15/10/2009 - 17h15min
VI Seminário Protegendo as Mulheres da Violência Doméstica prossegue com palestras sobre operadores
O painel “A Lei Maria da Penha e o papel dos operadores de Direito” teve continuidade na tarde desta quinta-feira (15). A advogada do Centro de Referência da Mulher Vítima de Violência Doméstica de Florianópolis, Cleusa Maria Pfeifer, apresentou um “diagnóstico da clientela” do centro e de como essas mulheres são atendidas e acompanhadas. Já a delegada da Polícia Civil de Pernambuco, Lenise Vicentim, contou como as mulheres vítimas de violência doméstica são auxiliadas e protegidas em seu estado.
O centro de referência funciona como um núcleo de acolhimento e atendimento psicológico, social e jurídico, além de atuar na prevenção. “Cerca de 70% das clientes são indicadas pela delegacia e recebem no centro o acolhimento inicial e depois o acolhimento técnico feito por uma assistente social”, informou. Depois desta fase é feito um cadastro para que os demais profissionais do centro se familiarizem com a nova cliente.
A advogada explicou que para trabalhar no local teve que mudar sua forma de agir e desmistificar alguns pensamentos e conselhos prontos. “Temos que sufocar alguns questionamentos relacionados a estas mulheres. Perguntas sobre como uma mulher jovem, bonita e bem sucedida chega a este ponto. Também temos que evitar conselhos prontos, porque eles não servem para este momento”, comentou.
Conforme Cleusa, os profissionais que trabalham com mulheres vítimas de violência doméstica devem ouvir o que elas têm a dizer, prestar atenção e não dizer o que deve ser feito, mas conscientizá-la a enfrentar o problema da melhor forma possível para que todos saiam desta relação da melhor maneira. “Conselhos devem ser dados quando a mulher tiver discernimento para enfrentar aquela situação”, ressaltou.
Modelo de Pernambuco
Quando a Delegacia da Mulher foi criada em Pernambuco reuniões em todas as seccionais foram realizadas para explicar a dinâmica dos trabalhos desenvolvidos pela instituição. O objetivo destes encontros era dar publicidade à Lei Maria da Penha, com a entrega de cartilhas e diminuir as dificuldades para a implantação de mais este serviço.
Além das dificuldades administrativas que envolvem os policiais, outras questões também inviabilizavam o trabalho em prol das mulheres que sofrem maus tratos no estado. Entre eles, o desconhecimento das leis, a valorização de outras demandas profissionais, envolvimento com a violência doméstica, temor de invadir a privacidade alheia, pessimismo diante da questão e a cultura machista.
Para Lenize, o reconhecimento destas dificuldades abriu espaço para este segmento dentro da Polícia Civil. “Temos que ultrapassar as barreiras da nossa instituição”, observou. (Denise Arruda Bortolon Montagna/Divulgação Alesc)