Seminários sobre navegação segura na internet reúnem estudantes no Oeste
A rede mundial de computadores é como uma praça pública de qualquer cidade. O diferencial é que por ela circulam cerca de dois bilhões de pessoas. As regras e os limites para conviver de forma pacífica e segura neste mundo virtual foram tema de dois encontros, realizados na manhã e na tarde desta quarta-feira (30), entre mais de 500 estudantes de escolas públicas e privadas do município de São Carlos, Oeste do Estado, e o diretor da ONG SaferNet Brasil, Rodrigo Nejm. O psicólogo veio a Santa Catarina especialmente para os seminários oferecidos pela Escola do Legislativo Deputado Lício Mauro da Silveira. Nesta quinta-feira (31), três seminários serão ministrados no município de Pinhalzinho, nos períodos matutino, vespertino e noturno.
Desde 2007, quando foi criada a ONG SaferNet Brasil, Nejm, mestre em Gestão e Desenvolvimento Social e doutorando em Psicologia na Universidade Federal da Bahia, já falou para mais de 30 mil pessoas em 50 cidades de 20 estados brasileiros. Pesquisador na área de novas mídias, infância, adolescência e sociabilidades, o palestrante garante que entre adolescentes, o cyberbullyng (bullyng virtual) e o sexting (troca de fotos sem roupas ou sensuais) são os problemas que mais preocupam, depois do aliciamento (quando pessoas estranhas querem encontrar os jovens em segredo ou forçá-los a fazer o que não querem pela internet). “Falamos muito para adolescentes, porque é uma fase de descoberta da sexualidade, da busca de reconhecimento social e de rebeldia, negação da autoridade dos pais, quando eles costumam não levar a sério as recomendações”, explica Nejm.
A advogada e vereadora de São Carlos Silmara Scheuermann Balbinot (PMDB) faz parte dessa legião de pais que notou a relevância do assunto e com este argumento solicitou à Escola do Legislativo a realização do seminário em seu município. “O dia-a-dia comprova que não existem mais fronteiras para a internet, e nós queremos saber aonde nosso filhos estão navegando”, pondera.
A professora Cláudia Franken, da escola municipal Padre Jorge Annecken, garante que todos os seus alunos têm acesso à internet, em casa ou por intermédio do laboratório de informática da escola. “É muito importante falar sobre isso, uma visão mais ampla ajuda a informar melhor”, acredita.
Entre seus alunos, está Daniele Regina Assmann, 11 anos, que acessa a web no colégio para estudar e também para diversão, principalmente jogos. Ela conta que familiares chamaram a atenção sobre o uso comedido do recurso tecnológico. Marlons Hoss Júnior, 13 anos, aluno da rede estadual, conta que é adepto das redes sociais e frequenta o mundo virtual diariamente. Segundo o estudante, “praticamente a família toda falou sobre os perigos de falar com pessoas estranhas ou acessar sites indevidos”.
Nejm completa o trabalho dos pais e responsáveis, indo à fundo no assunto de um modo diferente, mostrando aos jovens como vivenciar a internet com ‘autocuidado’, a sério e com consciência de que não é uma terra sem lei. “As leis do mundo real valem também para o mundo virtual e não é legal disseminar na rede preconceitos de cor, gênero, religião, orientação sexual, de origem social ou qualquer outro tipo”, alerta.
O presidente da Câmara de Vereadores de São Carlos, Kelen Rodrigo Giongo (PSDB), utiliza a ferramenta para aumentar a transparência de sua gestão, por intermédio do Facebook e do site do Poder Legislativo municipal. “É justamente devido ao alcance positivo deste recurso que precisamos informar nossos jovens, futuros empresários e políticos sobre a dimensão que suas atitudes tomam no mundo virtual e ensiná-los a usar de forma correta”, sintetizou. Cleomar Weber Kuhn, prefeito de São Carlos, que foi vereador, exalta o papel do Poder Legislativo na educação para a cidadania. “Precisamos formar cidadãos completos, com discernimento e poder de decisão”, conclui.
SaferNet – espaço para denúncias e atendimento
A ong SaferNet não se limita a orientar. Em seu site www.safernet.org.br, há um espaço seguro para denunciar crimes virtuais como pornografia infantil, racismo, homofobia, tráfico de pessoas, intolerância religiosa, neonazismo e apologia e incitação a crimes contra vida.
Também há uma equipe de psicologia que faz orientação online, via chat ou por e-mail. O Helpline.br é um canal gratuito que oferece orientação de forma pontual e informativa para esclarecer dúvidas, ensinar formas seguras de uso da Internet e orientar crianças e adolescentes que vivenciaram situações de violência on-line como humilhações, intimidações, chantagem, tentativa de violência sexual ou exposição forçada em fotos ou filmes sensuais.
A orientação não é uma psicoterapia e não substitui o atendimento psicológico presencial. A orientação é dada de maneira breve, pontual e sobre um assunto específico. Caso seja necessário aprofundar o acompanhamento por mais tempo é feito o encaminhamento para um serviço especializado presencial, de acordo com cada caso.
A SaferNet é uma associação civil de direito privado, com atuação nacional, sem fins lucrativos ou econômicos, sem vinculação político partidária, religiosa ou racial. Fundada em 20 de dezembro de 2005 por um grupo de cientistas da computação, professores, pesquisadores e bacharéis em Direito, a organização surgiu para materializar ações concebidas ao longo de 2004 e 2005, quando os fundadores desenvolveram pesquisas e projetos sociais voltados para o combate à pornografia infantil na Internet brasileira.
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