Audiências públicas: prevenção é fundamental para superação da covid-19
FOTO: Bruno Collaço / AGÊNCIA AL
A conscientização da sociedade sobre as regras de prevenção ao novo coronavírus é fundamental para o enfrentamento da pandemia. Esta foi a principal conclusão da série de audiências públicas promovidas na Assembleia Legislativa durante a última semana pela Comissão Especial de Fiscalização e Acompanhamento dos Gastos com a Covid-19.
Em quatro das seis reuniões que debateram as ações que o Estado vem desenvolvendo nas mesorregiões catarinenses o tema foi destaque. Na segunda-feira (17), logo no primeiro dos encontros, que reuniu prefeitos e representantes do Oeste e Extremo-Oeste, o prefeito de Chapecó, Luciano Buligon (PSL), citou que “ainda há muitos pré-conceitos entre a população, desde o uso de máscaras até o isolamento social e medidas sanitárias que todos devem usar”. Presidente do Conselho dos Secretários Municipais de Saúde, Alexandre Fagundes destacou a necessidade de “uma campanha robusta” para que a população entenda a necessidade de adotar os métodos preventivos básicos.
Na tarde do mesmo dia, dentro da reunião voltada aos munícios da Grande Florianópolis, a possibilidade de a Alesc promover uma campanha publicitária com esse objetivo foi solicitada. A importância ganhou força a partir dos relatos dos prefeitos de Tijucas, Elói Mariano Rocha (PSD), de São Bonifácio, Ricardo de Souza Carvalho (PP), e do secretário de Saúde de Major Gercino, Marcos Marcelino. Todos citaram a falta de efetivo policial e de equipes locais de fiscalização para evitar aglomerações nos finais de semana.
Quando foram ouvidos os municípios do Meio-Oeste e do Planalto Serrano, na quarta-feira (19), a preocupação voltou à tona. O prefeito de Campos Novos, Silvio Zancanaro (PSD), lamentou que a população ainda não entende “a importância do distanciamento”. Prefeito de Lages, Antonio Ceron (PSD) citou que os gestores municipais têm dificuldades “de assegurar a conscientização à obediência às normas de higiene e distanciamento para evitar as aglomerações”.
Ainda na segunda-feira o presidente do colegiado, deputado Marcos Vieira (PSDB), informou que levaria a reivindicação à presidência do Parlamento. Três dias depois, durante a reunião com as cidades da região Sul, a vice-presidente da comissão, deputada Luciana Carminatti (PT), destacou que o presidente da Alesc, deputado Julio Garcia (PSD), assegurou que a estrutura da instituição estava à disposição.
O secretário de Estado da Saúde, André Motta Ribeiro, lembrou que existe uma campanha realizada pelo governo. Mas que a mesma precisa ser fortalecida por ações conjuntas envolvendo a iniciativa privada e a Alesc.
Ação imprescindível
Ao final das audiências públicas ficou claro que a conscientização de todos é imprescindível para que o combate à Covid-19 tenha o resultado esperado. Sem isso, os pontos positivos que foram confirmados durante os encontros não serão suficientes. Para os especialistas, a decisão do governo estadual em manter as unidades de terapia intensiva (UTIs) para atender a demanda reprimida de cirurgias eletivas após a pandemia, a inclusão do laboratório municipal de Joinville à rede de detecção do novo coronavírus, a busca por uma solução para a crise financeira das clínicas de hemodiálise, a ampliação do atendimento aos infectados no Vale do Itajaí e o investimento na ampliação da testagem no Sul catarinense não são suficientes.
O índice ideal de distanciamento da população para um controle melhor da doença em Santa Catarina precisa estar em torno de 70%, mas o número estava em 37,2%, na última quinta-feira (20). O valor é considerado perigoso, pois o estado, que no início da crise tinha uma taxa de acima de 60%, agora vivencia a aceleração da pandemia.
De acordo com o infectologista Diretoria de Vigilância Epidemiológica (DIVE) da Secretaria de Estado da Saúde, Eduardo Campos de Oliveira, a situação da pandemia no estado ainda é bastante grave e muito severa, com novos casos de internação e de mortes ocorrendo todos os dias. “Dessa maneira, precisamos impor freios à pandemia. As medidas de prevenção podem fazer com que as estimativas de até quatro mil mortes acumulados até o dia 13 de setembro não se realizem. A higienização das mãos com água e sabão, o uso frequente do álcool em gel, o distanciamento social, evitando as aglomerações, e você mantendo-se em casa, saindo somente quando estritamente necessário, usando máscaras, podem fazer com que esse cenário reduza. Nossa expectativa é que nessas próximas semanas, com essa circulação intensa do vírus, ainda tenhamos casos ocorrendo”, alertou.
Fábio Gaudenzi, que também é infectologista da DIVE, comenta que, mesmo quando uma região tem uma mudança no risco potencial de contaminação de gravíssimo para grave, a situação no local ainda tem um número de casos muito alto e o risco de infeção existe. Segundo ele, a retomada de algumas medidas, como o transporte público, por exemplo, “devem ser sempre mantidas e intensificadas.”
Esforços somados
Os gestores públicos também estão preocupados com questões administrativas, como o fechamento das contas das atuais administrações e a indefinição sobre a retomada das aulas na rede de ensino, afirma o presidente da Federação Catarinense de Municípios (FECAM), Paulo Roberto Weiss. Mas o prefeito de Rodeio, Paulo Roberto Weiss (PT), o momento é de somar esforços diante “de dificuldade jamais visto na história recente”.
Segundo ele, a entidade defende as questões relativas à Covid-19, como a preocupação com a ocupação dos leitos hospitalares, os kits de medicação e entubação para os hospitais, para manter um nível satisfatório para atender o cidadão. Mas, avalia, é fundamental que todos os cidadãos mantenham em prática as regras de distanciamento social, de higiene pessoal, do uso de máscaras, que são tão essenciais nesse momento. “Precisamos unir esforços entre setor privado, setor público e, principalmente, a comunidade. Cada um fazendo a sua parte para juntos superarmos esse desafio e encontrarmos dias melhores. É hora de somar e não de dividirmos. É importantíssimo que estejamos alinhados com o Tribunal de Contas, Ministério Público, com o governo do Estado e com a Alesc”, conclui.