Seminário discute políticas para o incentivo da fruticultura em SC
Incentivar a produção de frutas em Santa Catarina, mediante a criação de linhas específicas de financiamento para acesso às novas tecnologias do setor foi a principal proposta do “Seminário da Fruticultura: novo impulso econômico”. Realizado pela Comissão de Agricultura e Política Rural da Assembleia Legislativa, com o apoio da Escola do Legislativo Deputado Lício Mauro da Silveira, o eventou reuniu nesta sexta-feira (1º), em Videira, gestores públicos e produtores do Meio-Oeste catarinense.
Considerando a atividade um potencial econômico, já que pode-se obter boa rentabilidade em pequenas áreas, o proponente do debate, deputado Natalino Lázare (Podemos), abriu os trabalhos destacando o potencial do setor. Segundo Lazare, que preside a Comissão de Agricultura da Assembleia, o estado possui clima e solo favoráveis para produção.
“Diante desta realidade, Santa Catarina precisa investir mais na produção de frutas”, frisou. Com esse desejo, o parlamentar defende a expansão do setor, salientando que o estado vai contar com uma economia mais forte, oriunda da atividade.
Com esse objetivo, Lázare ressalta que o encontro busca elencar ideias, pensando no bem comum para viabilizar linhas de financiamento para o aperfeiçoamento tecnológico do setor. “Um pacote tecnológico e econômico contendo exatamente as necessidades do setor já foi entregue ao governo do estado. Agora buscamos uma agenda de definições para que as ações possam sair do papel, destinado ao incremento e à valorização da produção de frutas na região”, pontuou.
A prefeita do município de Fraiburgo, Claudete Mathias, participou da mesa de gestores públicos, que discutiu os incentivos necessários para o crescimento do setor. Administradora de um município predominantemente agrícola, Claudete defende que o Meio-Oeste precisa de incentivos para continuar crescendo economicamente. Segundo ela, a região de Fraiburgo concentra a segunda maior produção de maçãs do estado e do país, com mais de 1,5 mil hectares de pomares da fruta e produção para 2017 estimada em 48 mil toneladas, vindas de 62 propriedades. Ameixa e pêssego também se destacam com mais de 8 mil toneladas de produção neste ano.
O prefeito de Videira, Dorival Carlos Borga, destacou a importância econômica da fruticultura para o Meio-Oeste. Em sua avaliação, a fruticultura é uma grande alternativa de diversidade da produção, que agrega ao homem do campo uma economia mais estável.
“Nossa intenção é agregar valor às propriedades rurais, para que as famílias do meio rural possam continuar cultivando suas terras. A fruta, assim como a criação de aves, suínos e a produção do leite, vem como um processo de complementação com fins econômicos nas propriedades rurais’, acredita.
Palestras
Dentro da programação, foram ministradas duas palestras, com a participação do secretário-adjunto de Estado da Agricultura e da Pesca, Airton Spies. Ele abordou o potencial do setor para o agronegócio catarinense.
Com 34 anos de experiência nas questões que abrangem a agricultura, Spies iniciou sua fala pontuando que Santa Catarina é um estado de minifúndios, com uma estrutura agrária de pequenas propriedades, onde os agricultores precisam gerar grandes rendas em pequenos espaços.
“Dentro desse contexto, estamos falando de atividades de alta densidade econômica, que permitem agregar valor. Dentro desse processo entra a fruticultura, que é vista como uma produção totalmente recomendável para agricultura familiar”, disse.
Spies destaca que é possível abordar as perspectivas e os desafios do setor. “Temos que trabalhar dentro de uma linha que possa seduzir e consequentemente trazer um bom retorno econômico para que os jovens possam dar continuidade à atividade realizada no campo, como sucessores das suas famílias. É preciso boas ações para que a atividade possa ter continuidade, priorizando um trabalho digno e especialmente qualidade de vida”, afirma.
Segundo Spies, para 2018, o setor tem uma boa expectativa, mesmo com o país passando por um período de crise. “Já podemos ver os primeiros sinais de recuperação, onde um novo ciclo de desenvolvendo vai começar, e a fruticultura estará presente neste momento positivo. Para isso precisamos investir em produtividade, qualidade e profissionalismo. Assim estaremos aproveitando a oportunidade”, observa.
Para que o pequeno produtor possa expandir seu negocio, Spies informou que o governo do Estado possui uma política pública agrícola que atua em quatro eixos: a pesquisa agropecuária, gerando inovações tecnológicas para os agricultores, através da Epagri; a extensão rural, que leva conhecimento ao produtor rural, em parceria com os municípios e o setor privado; defesa sanitária animal e vegetal, para garantir biossegurança, sanidade e qualidade dos produtos, realizada através da Cidasc; e fomento agropecuário, no qual de disponibilizam recursos que possam ajudar a alavancar o conhecimento.
Visão do produtor
A outra palestra do seminário foi conduzida pelo Presidente da Associação Brasileira de Produtores de Maçã (ABPM). À frente do cargo desde setembro de 2004, Pierre Nicolas Pérès abordou a visão do produtor. Segundo ele, a característica do fruticultor é poder, a partir de uma pequena propriedade, obter uma boa renda oriunda da agricultura, ao contrario de uma lavoura de milho ou soja, que necessita de uma grande extensão de terra.
Pérès salientou que se a atividade contar com o apoio do governo tem grandes chances de manter o homem do campo na atividade agrícola. “Se o produtor alcançar um lucro razoável para sua qualidade de vida, ele terá oportunidade de investir na lavoura com o auxílio de novas máquinas e utensílios necessários para sua produção”, destaca.
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