Últimos 50 anos foram os mais devastadores para o meio ambiente, diz pesquisador
“Não houve, na história da humanidade, 50 anos tão devastadores quanto os últimos 50 anos.” Com esse mote, o professor doutor em Geografia, Carlos Walter Porto-Gonçalves, pesquisador da Universidade Federal Fluminense (UFF), abriu a programação do Seminário Meio Ambiente e Sociedade 2019. O evento, realizado no Plenarinho da Assembleia Legislativa pela Comissão de Turismo e Meio Ambiente e Escola do Legislativo Deputado Lício Mauro da Silveira, reúne vários pesquisadores brasileiros para debater avaliações e perspectivas sobre a sustentabilidade no século 21, ao longo desta quarta-feira (5), Dia Mundial do Meio Ambiente.
O deputado Padre Pedro Baldissera (PT), proponente do encontro, enfatizou que o evento dá a largada a uma série de seminários que vão debater, em todo o estado, o comprometimento e a responsabilidade de cada um com a “casa comum”, que é a expressão utilizada pelo papa Francisco em referência ao planeta. Na opinião dele, as grandes catástrofes que vêm acontecendo ao longo dos últimos anos são consequências da forma de viver e de se relacionar da sociedade. “É preciso que criemos uma consciência diferenciada sobre essa relação.”
De acordo com o professor Porto-Gonçalves, “há relativo consenso no campo científico de que se vive um momento de mudanças climáticas, de erosão grave de material genético, erosão de solo, acidificação dos mares, enfim, vários fatores que mostram que estamos chegando a uma situação limite do equilíbrio ecológico planetário”. Autor de mais de 30 livros, o professor e pesquisador é considerado uma referência na área de geografia social.
“O que era o Cerrado há 50 anos atrás? Hoje está praticamente tomado por monoculturas de exportação, com deterioração dramática da biodiversidade. A Amazônia também está em um processo de avanço agudo do desmatamento, sobretudo nos últimos anos”, disse o professor, exemplificando porque considera os últimos 50 anos os mais devastadores da história da humanidade. “Paradoxalmente, nunca se falou tanto em preservação.”
Durante a conferência, Porto-Gonçalves alertou que é o momento de refletir sobre o que está significando o ambientalismo, diante de tanta devastação, tanto discurso sobre e tanta violência contra. “É preciso fazer um balanço sobre as práticas de salvar o planeta, quando na verdade estão se agravando as condições ecológicas planetárias”, recomendou.
Menos consumo
O mediador da conferência, professor doutor Luiz Fernando Scheibe, da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), concordou que a humanidade de modo geral tem feito um uso devastador do planeta. “Nós estamos cada vez mais dependendo de uma quantidade muito grande de recursos naturais porque o sistema de consumo que nós instalamos não é sustentável”, disse. Ele exemplificou citando o aumento do consumo de água e energia para atender as comodidades criadas. “Teríamos que parar para pensar e ver até que ponto realmente precisamos de tudo aquilo que estamos usando diariamente.”
Programação
O seminário prossegue no período da tarde com a palestra “Justiça e meio ambiente” e a apresentação de quatro projetos da sociedade civil.
Agência AL