Frente Parlamentar trata do desporto educacional no Estado
A segunda reunião da Frente Parlamentar do Esporte tratou, na manhã desta quinta-feira (13), do desporto educacional em Santa Catarina. O evento, que reuniu na Assembleia Legislativa entidades da sociedade civil organizada e gestores ligados ao setor, celebrou a união de esforços da Secretaria de Estado da Educação e da Fesporte para ampliar e fortalecer o tema na rede pública de ensino.
O secretário Natalino Uggioni comentou que a educação física permite ao aluno conhecer os seus limites, suas potencialidades e onde pode desenvolver habilidades, além de incentivar o trabalho em equipe, a disciplina e a capacidade de fazer planejamento. “Tudo faz parte da preparação dos estudantes para a vida e para o mundo. A partir da identificação de potenciais talentos, podemos evoluir para a prática do esporte, seja ele individual ou coletivo. Temos muito bons resultados com alunos catarinenses. Aí entra a parceria que fizemos com a Fesporte para intensificarmos a prática desportiva e a disciplina de educação física”, explicou. A expectativa, segundo ele, é que o esforço garanta a melhora da educação no estado.
Rui Godinho, presidente da Fesporte, revelou que o governo do Estado sabe que precisa mudar a situação. De acordo com ele, a Secretaria de Estado de Turismo, Cultura e Esporte investiu, entre 2010 e 2017, quase R$ 50 milhões no esporte de alto rendimento e no desporto escolar, R$ 2,5 milhões. “A Fesporte e a Secretaria de Educação estão elaborando coisas que vão mudar o desporto escolar. Posso adiantar que vamos trabalhar com as horas de treinamento nas escolas. Não podemos deixar de oportunizar o alto rendimento escolar, buscando talentos nas escolas.”
Coordenador da Frente Parlamentar, o deputado Fernando Krelling (MDB) não pôde participar da reunião, pois está em Joinville recuperando-se de uma cirurgia na coluna que fez no último sábado. No entanto, ele enviou um vídeo com uma mensagem aos participantes. “Estamos passando por um momento de revolução tecnológica no país, com a economia sendo fomentada pela tecnologia. Isso tudo entra em nossas casas e principalmente nas escolas. Mas não podemos esquecer que a educação física, o contraturno escolar, as atividades recreativas e físicas não são substituídas pela tecnologia”, comentou. Ele também solicitou que Uggioni e Godinho se unam ainda mais para “fazer com que o desporto educacional de Santa Catarina seja referência.”
Krelling espera que surjam novos programas incentivando a prática de atividade física no contraturno turno escolar, possibilitando aos profissionais de educação física espaços em programas para atuarem junto aos jovens. "Porque o esporte amplia o lado social de todas as crianças e adolescentes. Em Joinville tivemos o Programa de Iniciação Desportiva que começou com mil crianças atendidas e hoje ultrapassa 8 mil crianças com resultados satisfatórios na educação e, principalmente, na segurança pública, onde em alguns bairros índices de 70% de criminalidade na faixa de 12 a 16 anos diminuíram depois do programa”, exemplificou.
Para o deputado Coronel Mocelin (PSL), que contou ter sido praticante de judô na infância e da natação na vida adulta, o desporto escolar não é só uma questão de competição, mas vale para a saúde também. “Se todas as crianças praticarem esporte vão ter disciplina na escola e na vida. É importante praticar esporte, mas será que nós damos condições para as crianças praticarem o esporte? Não adianta só a teoria, temos que partir para a prática e investir recursos públicos na construção de locais adequados.”
O deputado Ricardo Alba (PSL), que foi atleta de natação e representou o estado em competições nacionais, além de ter participado de Jogos e Joguinhos Abertos de Santa Catarina, também esteve na reunião. “Acho fundamental a conjugação de esporte com a área educacional. É primordial para o desenvolvimento humano e o trabalho feito nas escolas traz frutos muito positivos.”
Presidente da Comissão de Educação, Cultura e Desporto da Alesc, a deputada Luciane Carminatti (PT) destacou que o tema precisa ter mais prioridade. “A gente tem feito uma soma de apoios entre a Frente Parlamentar e a Comissão pois é preciso avançar muito no setor em Santa Catarina”, defendeu. Como professora, ela vê a educação como algo essencial, mas nos pequenos municípios nem sempre há estrutura para o esporte. “Mas temos escolas municipais e ou estaduais em todos. Então a gente precisa aproximar muito o esporte de base da escola. Só a aula de educação física é insuficiente. Inclusive, no Plano Estadual de Educação, que vai até 2024, há metas que trata do período integral em 65% das escolas. Não vejo como não ter esporte para cumprir isso.”
Representando o coordenador da Frente, o deputado Laércio Schuster (PSB) conduziu os trabalhos. Na avaliação dele, a história está prestes a mudar. “Afinal, pela primeira vez na em Santa Catarina, reunimos as grandes lideranças esportivas para tratar do esporte [escolar] e a importância dele. Podemos e queremos avançar muito mais.”
Experiências
A reunião contou também com a troca de experiências entre duas entidades que já atuam com a pauta. Sonia Maria Ribeiro, que coordena o Centro Esportivo para Pessoas Especiais (CEP) de Joinville, trouxe o relato das atividades que a instituição realiza na maior cidade catarinense atendendo crianças e adultos com deficiência. Ela detalhou a atuação do Cepinho, o programa que atende as crianças no contraturno escolar com 3 mil atendimentos por mês em média. “Esse projeto atende crianças de 6 a 12 anos de idade e visa estimular a prática do paradesporto em uma proposta mais de desenvolvimento motor e psicomotor”, informou. Segundo ela, o CEP funciona há aproximadamente 10 anos. “A partir do esporte, a gente procura contemplar outras áreas, como a social, ética, a questão da autoestima. Procuramos oportunizar também a cultura para acrescentar e agregar na formação dessas crianças que muitas vezes não têm essa oportunidade. O esporte é uma ferramenta importante de inclusão de pessoas com deficiência não só para elas perceberem importantes e capazes, mas para a sociedade ter esse olhar sobre as pessoas com deficiência”, definiu.
Marcelo Bittencourt Neiva de Lima, coordenador esportivo do Instituto Guga Kuerten (IGK), relatou as atividades da entidade criada pelo ex-tenista de Santa Catarina, que foi um dos atletas brasileiros de maior destaque mundial. Ele citou como exemplo o programa Campeões da Vida, que utiliza o esporte como instrumento de educação. “Usamos o potencial do esporte para mexer nas emoções das crianças. E, por meio disso, reconhecer as demandas delas que a gente pode trabalhar pedagogicamente usando uma metodologia sistematizada durante 16 anos, com uma equipe interdisciplinar que faz esse trabalho de transformação”, contou. O IGK atende anualmente 680 crianças de 7 a 15 anos em situação de vulnerabilidade social, econômica e educacional.