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Publicado em 09/10/2020

O vale sagrado catarinense

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Imagem feita do Morro da Cruz, em Nova Trento, uma das atrações do Vale Sagrado, que envolve também Brusque, São João Batista, Major Gercino e Angelina, além de inúmeras capelas e igrejas

O início do processo de beatificação do padre Léo, em São João Batista, vai reativar a motivação para implantação do Vale Sagrado Coração, que no papel já existe, mas sofre por falta de infraestrutura e união das prefeituras envolvidas.

A diretora do Santuário de Santa Paulina, em Nova Trento, irmã Anna Tomelin, o padre Elinton Costa, formador geral da Comunidade Bethânia, em São João Batista, e o prefeito daquele município, Daniel Netto Cândido, defendem o apoio para integração dos santuários existentes em menos de 60 quilômetros, envolvendo os municípios de Brusque, Nova Trento, São João Batista, Major Gercino e Angelina, além de inúmeras capelas e igrejas.

Uma das principais reivindicações dos envolvidos nesta nova opção de passeio para turistas que buscam momentos de fé, contemplação e meditação nos cinco santuários é a pavimentação dos 26 quilômetros da rodovia SC-108, entre Major Gercino e Angelina. A obra é considerada vital para o desenvolvimento do turismo religioso da região, pois com essa pavimentação será formado um corredor ligando o Vale do Rio Tijucas com a BR-282. Em setembro deste ano, o governo estadual lançou o edital de licitação para o projeto de asfaltamento do trecho. O prazo para execução é de 360 dias, com orçamento de R$ 665 mil.

Neste vale sagrado catarinense está o santuário de Azambuja, em Brusque, que é procurado por milhares de devotos que seguem a tradição originária de Caravaggio, Norte da Itália, trazida para Brusque pelos imigrantes italianos em 1875. Anexos à bela igreja encontram-se o Morro do Rosário, a Gruta de Azambuja e o Museu Arquidiocesano Dom Joaquim.

Imagem de Nossa Senhora do Bom Socorro, no santuário em Nova TrentoCom destaque estadual, Nova Trento integra o Vale Sagrado Coração com dois santuários. O de Nossa Senhora do Bom Socorro, localizado no Morro da Cruz, que conta com uma estátua de Nossa Senhora vinda da França em junho de 1912. E o Santuário Santa Paulina, onde são preservadas relíquias que fizeram parte da vida da santa e da história da fundação da cidade, como o antigo engenho da família, o museu colonial e uma réplica do casebre onde a jovem irmã Paulina cuidou de doentes. Mais de 40 mil pessoas visitam o santuário todos os meses, especialmente em datas comemorativas e religiosas, como a Festa Litúrgica de Santa Paulina, Corpus Christi, Finados, Páscoa e Natal.

São João Batista entra no roteiro com a comunidade Bethânia, criada pelo padre Léo, que além de uma casa de acolhimento para dependentes químicos também é um polo religioso, com casa de retiro e de orações. Com o início da beatificação, o local deverá receber infraestrutura para atender os peregrinos. Atualmente, fiéis de várias partes do país já visitam a estrutura existente e gradativamente divulgam o município que ostenta o título de Capital Catarinense do Calçado.

O prefeito de São João Batista não tem dúvidas de que o município vai se transformar com o início do processo de beatificação do padre Léo. “O turismo religioso, que hoje já acontece de forma tímida, vai colocar São João Batista na vitrine das cidades que recebem os fiéis católicos. Serão caravanas, romeiros de todos os cantos do país a nos visitar, e nós precisamos nos adaptar a isso”, diz Daniel Netto Cândido.

A prefeitura já começou a realizar algumas obras de infraestrutura, mas toda a região precisa se preparar para essa nova situação, com lojas, hotéis, pousadas, restaurantes e outros empreendimentos para atender esse público. “Precisamos aprender. Temos exemplo de Nova Trento, por isso precisamos copiar o que deu certo e melhorar aquilo que podemos”, acrescenta.

O prefeito de São João Batista enfatiza a necessidade de parcerias para fomentar o turismo. “Estamos ligados umbilicalmente por esse turismo religioso, com esses espaços religiosos e a previsão de que a peregrinação aumente a partir de agora, por isso temos que trabalhar em parceria com governo do Estado, Assembleia Legislativa, iniciativa empresarial e a iniciativa municipal.”

O quinto santuário de destaque no Vale Sagrado Catarinense é o de Nossa Senhora de Angelina, em Angelina, que além de uma igreja possui uma gruta com a imagem de Nossa Senhora de Lourdes. A gruta foi construída em 1902 por frei Zeno Walbroehl, padre franciscano nascido na Alemanha que em 1866 veio para o Brasil para realizar trabalhos missionários. O local é visitado semanalmente por centenas de fiéis.

Deputado Ivan Naatz, presidente da Comissão de Turismo da AlescA formação do Vale Sagrado Catarinense, de acordo com o presidente da Comissão de Turismo e Meio Ambiente, deputado Ivan Naatz, segue a tradição cristã brasileira – o Brasil é considerado o maior país católico do mundo e as festas de cunho religioso mobilizam municípios de norte a sul, gerando fluxos turísticos locais e regionais. Procissões, alvorada de fogos, missas, quermesses e apresentações de grupos folclóricos são alguns dos ingredientes que ajudam a movimentar os municípios nessas datas (muitas delas decretadas como feriados), inseridas no calendário do turismo religioso.

Naatz pretende apresentar um projeto de lei para instituir e oficializar a rota turística Vale Sagrado Catarinense. O deputado também pretende cobrar do governo do Estado, via Santur, um investimento maior na promoção nacional dos roteiros religiosos de Santa Catarina.

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