CVV: vozes anônimas que salvam vidas
Considerada uma das organizações não-governamentais (ONG) mais antigas do Brasil, com cinco décadas de atuação, o Centro de Valorização da Vida (CVV) presta atendimento gratuito por todo o país, dando apoio emocional e desenvolvendo estratégias de prevenção ao suicídio.
Conduzido por um grupo de voluntários treinados, o trabalho da instituição consiste em contribuir para que as pessoas tenham uma vida mais plena, longe de pensamentos negativos e que geram angústias. O Programa de Apoio Emocional é oferecido nos postos de atendimento espalhados por vários estados brasileiros, ou ainda pelo telefone 141. Também há atendimento pela internet por meio de chat, e-mail, VoIP ou correspondência.
Considerado um problema de saúde pública que cessa a vida de cerca de 10 mil brasileiros todos os anos, o suicídio, antes concentrado entre os mais idosos, atualmente cresce entre os jovens e ocupa a terceira posição dentre as causas de morte mais comuns, ficando atrás, apenas, dos acidentes e homicídios.
O CVV também mantém projetos importantes como o Francisca Julia - que atende pessoas com transtornos mentais e dependentes químicos - e o Amigos do Zippy, um programa de desenvolvimento emocional para crianças de seis e sete anos, matriculadas em escolas públicas e particulares. Existe ainda, ligada à ONG, a Associação pela Saúde Emocional de Crianças (Asec), com mais de 18 mil atendimentos anuais, em 323 instituições de 39 cidades.
Em Florianópolis
Com 23 anos de atuação, o CVV Florianópolis conta com o apoio de 40 voluntários que se revezam em uma escala de quatro horas semanais. O coordenador local, voluntário há 11 anos, Rogério Luiz, destaca que muitas pessoas necessitam conversar e ouvir uma palavra de conforto, mas quando não encontram, podem chegar ao extremo de tirar a própria vida. Ele ressalta que apesar de tantos esforços e diferentes meios de atendimento, a organização ainda é pouco conhecida entre as pessoas.
Rogério explica que são atendidas pessoas de todas as faixas etárias, inclusive crianças, principalmente no período noturno, quando ficam mais sozinhas, aumentando o medo e o desespero. Todos os atendimentos são mantidos em sigilo e os nomes de quem telefona não são divulgados.
Voluntariado
Para ser um voluntário é preciso ter afeto e vontade de conversar com as pessoas, esclarece o coordenador de Florianópolis. "É fundamental ser um bom ouvinte, ter uma boa postura e uma voz adequada para conduzir o atendimento, sem aconselhamento".
Os interessados são encaminhados a um treinamento de 30 horas para conhecer as características da sociedade, do CVV e das pessoas atendidas. "O que leva a uma pessoa a pensar em suicídio e como lidar com essa situação, são aspectos abordados durante o treinamento”, explica. Com o conhecimento teórico, o voluntário passa para a etapa prática, feita a partir da simulação de ligações leves, que aos poucos vão aumentando o grau de dificuldade. Aqueles que não têm perfil ou percebem que não conseguem lidar com a dor alheia, não concluem o treinamento.
Os voluntários se reúnem mensalmente para conversar, trocar ideias e conhecimento, sempre mantendo sigilo sobre os atendimentos. A exposição e a divulgação de qualquer atendimento resultam na exclusão do atendente. “Depois de uma ligação muito pesada, o voluntário deve tirar o fone do gancho e falar com um colega, não sobre a história, que é sigilosa, mas sobre a experiência e a empatia", explicou.
Mais divulgação
O voluntário José Vilela há 13 anos dedica seu tempo em prol daqueles que necessitam sua atenção. Ele ressalta que o crescimento do número de suicídios entre os jovens é preocupante e precisa de atenção. Para ele, uma divulgação maior do trabalho realizado pela instituição pode evitar tantas perdas. "O fato de não precisar se identificar faz com que as pessoas fiquem à vontade para pedir ajuda ao CVV. Mas, infelizmente, ainda são poucos que conhecem nosso trabalho", frisou. Maiores informações no site, Facebook ou Twitter do CVV.
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