Silvio Pleticos expõe na Escola do Legislativo
O Espaço Cultural José Silveira D´Ávila da Escola do Legislativo de Santa Catarina recebe, a partir desta terça-feira, 1º de novembro, a exposição de Silvio Pleticos, um dos maiores artistas plásticos atuantes em Santa Catarina. Aos 92 anos, Pleticos exibe 35 obras, entre inéditas - trazendo referências do cubismo - e algumas mais antigas, na exposição que leva seu nome.
Praticamente surdo - o que o autoriza a falar somente o que lhe convém, e com grande perda olfativa, o artista italiano que vive no Brasil há 55 anos ainda possui o maior dos sentidos para continuar seu trabalho: a visão.
Conhecido como “o artista dos peixes”, ele explica que nos peixes está o seu ponto de partida e, pensando em tudo o que passou, sua vida daria um livro. Sem dúvidas sua vida pode ser expressa em livros, filmes, documentários.
Num breve relato do que já viveu, Pleticos se emociona e conta das inúmeras vezes em que passou fome até descobrir que no mar estaria sua fonte de sobrevivência física. “Meus pais morreram no período entre guerras, quando eu ainda era praticamente um bebê. Vivi num orfanato de freiras marcado pela falta de comida. Quando descobri que podia pescar, levava peixes para o orfanato para matar a minha fome e a fome das outras crianças”.
A democracia da Arte Contemporânea
Artista contemporâneo, Pleticos trabalha assimilando e ao mesmo tempo desconstruindo estilos e movimentos estéticos. Tendo Leonardo da Vinci e Picasso como maiores referências, aos 92 anos, segue dissertando em pincéis o destino do homem.
Ao longo dos anos, muitos críticos de arte nacionais e estrangeiros opinaram sobre seu trabalho. Entre eles, o poeta catarinense Lindolf Bell (1938-1998), que inaugurou a primeira galeria de arte de Santa Catarina. “Sua pintura é uma estrutura de resultados poéticos, quase metafísica, algumas vezes reconduz o espectador à reflexão, a indagações sobre o destino do homem e seus caminhos (descaminhos) de beleza, imaginação e força criativa”, descreveu no catálogo de uma exposição de 1980. Por conta dos interesses artísticos comuns, Pleticos foi convidado por Bell para ilustrar a terceira edição de “As Annamárias”, de 1993.
A arte contemporânea é democrática, segundo Pleticos, tanto para quem a faz, quanto para quem a aprecia. “A arte se espiritualizou, se desprendeu da matéria, da objetividade para ater-se à expressão do indivíduo que a constrói. O valor dela é dado pelo próprio homem. A imagem é física, mas as qualidades são etéreas, espirituais.”
Sobre a divulgação e incentivo ao exercício e apreciação da arte, Pleticos é incisivo. “Uma formação do gosto pela arte é necessária, as grandes nações já investem nisso há algum tempo.”
Sem denominação, as obras de Pleticos são classificadas apenas pela técnica sobre as quais são trabalhadas: acrílica ou mista. À mista, que consiste em sobrepor uma camada de cera sobre uma grossa camada de tinta e desenhar com agulha as formas que se deseja, ele dedica suas atenções mais recentes. “A tinta à óleo trouxe prejuízos à saúde de Silvio. Por causa do solvente, ele perdeu o olfato. Então, desenvolveu uma técnica alternativa e menos agressiva”, conta Lili Pleticos, esposa de Silvio.
Serviço:
O que: Exposição Silvio Pleticos
Quando: Abertura: 1º/11, às 18h, até 25/11
Onde: Espaço Cultural José Silveira D´Ávila da Escola do Legislativo de Santa Catarina. Avenida Hercílio Luz, 870, centro, Florianópolis.
Agência AL