Assembleia Legislativa do Estado de Santa Catarina Agência AL

Facebook Flickr Twitter Youtube Instagram

Pesquisar

+ Filtros de busca

 

Cadastro

Mantenha-se informado. Faça aqui o seu cadastro.

Whatsapp

Cadastre-se para receber notícias da Assembleia Legislativa no seu celular.

Aumentar Fonte / Diminuir Fonte
16/06/2021 - 11h59min

Comissão de Saúde debate caso de Rancho Queimado no tratamento à Covid-19

Imprimir Enviar
Comissão de Saúde analisou projetos e debateu aplicação de medicação para tratamento de Covid-19
FOTO: Solon Soares/Agência AL

O polêmico tratamento com um kit de medicamentos não específicos para Covid-19, alternativa empregada pelo município de Rancho Queimado para tratamento das pessoas contaminadas com o novo coronavírus, foi assunto da reunião da Comissão de Saúde da Assembleia Legislativa realizada nesta quarta-feira (16). A reunião contou com a participação do médico Armando Taranto Junior, ex-clínico do município, defensor do tratamento imediato dos pacientes com teste positivo. A participação do médico foi proposta pelo deputado Jessé Lopes (PSL).

Armando Taranto Junior defendeu o método que ele chama de “testa e trata”. Na opinião dele, se as pessoas fossem tratadas imediatamente após o diagnóstico de Covid-19 não haveria tantas mortes. “O povo tem que saber que existe um protocolo de remédios que fazem efeito, existe um protocolo de tratamento”. O clínico argumentou ainda que, em épocas e situações excepcionais, o médico pode aplicar soluções conforme a sua consciência e que ele “achar que faz bem”.

Conforme o relato de Taranto, o município de Rancho Queimado registrou apenas duas mortes causadas pela doença, no começo da pandemia (antes do início da medicação dos pacientes). Desde então, 1.939 pacientes foram atendidos, 1.109 pacientes foram medicados, sendo 435 positivados para a doença.

O kit de remédios empregados inclui ivermectina, azitromicina, hidroxicloroquina, antritombótico, corticoide e vitaminas. Alguns desses medicamentos, como a hidroxicloroquina, têm sua eficácia cientificamente questionada para o tratamento de Covid-19, mas o médico argumentou que o remédio faz bem. “É uma doença viral. Eu estou usando uma medicação que está dando resultado.” Ele assegurou que a população de Rancho Queimado não teve nenhuma complicação em função do remédio e que se houver complicações, basta suspender o uso.

Opinião dos deputados
O deputado Mauricio Eskudlark (PL) opinou que foi criada uma falsa imagem sobre o município de Rancho Queimado, enquanto há 22 municípios catarinenses que não registraram nenhum óbito, caso, por exemplo, de Mondaí, com 11 mil habitantes. “Temos municípios com população maior que Rancho Queimado que não tiveram nenhum óbito. Os senhores tiveram sorte de ter uma população mais isolada, que não tem tanta aglomeração. O tratamento não resolve, o que resolve é a vacina”, disse Eskudlark, que teve Covid-19. O deputado afirmou que fez uso dos chamados medicamentos para tratamento precoce por conta própria. “A hidroxicloroquina me causou um problema grave de estômago. Eu sou prova de que o tratamento precoce faz mal.”

A deputada Ada de Luca (MDB) relatou que também tomava hidroxicloroquina e vermífugo por conta própria, de 15 em 15 dias, e foi parar no hospital com problema cardíaco. “Pode ser um tratamento barato e populista, mas não é tratamento.” Na opinião da parlamentar, em Rancho Queimado, com alimentação e hábitos saudáveis, “até a imunidade das pessoas deve ser melhor”, o que pode ter contribuído para o que ela chamou de sorte. “Que o senhor continue com essa sorte, porque é uma sorte esse resultado.”

O deputado Jessé Lopes classificou como ridículos os comentários dos demais deputados. “Que ‘ridiculice’, deputados. É lamentável os catarinenses terem que ouvir isso de vocês.” Ele argumentou que o tratamento não substitui a vacina. “O tratamento é para as pessoas que já adoeceram e não fizeram a vacina.” Jessé assegurou que existem estudos que demonstram a eficácia da hidroxicloroquina para conter a proliferação do vírus. Para ele, a prova de que o tratamento empregado por Armando Taranto Junior funciona é o fato de ninguém de Rancho Queimado ter ido para uma Unidade de Terapia Intensiva (UTI).

O deputado Dr. Vicente Caropreso (PSDB) lembrou que já houve outros impasses sobre medicamentos no Brasil e citou o caso da fosfoetanolamina, publicizada como pílula anticâncer, sem eficácia comprovada e que ainda continua sendo oferecida à população. “Cabe à Agência Nacional de Vigilância Sanitária [Anvisa] validar qualquer tratamento aplicado no país. Há um ano e meio estamos discutindo isso, mas a Anvisa é a instância que avalia a eficiência dos remédios comercializados e distribuídos à população brasileira.”

Em resposta aos comentários dos parlamentares, Taranto argumentou que não teve sorte, teve o cuidado de atender e tratar o paciente na fase inicial. “Em medicina não existe nada exato, o que existe é o paciente.” Ele defendeu a aplicação da vacina, mas lembrou que a vacina não atende aqueles que já foram contaminados pelo vírus e precisam de tratamento. O médico esclareceu ainda que não recomenda a automedicação, mas o tratamento imediato após a contaminação pelo vírus.

Matérias aprovadas
Durante a análise dos projetos, o colegiado aprovou o PL 493/2019, de autoria da deputada Marlene Fengler (PSD), que consolida as leis que dispõem sobre políticas públicas de enfrentamento à violência contra as mulheres. O texto foi relatado pela deputada Ada de Luca. Na sequência da tramitação, o projeto será analisado agora pela Comissão de Direitos Humanos.

Com relatoria do presidente do colegiado, deputado Neodi Saretta (PT), foi aprovado o PL 88/2021, de autoria do deputado Marcius Machado (PL), que dispensa temporariamente os prestadores de serviço de saúde da apresentação de certidões de negativas de débitos. O projeto foi aprovado com emenda elaborada na Comissão de Finanças, que dispensa as certidões negativas de débitos estaduais enquanto durar o estado de calamidade pública decorrente da pandemia de Covid-19. Concluída a tramitação nas comissões, o texto agora será submetido à análise do plenário.

O deputado Mauricio Eskudlark relatou o PL 526/2019, de autoria do deputado Valdir Cobalchini (MDB), que dispõe sobre a gestão associada de serviços públicos para criação e implantação de consórcio intermunicipal de saúde. O projeto está apto para votação em plenário.

Também irá a plenário, na sequência, o PL 181/2021, de autoria do deputado João Amin (PP), que inclui as lactantes entre o público prioritário para vacinação contra a Covid-19 em Santa Catarina. O texto foi relatado pelo presidente, Neodi Saretta. No projeto, o autor justifica a necessidade de priorizar a vacinação das lactantes para minizar os riscos de interrupção da amamentação.

Requerimentos
Entre os requerimentos analisados, a Comissão de Saúde aprovou a realização do 4º Seminário Setembro Verde, evento que ocorrerá em formato virtual. Ainda, na pauta do dia, os deputados autorizaram a realização de audiência pública sobre a situação da Covid-19 em Santa Catarina, por proposição da Bancada do PT, atendendo a requerimento da Associação Nacional em Apoio e Defesa dos Direitos das Vítimas da Covid-19.

Lisandrea Costa
Agência AL

Voltar