Senador Cristovam Buarque visita o Parlamento catarinense
O senador Cristovam Ricardo Cavalcanti Buarque (PDT/DF), em visita ao estado, foi recebido na tarde desta sexta-feira (11) no Gabinete da Presidência da Assembleia Legislativa (Alesc) onde atendeu a imprensa. Na ocasião, ele analisou o atual cenário da política brasileira.
Para Buarque, o país vive uma crise de razões éticas, por falta de propósitos e regras. "O Brasil perdeu seu propósito, porque o propósito do Brasil, equivocadamente, era aumentar o Produto Interno Bruto (PIB). É um propósito muito medíocre. Um país tem que aumentar seu grau de civilidade, que exige um PIB, mas também exige educação, exige segurança, exige saúde, exige distribuição de renda e exige que este PIB seja compatível com o mundo de hoje que é baseado em ciência e tecnologia. E nós perdemos isso. O Brasil perdeu o rumo e, a meu ver, nós não estamos mais em crise, estamos em decadência, que é um atraso, um retrocesso", argumentou.
O senador está em Santa Catarina para proferir uma palestra na Câmara de Vereadores de Balneário Camboriú, em que abordará o tema "Ética na política e importância do Poder Legislativo". O evento é uma promoção do Parlamento da Associação dos Municípios da Foz do Rio Itajaí (Parlaamfri). Buarque foi enfático em afirmar que o Poder Legislativo está desmoralizado e sem ética, mas fez a ressalva que a crise não atinge apenas este poder. "Acho que no poder executivo também estão faltando regras e ética na condução da política".
Sobre o impeachment, o representante do Distrito Federal alertou que sua condução deve ser feita de acordo com a constituição. "Não é golpe uma coisa que está prevista na constituição. Agora, para não ser golpe, deve ser feito como está previsto na carta magna". O senador explicou: "O impeachment deve ser feito com base em crime de responsabilidade. Não pode ser porque estou com raiva dela, não é porque eu não votei nela. Tem que ser pelos crimes de responsabilidade que ela cometeu e isso exige analisar com cuidado os autos", alertou. Na sua opinião, um impeachment sem uma base sólida legal cria dificuldades inclusive para o próximo presidente. "Ele já senta na cadeira sujeito ao impeachment, aí acabou. Aí é melhor fazermos um parlamentarismo logo. Impeachment é legal, e para isso deve ser feito dentro da legalidade".
O palpite do senador é de que o processo de impedimento da presidente está se encaminhando. "Sinto que as pessoas começam a achar que não tem mais jeito manter a presidente. Eu, se o processo chegar ao senado para ser votado, vou analisar os autos. Votei politicamente contra a Dilma em 2014, mas na hora de tirar a Dilma eu não vou votar politicamente, eu vou decidir e julgar legalmente. Porque eu não quero que meu nome fique levianamente na história como quem derrubou a presidente eleita. Derrubar um presidente é coisa de militar e de político que não tem sensibilidade histórica. Só porque eu não gosto, não é o suficiente para mim", declarou.
Natural de Recife (PE), Cristovam Buarque cumpre seu segundo mandato pelo PDT do Distrito Federal, reeleito em 2011 permanece no cargo até 2019. No Senado Federal é marcante sua defesa da educação como caminho para o desenvolvimento e a justiça social.
Agência AL