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09/05/2014 - 20h36min

Meu querido Paulo: Um livro escrito entre lágrimas

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A autora Marlene Soccas, durante o lançamento do livro "Meu querido Paulo". Foto: Solon Soares/Agência AL

Um relato visceral, emocional e emocionante de um dos momentos mais terríveis da História do Brasil ilustra as páginas do livro “Meu querido Paulo” - uma fusão da história do ex-deputado Paulo Stuart Wright, preso e morto na época da Ditadura Militar com a história da dentista, historiadora e militante política, Marlene Soccas, lançado na noite desta sexta-feira (9), no Hall da Assembleia Legislativa.

Inscrita na História do Brasil durante a ditadura, o pré Golpe Militar de 1964 - época em que Wright foi eleito deputado, a obra relata também o período do Golpe e do pós Golpe, a resistência do parlamentar a ele, sua cassação pela Assembleia Legislativa, sua expulsão da Igreja Presbiteriana, seu exílio voluntário (mas forçado), seu retorno ao Brasil, sua luta clandestina dentro da Ação Popular – movimento de lutas políticas e ideológicas durante a ditadura militar, até sua prisão e desaparecimento. Esses são os elementos que embasaram Marlene, amiga de Wrigth à época, a escrever o livro.

A obra também se relaciona à História da Independência da Bahia (2 de junho), data coincidente ao nascimento de Wright e “que ele lembrava com tanto orgulho por ter sido marcada pelas intensas lutas entre portugueses e nacionais”, descreve Marlene.

O contexto do governo de João Goulart é fundamental no desenrolar do livro, pois apresenta a sintonia de Paulo Stuart Wright por ele e seu trabalho como parlamentar e popular, com a criação de 27 Cooperativas de Pescadores pobres na orla marítima de Santa Catarina e da Fecopesca.

“Um pouco de minha história vai misturada com a dele, porque assim aconteceu”, fala Marlene, ainda com a emoção dos tempos que, como ela destaca, não serão esquecidos jamais. “Tive que parar para secar as lágrimas muitas vezes durante a elaboração deste livro. Não é possível esquecer aquela dor, por isso é muito importante insistir nessa história, para que ninguém esqueça e nunca mais aconteça”, ressaltou.

Na luta pelos “Amarildos”
Militante até hoje, com uma vitalidade que faz quem não a conhece duvidar que completará 80 anos em setembro, Marlene participou das lutas e reivindicações das famílias integrantes da ocupação Amarildo, movimento pela legitimidade de terras iniciado em fevereiro, em Florianópolis. “Hoje, nesta celebração de lançamento do meu livro, um livro que mostra toda a crueldade que pode existir dentro dos homens para com outros homens, os “Amarildos são meus convidados de honra”, concluiu Marlene em seu discurso.

Sobre a autora
Marlene Soccas é natural de Laguna, litoral sul de Santa Catarina, nascida em 25 de setembro de 1934. Formada em Odontologia pela Faculdade de Farmácia e Odontologia da Universidade Federal de Santa Catarina, em 1955, e em História, pela Unesc, em 2010, trabalha até hoje como dentista. Aos 28 anos, no início dos anos 60, conheceu Paulo Stuart Wright, com quem manteve uma amizade até 1969, ano em que ele viajou para a China a trabalho (no retorno, foi preso e morto).

Foi presa em 10 de maio de 1970 por participar da Luta de Resistência contra a Ditadura, em São Paulo, onde cursava pós-graduação em Odontoligia pela Universidade de São Paulo (USP) e torturada na OBAN (hoje DOI-CODI), onde permaneceu por 12 dias. Logo após, ficou mais 45 dias no DOPS-SP e, mais tarde, no Presídio Tiradentes, onde trabalhou no Consultório Odontológico, para servir aos presos políticos.

Escreveu cartas de denúncia contra as torturas, situações carcerárias, Esquadrão da Morte e criticou a sociedade capitalista; participou da greve de fome para salvar companheiros que seriam eliminados pelo Esquadrão da Morte.

Libertada após dois anos e dois meses, passou a residir em Criciúma, Santa Catarina, onde continua sua luta. Fundou o Centro de Defesa dos Direitos Humanos, ajudou a fundar o Comitê Brasileiro pela Anistia, sub-secção de Criciúma, como Secretária. Também ajudou a fundar o Partido dos Trabalhadores, em 1980, assinando sua Ata de fundação, em São Paulo.

Afastou-se do PT em 1982, por discordar dos encaminhamentos das lutas populares, operárias, sindicais e eleitorais. Com Derlei de Lucca, participa do Comitê Catarinense em Memória dos Catarinenses Mortos e Desaparecidos.

Quando o PCB consegue sua legalidade, em 1985, filiou-se ao Partido Comunista Brasileiro, no qual milita até hoje. É co-fundadora do Coletivo Memória, Verdade, Justiça - João Batista Rita em Criciúma, criado em 2012.

Michelle Dias
Agência AL

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