assembleia Legislativa de Santa Catarina começa em 1950. Nas eleições daquele ano, 3.280 eleitores deram ao advogado palhocense o direito a ocupar uma vaga no Parlamento catarinense na legislatura que começou em 1951.
Em consulta aos diários oficiais do Legislativo, disponíveis no Centro de Memória da Assembleia, é possível notar a assiduidade do deputado Ivo Silveira. E não era fácil se deslocar de Palhoça até o Palácio do Congresso Estadual, situado na Praça Pereira Oliveira, no Centro de Florianópolis. As vias não eram pavimentadas e o trajeto era feito de ônibus. Para não chegar sujo à Assembleia, o deputado usava um guarda pó.
Nos primeiros anos como deputado, Ivo Silveira procurava atender principalmente às reivindicações de seu município. Em um pronunciamento na tribuna, em novembro de 1951, ele anunciava a conquista da instalação de uma agência postal telegráfica no distrito de São Bonifácio, que pertencia a Palhoça. Em 1952, apresentou um projeto de lei para a construção de um posto de saúde no distrito de Garopaba, também pertencente a Palhoça. O PL 47/1952 foi aprovado em 1953.
Sua atuação como parlamentar logo foi destaque. Em 1952, ele assume a liderança da oposição ao governo Irineu Bornhausen na Alesc. Em 1956, já reeleito para o segundo mandato, era líder do PSD, principal partido da oposição ao governador, enquanto Paulo Konder Bornhausen, filho de Irineu, ocupava a presidência do Legislativo.
“Éramos adversários dos mais vigorosos, tínhamos disputas homéricas em plenário. Ele fazia parte do que eu chamava de tropa de choque do PSD. Meu pai era governador e a oposição que ele liderava era muito grande na Assembleia”, recorda Paulo.
Em 1961, Paulo não era mais deputado, mas Ivo Silveira deixava o papel de opositor para ser líder do governador Celso Ramos, eleito em 1960. Em 1963, ele assumiria a Presidência da Alesc, cargo do qual só sairia após ser escolhido governador de Santa Catarina, no ano de 1965.
Os filhos e amigos de Ivo Silveira lembram que o pai tinha orgulho de ter comandado o Estado, mas comentava com muito carinho sobre a experiência como deputado. “Ele sabia que o Legislativo, em si, é o órgão que melhor representa o que é a democracia e não escondia o grande orgulho que sentia de ter sido governador, mas principalmente de ter sido deputado”, comenta, emocionado, o filho mais novo, Carlos Roberto Silveira.
Boa parte dessa admiração pelo Poder Legislativo está representada no Palácio Barriga Verde, atual sede da Assembleia. Em 1956, o Palácio do Congresso Estadual foi destruído por um incêndio. Quando assumiu a presidência da Alesc, em 1963, Ivo Silveira deu início às tratativas para a construção de uma nova sede. Mas foi como governador que ele colocou o projeto em prática. Em dezembro de 1970, prestes a deixar o governo, conseguiu entregar a obra.
“A construção de uma nova sede para o Legislativo era uma promessa minha de campanha em 1965. Como ex-deputado, tinha comigo este grande objetivo. Coloquei a pedra fundamental e abri a porta do prédio”, recordou Ivo Silveira, em entrevista ao jornal AL Notícias, em dezembro de 2006.
O ex-governador também expressou sua admiração pelo Parlamento nos discursos que fez durante as leituras da Mensagem Anual à Assembleia. Em 1967, um ano após assumir a chefia do Poder Executivo, afirmou, ao ler a mensagem aos deputados: “A emoção com que o faço é ainda aquela do ano passado, pois o tempo não desvaneceu em mim o apego à Casa onde cumpri quatro mandatos e cujas relações com o Poder Executivo se estreitam pela coincidência de propósitos em face do povo.”
Em 14 de dezembro de 1970, quando inaugurou o Palácio Barriga Verde, Ivo Silveira reforçou a importância da experiência parlamentar na sua atuação como governador. “Saí da presidência deste Poder para a chefia do Executivo e em mim o governador sempre consultou o deputado que fora. Frente a incontáveis problemas, aconselhei-me naquele tempo que ainda faz muita e muito boa luz sobre a minha mesa de despacho. Aprendi no plenário do Legislativo o bastante para governar certo e assim merecer o apoio de vossas excelências.”