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16/09/2014 - 12h59min

Trabalho da Agência AL vai compor relatório da Comissão da Verdade

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Jornalistas Carlos Kilian (e) e Vitor Santos foram ouvidos pela Comissão Estadual da Verdade. FOTO: Eduardo Guedes de Oliveira/Agência AL

O trabalho de pesquisa jornalística do repórter Vitor Santos e do fotógrafo Carlos Kilian, da Agência de Notícias da Assembleia Legislativa, em relação ao aparelho repressor da Ditadura Militar em Porto União, no Planalto Norte, vai compor o relatório da Comissão Estadual da Verdade Paulo Stuart Wright. Durante a segunda semana de setembro, os jornalistas entrevistaram envolvidos no Processo nº 239, da 5ª Região Militar, de Curitiba (PR), de 26 de abril de 1964, que envolveu a região catarinense de divisa com o Paraná.

Vitor Santos e Carlos Kilian fizeram um relato do trabalho jornalístico a membros da Comissão da Verdade na tarde desta segunda-feira (15), em sessão especial. Eles conversaram com o professor Ciro Sebastião da Costa, então condenado a um ano de prisão por colher assinaturas em 1962, visando legalizar o Partido Comunista Brasileiro (PCB).

“Dos três condenados na época, o professor é o único que está vivo”, ressaltou Vitor.  No processo, originário de Porto União, foram ouvidas mais cem pessoas, sendo que 66 civis foram indiciados na época. Os três condenados à prisão foram o jornalista Hermógenes Lazier, o professor e advogado Ciro Sebastião da Costa e o ferroviário Zenóbio Karpowicz.

Naudi Teixeira, procurador do Estado de Santa Catarina e membro da Comissão Estadual da Verdade, parabenizou a “astúcia” dos profissionais da comunicação em buscar as informações e a iniciativa de conversar com os envolvidos no golpe militar. “Agradecemos em nome da coordenação desta comissão”, parabenizou.

Membro da comissão estadual, Derlei Catarina de Luca, servidora da Assembleia Legislativa e ex-presa política, ressaltou a cobertura jornalística da Casa em relação ao trabalho desenvolvido pelo grupo, que busca esclarecer os crimes contra os direitos humanos cometidos durante a Ditadura Militar. “Vocês [jornalistas] são fundamentais para a formação da memória deste país”, classificou.

A reportagem será publicada pela Agência AL dentro da série Fragmentos da História. Além disso, a matéria deve ser anexada ao relatório final da Comissão Estadual da Verdade.

Um dos pontos principais do trabalho de pesquisa é a informação colhida no “livro tombo” da igreja de Porto União, escrito logo após o golpe militar em março de 1964. O documento traz a posição da igreja a favor da Ditadura “contra o comunismo que seria implantado no país”. “Conversamos com o padre que liberou o acesso ao documento”, disse Vitor. Uma pesquisa em jornais da época também foi realizada.

Rony Ramos
Rádio AL

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