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08/09/2016 - 14h32min

Setembro Amarelo: na maioria dos casos, suicida não deseja morrer

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A psicóloga Anita Bacellar
FOTO: Solon Soares/Agência AL

A pessoa que manifesta desejo de tirar a própria vida – e chega a tentar suicídio – não quer, na maioria das vezes, morrer. Essa atitude é uma forma de anunciar para familiares e amigos que questões emocionais estão transformando a vida em algo insuportável.

A psicóloga Anita Bacellar, de Florianópolis, atende casos de pessoas com ideação suicida e familiares cujos entes tiraram a própria vida. Ela destaca a importância da manifestação do desejo de sumir e/ou morrer por alguém não ser ignorada.

“Às vezes, pode parecer bobagem e por isso a gente não dá bola. Não é o conteúdo, mas é o sentimento que está envolvido. Deve-se procurar saber o tamanho da emoção, que a deixa tão frágil. Esse problema é grande para ela e aí a gente tem que se preocupar”, afirma Anita.

A profissional destaca que a psicologia ajuda essas pessoas a encontrar saídas para as dificuldades da vida. “Na maioria delas, quando se vê capaz e mais potente para resolver suas dificuldades, ela esquece naturalmente o desejo de morrer”, comenta. “Ela não está assim porque ela não quer viver, mas é pelo sofrimento que tornar o viver algo muito difícil.”

Para a psicóloga, um dos indicativos que a pessoa realmente precisa de ajuda está no fato dela não conseguir lidar com situações comuns, como a apresentação de um trabalho na escola, por exemplo.

“A palavra-chave que a pessoa usa é “eu não dou conta de resolver minha vida”. As pessoas falam isso em diferentes intensidades. Se a gente aprender a separar as pessoas que manipulam daquelas que efetivamente estão com dificuldades de enfrentar a vida, vamos conseguir salvar vidas”, disse.

Mas mesmo os casos em que indivíduo parece manipular a situação, é preciso atenção. Por isso, a orientação é sempre ouvir a pessoa e encaminhá-la para acompanhamento profissional com psicólogo e psiquiatra.

Na clínica onde atende, no Centro de Florianópolis, Anita trabalha em três frentes. Uma delas é o plantão psicológico, no qual pessoas que estejam com sofrimento intenso, ideação ou tendência suicida passam por uma consulta de urgência. Essa frente é seguida das consultas periódicas, nas quais haverá um acompanhamento da pessoa e de seus familiares, no sentido de orientar a lidar com o sofrimento e como superá-lo.

Anita também atua na psicoterapia do luto, incluindo a perda por suicídio. “Elaborar o luto, que é um processo natural, que na maioria das vezes, quando é produto de um suicídio, transforma-se em algo complicado e fica difícil para os familiares passarem pelas fases naturais do luto. Gera culpa, todos passam a pensar ‘o que foi que eu deixei de fazer, o que eu poderia ter feito para evitar isso?’”.

Prevenção
Para a especialista, a prevenção ao suicídio no Brasil ainda é muito falha. Para ela, a solução desse problema passa por uma mudança de postura da sociedade, ao aceitar discutir abertamente a questão. “Falta uma a ação social para tornar mais clara essa questão e para que as pessoas possam ser orientadas a como lidar, ajudar, identificar aqueles que podem vir a cometer suicídio”, comenta.

Anita reiterou que de 80 a 90% dos casos de tentativa ou de suicídio vêm de doenças mentais, que são tratáveis. “A sociedade precisa mudar sua postura. As instituições clínicas estão para as pessoas que já estão num processo de tendência suicida. Mas há meios de evitar que muitos casos cheguem nesse ponto. Se socialmente estiver presente nas dificuldades dessas pessoas, a tendência é que elas se tornem mais capaz de superar suas dificuldades.”

O Setembro Amarelo
Setembro Amarelo é uma campanha de conscientização sobre a prevenção do suicídio, com o objetivo direto de alertar a população a respeito da realidade do suicídio no Brasil e no mundo e suas formas de prevenção. Ocorre no mês de setembro, desde 2014, por meio da identificação de locais públicos e particulares com a cor amarela e ampla divulgação de informações.

No decorrer desta semana, a Agência AL veiculará reportagens com especialistas, a respeito da prevenção do suicídio. O material, em texto e foto, é de livre uso editorial, desde que citada a fonte.

Mais informações sobre a campanha podem ser obtidas no site do Setembro Amarelo.

Marcelo Espinoza
Agência AL

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