28/05/2010 - 17h32min
Sustentar 2010 é encerrado com debate sobre consumo responsável e lançamento da Carta de Chapecó
O Sustentar 2010 – Fórum de Energias Renováveis e Consumo Responsável foi encerrado na tarde desta sexta-feira (28), em Chapecó, com a proposta de reedição do evento na Europa, na cidade portuguesa de Moura. Essa foi uma das grandes novidades do fórum, que também lançou o desafio de criar na região Oeste o primeiro laboratório de energias renováveis da América do Sul, com ênfase em energia solar. As propostas e encaminhamentos foram sistematizados na “Carta de Chapecó”.
No encerramento, o deputado Pedro Uczai (PT) apresentou ao público os principais pontos da “Carta de Chapecó”, obtendo aprovação da plenária para dar sequência aos encaminhamentos. A internacionalização do Sustentar e a criação de um laboratório de energias renováveis em Chapecó foram as principais decisões do fórum. Também foi aprovada a edição do Sustentar 2011, em local ainda a ser definido.
A senadora Ideli Salvatti e o deputado federal Claudio Vignatti, ambos do PT, registraram presença no Sustentar, no período da tarde, e parabenizaram a Assembleia Legislativa e o deputado Pedro Uczai pela iniciativa de realizar o evento na região Oeste.
Consumo responsável
No painel sobre consumo responsável, último debate do evento, o engenheiro agrônomo e pesquisador da Embrapa, Paulo Armando de Oliveira, informou que os dejetos suínos deixam de ser um problema ambiental e tornam-se um bom negócio, quando transformados em adubo orgânico. Ele apresentou uma proposta de arranjo tecnológico para produção de fertilizante orgânico e energia em granjas de suínos, como forma de agregar valor à produção e minimizar o impacto ambiental.
Conforme Oliveira, a região Oeste está entre os maiores consumidores de fertilizantes químicos do país. Santa Catarina compra por ano 662 mil toneladas de nitrogênio, fósforo e potássio, o que para ele é uma contradição inexplicável, já que a região possui quase 90% do rebanho suíno do estado e poderia aproveitar o adubo biológico. “Os agricultores que estão produzindo adubo orgânico alcançam boa rentabilidade financeira”. Ele citou como exemplo um agricultor gaúcho que ensaca o composto orgânico e vende o quilo a R$ 0,75, enquanto uma empresa local de fertilizantes químicos cobra R$ 0,45 pelo quilo comercializado. Oliveira apresentou detalhes sobre as técnicas e estudos desenvolvidos pela Embrapa, os quais possibilitam melhor rendimento para a propriedade na forma de arranjo produtivo, consorciando atividades agropecuárias.
Bioconstrução
O engenheiro agrônomo Leandro Borella, da cooperativa de crédito Cresol Central SC/RS, apresentou no Sustentar a tecnologia de bioconstrução na agricultura familiar, experiência que tem sido estimulada pela Cresol. Borella diz que “a habitação rural pode ser um instrumento de desenvolvimento local”. A cooperativa procura disseminar tecnologias para que os agricultores se apropriem e consigam reproduzir as técnicas, aproveitando a mão-de-obra local, não apenas para construir suas casas, mas também para fazer cisternas e saneamento ecológico.
As construções sustentáveis tomam cuidados na extração de matéria prima, uso de materiais com pouca energia incorporada, uso de técnicas de bioconstrução, adequação da arquitetura ao clima local, valorização da cultura e responsabilidade sobre os resíduos gerados. Entre outros princípios, a bioconstrução aproveita materiais disponíveis nas propriedades, como madeira, pedras e barro. “O importante é ter acesso a informações e aplicar as técnicas com conhecimento”, ressalta Borella. (Lisandrea Costa/Divulgação Alesc)