Uso racional e valorização de saberes fitoterápicos são tema de mesa-redonda
Dando continuidade às atividades da 8ª Jornada Catarinense de Plantas Medicinais e Fitoterapia, na manhã desta sexta-feira (15), o Auditório Deputada Antonieta de Barros, na Assembleia Legislativa foi palco de uma mesa-redonda sobre o uso racional e a valorização dos saberes populares com relação ao uso de plantas para fins medicinais.
Entre as palestras do evento, Maial Paiakan, índia Kaiapó do Pará, falou sobre a importante contribuição que o povo indígena tem a oferecer sobre o cultivo e a utilização de plantas para fins medicinais. “Nós temos muito a colaborar com essa pauta porque pra nós são saberes milenares. Pra nós não é uma pauta atual, já trabalhamos isso há muito tempo, em relação a saberes tradicionais, conhecimentos tradicionais, pajés, parteiras, que precisam ser valorizados”, disse Maial, que também é advogada.
Para a mediadora do evento, Ângela Rossato, do Programa de Pós-Graduação em Ciências Ambientais da Unesc de Criciúma, é importante que o conhecimento popular seja estudado para que a cultura medicinal seja valorizada. “Muitas vezes, na academia, a gente privilegia o conhecimento científico mas, na verdade, todo conhecimento de plantas vem do uso milenar de forma transgeracional, e é esse uso popular que dá subsídio pras pesquisas. As plantas precisam ser estudadas para serem validadas cientificamente e então poderem ir para o sistema de saúde.”
Ângela explicou que, por falta de recursos e por haver uma diversidade muito grande de plantas, diversas espécies não são estudadas: “Por isso o SUS [Sistema Ùnico de Saúde] preconiza que a gente valorize os conhecimentos tradicionais e também incorpore, no sistema de saúde, esses detentores de conhecimentos tradicionais, que são uma prática terapêutica milenar a serviço da vida e sem conflito de interesses.”
Fitoterapia racional
Desenvolvido por meio de uma parceria entre a Unesc de Criciúma e a Pastoral da Saúde da cidade, o projeto “Fitoterapia racional” busca o uso correto das plantas medicinais e desenvolve ações de conscientização sobre o tema. “Nós sabemos que o que se fala popularmente é que: ‘o que é natural não faz mal’. Isso é uma falácia, porque a planta medicinal é química também e muitas vezes tem interação medicamentosa, e isso deve ser considerado”, explicou a coordenadora do projeto, Vanilde Citadini-Zanetti.
Com o apoio de agentes da pastoral, engenheiros agrônomos, biólogos e farmacêuticos, o projeto realiza encontros mensais, nos quais a informação popular, vinda de dentro das comunidades, é trazida e debatida entre os profissionais: “então nós debatemos, estudamos e informamos a essas pessoas sobre o uso racional, se está correto para aquela finalidade, de que maneira e quando deve ser usada”, explica Vanilde.
Com a colaboração de Carolina Lopes/Agência AL