Alesc protagoniza debate sobre o resgate da ciência nas escolas
Iniciativa da Comissão de Educação da Assembleia Legislativa do Estado de Santa Catarina, o Seminário Catarinense Escola é Lugar de Ciência começou na manhã desta segunda-feira (26). Mais de 500 professores e pesquisadores vieram à capital para debater o papel da escola ao longo da história e na sociedade atual para garantir a formação científica de qualidade e continuada na rede de ensino básico do Estado.
Presidente da comissão, a deputada Luciane Carminatti (PT) comentou que há uma preocupação com o que ela qualifica como um “desmonte da figura do professor”. Segundo ela, quem ensina é autoridade, estuda e faz uma universidade. “A maioria já está com especialização, trabalhando em uma carreira de mestrado e doutorado. E, muitas vezes, todo esse conhecimento acumulado, esse saber científico é ignorado”, argumentou.
De acordo com a parlamentar, outro ponto que integra as duas palestras e uma mesa-redonda, que pautam a programação do evento até o fim da tarde de hoje, é reafirmar o quanto a escola precisa também avançar do ponto de vista da ciência. “Estamos falando nas áreas humanas, linguagens, exatas e da natureza. Ou seja, todo o arcabouço do conhecimento humano, que precisa ser garantido na escola, mas não da forma tradicional, em forma conteudista apenas. O que a gente precisa garantir na escola para ter qualidade são os princípios do conhecimento científico, que é a investigação, a pesquisa, a dúvida, o pluralismo. Categorias que se trabalham com os conceitos de permanência e mudança, singular e plural. Temos que entrar na educação básica com a ciência mais propriamente dita. E esse seminário é um pontapé inicial para que a gente possa avançar nesse entendimento”, comentou.
A expectativa é de que muitas propostas sejam colhidas no sentido de fortalecer as premissas do seminário. A deputada afirmou que o colegiado que preside vai assumir e protagonizar, junto com a Secretaria de Estado, as duas universidades federais, a Udesc, o Sistema Acafe, a União Nacional dos Dirigentes Municipais de Educação (Undime), a rede de institutos federais e a Federação Catarinense dos Municípios (Fecam), a criação de um grupo de trabalho para levar adiante os encaminhamentos do evento. A ideia é ampliar para todas as regiões a discussão de como estimular o conhecimento crítico, científico e que, de fato, mude a realidade da escola pública. Até por causa das fortes manifestações do setor para que o seminário seja realizado no interior. De acordo com ela, já há solicitações das regiões Sul, Oeste e do Planalto Norte, além da discussão para que a Alesc crie uma Frente Parlamentar em Defesa da Ciência na Escola.
Doutor em Educação pela PUC-SP e professor das universidades federal e estadual do Rio de Janeiro, Gaudêncio Frigotto abriu a programação debatendo “A Escola e a Sociedade Contemporânea”. Pouco antes do início das atividades ele elogiou a iniciativa do Parlamento catarinense. “Santa Catarina tem características interessantes e isso aqui pode ser um estopim de idéias. Gostaria que fosse multiplicado”, explicou. Para o educador, a ciência sempre se faz no debate, no dissenso qualificado. “E nós vivemos um tempo, no mundo, bastante regressivo, do ponto de vista da escola. Temos que repensar a escola no seu papel de ciência, da diversidade, até porque estamos em uma sociedade muito polarizada, estúpida e idiotamente polarizada”, concluiu.