28/09/2009 - 14h04min
X Frágil: sintomas e tratamentos através da psicologia, psicopedagogia e fonaudiologia
Na continuação das palestras do encontro catarinense da Síndrome do X Frágil, três aspectos das possibilidades de tratamentos foram abordados pela psicóloga Maria Luiza Vieira, pela psicopedagoga Mirelle Jendiroba e pela fonoaudióloga Simone Marchett. A psicologia tem como proposta o desenvolvimento das habilidades sociais, através de tratamentos como a psicoterapia individual ou bi-pessoal, na qual se adapta ao nível de desenvolvimento de cada paciente. O objetivo é proporcionar autoconhecimento e aceitação, identidade e autonomia, além do próprio desenvolvimento.
Outra abordagem é através de grupo, acrescida do compartilhamento das dificuldades e conquistas e melhora na autoestima, oportunizando que os comportamentos indesejáveis sejam reduzidos e substituídos por comportamentos mais adaptativos. O objeitvo principal neste caso é reduzir a agressividade e favorecer o controle dos impulsos.
Também importante, alerta a psicóloga Maria Luiza Vieira, é a orientação familiar, auxiliando pais e irmãos a lidarem melhor com seus sentimentos, visando facilitar a solução de conflitos. Nesta etapa são passadas orientações com relação ao desenvolvimento das singularidades por meio da abordagem multidisciplinar - família-profissional-escola - e ainda com a utilização da mesma linguagem, trocando informações, compartilhando conhecimentos e dúvidas.
Já na psicopedagogia, um dos resultados mais positivos no aprendizado advém das abordagens visuais, como a utilização da informática no processo do conhecimento. Mas, para se chegar a um avanço, é necessário respeitar a necessidade de atendimento de cada portador da Síndrome do X Frágil. Também é importante utilizar a informação para esclarecer qualquer mudança na rotina do paciente, de maneira a deixá-lo menos ansioso e mais calmo. Segundo a psicopedagoga Mirelle Jendiroba, que abordou o assunto, em sua área é tratada a questão de aprendizagens através do estímulo cognitivo (raciocínio-pensamento), devido à dificuldade de retenção dos símbolos, como letras e números. Também se utiliza o estímulo à memória, a melhora do nível tensional e a organização interna e sequencial de pensamentos.
“A maioria dos pacientes, quando o diagnóstico é precoce, até no máximo dois anos, consegue ter o aprendizado. Na escola é importante que se tenha o cuidado com a adaptação curricular, na exigência de conteúdo e avaliação”, explica a psicopedagoga.
Simone Marchett contou que há 12 anos se especializava em fonoaudiologia e desconhecia a doença. Hoje, ela atende portadores da síndrome em seu consultório e reforça que quanto mais cedo for feito o diagnóstico, melhor será o desenvolvimento da criança.
Atraso na aquisição da fala no processo de desenvolvimento da linguagem é a principal característica observada pelos pais na primeira infância. A fala repetitiva, muitas vezes confundida com gagueira, e o uso de jargões, também são fatores marcantes e presentes na comunicação dos pequenos portadores. “Todos conseguem se comunicar, mesmo com alguma dificuldade. Eles falam muito, com muita gente, mas nem sempre são entendidos, compreendidos”, afirmou Simone. Ela acrescentou que, após adquirir a fala, o portador da doença apresenta dificuldades em iniciar uma conversa, expressar ideias, relatar fatos ou trocar informações. As crianças desatentas, impulsivas, desorganizadas mostram problemas em manter uma linha de raciocínio na linguagem oral e escrita.
Simone enfatizou que a escolha de estratégia e recursos terapêuticos é individual e precisa ser revisto caso a caso com tratamentos diferenciados. “É importante demonstrar à criança o interesse pela sua comunicação e pela interação social para que ela consiga se expressar. É preciso trabalhar situações diárias, oferecer opções de escolha e mesclar atividades individuais com trabalho em grupo.” (Andreza de Souza e Scheila Dziedzic/Divulgação Alesc)