Sessão lembra 70 anos do bombardeio nuclear em Hiroshima e Nagasaki
A Assembleia Legislativa de Santa Catarina realizou, na noite de quarta-feira (12), no Plenário Deputado Osni Régis, sessão especial em homenagem às vítimas das bombas atômicas lançadas pelos Estados Unidos sobre as cidades japonesas de Hiroshima e Nagasaki em agosto de 1945. O evento recordou o 70º aniversário do primeiro ataque nuclear da história, que levou o Japão à rendição e encerrou a Segunda Guerra Mundial.
Estimativas apontam que mais de 120 mil habitantes das duas cidades morreram no ato do bombardeio. Outros 100 mil faleceram depois, em decorrência de doenças causadas pela radiação. Milhares de japoneses ficaram feridos ou sofreram danos emocionais. "Sete décadas depois do primeiro ataque nuclear dizimar duas cidades no Japão, a Colônia de Frei Rogério, no Meio-Oeste de Santa Catarina, busca formas de preservar a memória dos sobreviventes. Esses verdadeiros heróis são chamados de “hibakusha”, que significa pessoa afetada pela explosão", disse o proponente da solenidade, deputado João Amin (PP). Dos mais de 1 milhão de japoneses classificados por essa denominação, aproximadamente 183 mil permanecem vivos.
O Parlamento catarinense homenageou sete "hibakucha", sendo quatro deles in memoriam, todos membros da Colônia Japonesa de Núcleo Celso Ramos, fundada em 1963, em Frei Rogério. "Celebramos a memória das vítimas e os sobreviventes desse fatídico acontecimento. É preciso destacar a luta da comunidade e sua dedicação para a conscientização das futuras gerações da importância do desarmamento nuclear e da paz entre os povos", ressaltou o parlamentar.
O deputado evidenciou a relevância do Parque Sino da Paz, localizado na Colônia Japonesa de Frei Rogério, mais especificamente no terreno do sobrevivente da bomba atômica Kazumi Ogawa, falecido em 2012. Neste espaço foi construído o Museu da Paz, que conta com acervos históricos da Segunda Guerra Mundial cedidos pelo governo japonês. Destaque para o Monumento à Paz, inspirado no pássaro "tsuru", que abriga um sino de bronze de mais de 400 anos presenteado pelo Japão. Todos os anos, em ocasiões especiais como nos dias 6 e 9 de agosto, datas que marcaram os lançamentos das bombas atômicas, são realizadas as cerimônias da badalada do sino.
De acordo com o cônsul-geral do Japão em Curitiba, Toshio Ikeda, as cerimônias promovidas anualmente em Hiroshima e Nagasaki nos dias 6 e 9 de agosto, respectivamente, "servem para manter viva a lembrança dos horrores e defender a abolição da bomba atômica". Além disso, o governo japonês promove, em 15 de agosto, uma homenagem às vítimas da Segunda Guerra Mundial. "Todos os anos, quando chega o mês de agosto, o povo japonês se lembra da tragédia causada, bem como de todas as vítimas."
Em consonância com o discurso feito pelo primeiro-ministro japonês, Shinzo Abe, na quinta-feira passada (6), Ikeda salientou os esforços do país na luta para abolir o uso de armamentos nucleares. "O Japão tem a importante missão de defender um mundo livre de armas nucleares."
A conscientização sobre a importância do desarmamento nuclear também foi destacada por Tetsuro Ogawa, representante da Associação das Vítimas e seus Descendentes de Explosão de Bombas Atômicas. “Errar é humano, mas repetir os erros é idiotice. A melhor arma para que não aconteçam mais tragédias como essa é conscientizar, educar as crianças. E essa ação tem que ser contínua.”
A finalidade de recordar o primeiro bombardeio nuclear da história é a promoção da paz mundial, segundo o representante da Federação das Associações Nikkeis de Santa Catarina, Seigo Tsuzuki. “O intuito de relembrar todos os anos esse episódio tão triste e terrível é alimentar o desejo de paz no mundo inteiro. Ele deixou uma marca profunda no país e serviu como lição à humanidade. Queremos a utilização da energia nuclear apenas para fins pacíficos.”
Homenageados
- Tetsuro Ogawa, representando a Associação das Vítimas e seus Descendentes de Explosão de Bombas Atômicas
- Elídio Yocikazu Sinzato, presidente da Federação das Associações Nikkeis de Santa Catarina, representado por Seigo Tsuzuki
- Roxana Shinohara, presidente da Associação Nipo Catarinense – Florianópolis
- Hirotaka Onaka, presidente da Associação Cultural Brasil-Japão de Núcleo Celso Ramos
- Toshio Ikeda, representando o Consulado Geral do Japão em Curitiba
- Hitoshi Nakamura, projetista do “Monumento à Paz” localizado em Frei Rogério
- Tetsuro Ogawa, representando os autores do documentário "Memorial à Paz", Rodrigo Gomes Leite, Alex Morais e Enio Brambatti
Durante o ato solene, Amin lamentou o falecimento, na terça-feira (11), de Chiyo Ogawa, aos 84 anos. Ela também seria homenageada pelo Parlamento catarinense.
Presença
A solenidade foi prestigiada por diversas autoridades, dentre elas a embaixadora do Itamaraty em Santa Catarina, Ana Maria Sampaio Fernandes; o prefeito de Frei Rogério, Osny Batista Alberton; o presidente da Câmara Municipal de Frei Rogério, vereador Antonio Bitencourt; a ex-deputada federal Ângela Amin e o ex-deputado estadual Reno Caramori.
O evento contou com a participação da Banda da Polícia Militar, regida pelo maestro Márcio Egídio Schmidt. Foram executados os hinos do Japão, do Brasil e de Santa Catarina.
Saiba mais
A Galeria Ernesto Meyer Filho, no hall do Palácio Barriga Verde, abriga até amanhã (14) uma exposição de painéis sobre os ataques nucleares às cidades japonesas de Hiroshima e Nagasaki.
Assista ao documentário “Memorial à Paz”, exibido durante a sessão especial.
Rádio AL