Uruguai e Paraguai destacam assimetrias e pedem solidariedade
Os representantes do Uruguai e do Paraguai que participam do “Seminário Internacional do Mercosul: o futuro da integração”, em Florianópolis, destacaram as assimetrias entre os membros do bloco e pediram a solidariedade do Brasil e da Argentina. “Existem algumas travas, por isso há necessidade de ser solidário no Mercosul. Como não temos saída marítima, precisamos de celeridade para escoar nossos produtos, muitas vezes isso nos atinge fortemente”, declarou o deputado paraguaio Mário Cáceres, referindo-se à demora dos portos brasileiros e argentinos para escoarem a produção do país vizinho.
O representante do Uruguai, Juan Miguel Carrara, defendeu a flexibilização das regras do bloco para facilitar o acesso dos países membros aos mercados externos. “Somos três milhões de pessoas, mas produzimos para 20 milhões, então temos que buscar mercados fora. Para isso é preciso flexibilizar os tratados ou ter um outro tipo de possibilidade de vender nossos produtos”, explicou o servidor do Parlamento uruguaio.
Além disso, Carrara lembrou que os países pequenos em território e população têm dificuldades para atrair capitais. “Não temos mercado, nem quantidade de gente que resulte atrativo investir e notamos que dentro do Mercosul não há uma visão estratégica para superar essas assimetrias”, criticou Juan Carrara, acrescentando que o Brasil sozinho responde por 70% do território e mais de 80% da população do Mercosul, enquanto o Uruguai detêm menos de 5% do território e da população.
Fundo de Convergência Estrutural
A professora Juliana Della’Agnolo, que atuou na Secretaria do Mercosul, destacou o Fundo de Convergência Estrutural do Mercosul como ferramenta para minimizar as assimetrias. Segundo a professora, o fundo recebe aportes assimétricos e destina mais recursos para quem contribui menos. “Em 10 anos foram investidos cerca de 1 bilhão de dólares em projetos de competitividade, coesão social e redução de assimetrias, atualmente há 43 projetos aprovados”, informou Juliana.
O representante do Uruguai concordou em parte. “O fundo é um paliativo que não tem ajudado muito”, garantiu Juan Carrara, que reivindicou um enfoque mais liberal para o Mercosul. “A União Europeia logrou concretizar mais objetivos, apesar de que também lá há esse tipo de política assistencial”, analisou o Juan Carrara.
O “Seminário Internacional do Mercosul: o futuro da integração”, que continua nessa quarta-feira (30) no auditório Antonieta de Barros, tem o apoio da Universidade do Sul de Santa Catarina (Unisul) e da Comissão de Relacionamento Institucional, Comunicação, Relações Internacionais e do Mercosul, da Assembleia Legislativa.
Agência AL