Udesc desenvolve programa pioneiro no tratamento de pacientes de Alzheimer
Possibilitar a melhoria da qualidade de vida de pacientes de Alzheimer e seus cuidadores por meio da prática de exercícios físicos. Essa é a proposta do programa AtivaMente, desenvolvido pela Universidade do Estado de Santa Catarina (Udesc), por meio do Laboratório de Atividade Motora Adaptada (Labama), em Florianópolis. Especializado no atendimento a pessoas com fragilidades motoras, o grupo de pesquisa está selecionando os primeiros 20 interessados em participar do tratamento, cujas primeiras atividades devem iniciar em janeiro de 2015.
De acordo com Salma Hernandez, bacharel em Educação Física e doutoranda em Ciências do Movimento Humano na instituição, o programa é complementar ao tratamento medicamentoso e busca a melhoria na autonomia e independência dos pacientes por meio do fortalecimento do seu estado físico. Caso sejam feitos com regularidade, observou Salma, os exercícios podem ainda atenuar o declínio cognitivo e os distúrbios neuropsiquiátricos do doente. “Antes achávamos que os exercícios só possibilitavam melhorias físicas, mas hoje já há estudos comprovando que há ligações entre o físico e a mente”.
O programa, destacou a pesquisadora, é limitado a portadores de Alzheimer em grau leve ou moderado, tendo em vista as limitações no atendimento aos casos mais graves da patologia. “As atividades, realizadas por uma hora, três vezes por semana, são as mesmas prescritas a uma pessoa saudável, como hidroginástica e musculação, recebendo apenas adaptações à condição física do paciente”.
A expectativa é de que, caso apresente uma demanda satisfatória, o AtivaMente seja efetivado dentro dos serviços disponibilizados à comunidade pelo Labama, destacou o seu coordenador, Rudney da Silva. “Seguiremos o mesmo modelo adotado no trabalho realizado junto aos acometidos de paralisia cerebral, que surgiu em 2007 e até hoje é mantido pela instituição, atendendo em média 100 pessoas por ano”.
Resultados vão subsidiar estudos da doença
Doença de caráter degenerativo, que tem como principal particularidade o declínio das funções cognitivas, como a memória, o Alzheimer geralmente apresenta seus primeiros sinais a partir dos 65 anos de idade. Diante da alta incidência do problema, que pode atingir 50% da população com mais de 85 anos, além de atuar como um projeto de extensão da Udesc, o AtivaMente também servirá de base a uma pesquisa acadêmica, destacou Salma, autora do estudo.
A cada quatro meses, os pacientes terão seu desempenho físico monitorado. Os dados obtidos com o acompanhamento, que durará dois anos, serão comparados aos de um grupo de controle, formado por outros 20 indivíduos saudáveis, de idade e grau de escolaridade semelhantes aos dos pacientes (as duas principais características associadas à doença), mas que realizarão apenas atividades de convivência, como aulas de canto e pintura. ”Queremos fazer um comparativo entre esses dois grupos que possibilite comprovar, por meio de dados, as melhorias que os exercícios podem trazer para a vida de um doente de Alzheimer”, frisou Salma.
Como participar
Os interessados em participar do programa, totalmente gratuito e aberto à comunidade, podem contactar o Centro de Ciências da Saúde e do Esporte, da Udesc, pelo telefone (48) 3321-8651. O ingresso no AtivaMente é feito mediante a apresentação do diagnóstico médico do Alzheimer e um parecer clínico sobre a possibilidade do paciente realizar exercícios adaptados a sua condição.
O ingresso no programa é antecedido de uma avaliação por uma equipe multidisciplinar com o familiar ou responsável pelo paciente.
Agência AL