Seminário debate soluções de combate aos agrotóxicos e incentivo à agroecologia
Com a participação do fundador do Movimento Slow Food, o jornalista italiano Carlo Petrini, foi realizado na tarde desta quarta-feira (8) no Plenarinho Deputado Paulo Stuart Wright, na Assembleia Legislativa, o Seminário “Alimentação, Agricultura e Mudanças Climáticas”. Durante o evento, foram debatidas políticas de produção orgânica e a relação com o meio ambiente, além da segurança alimentar. Entre os assuntos de maior destaque, os perigos do alto consumo de agrotóxicos.
O seminário foi uma proposta do deputado Cesar Valduga (PcdoB), por indicação do vereador de Florianópolis, Marco José de Abreu (PSOL), o Marquito, e contou ainda com a presença de representantes de movimentos a favor da agroecologia e agricultura familiar catarinense, além de membros do Movimento Slow Food Brasil.
Movimento Slow Food Brasil
Fundado em 1986, o movimento Slow Food - “comida lenta”, em tradução literal para o português - é uma organização não governamental criada com o objetivo de promover uma maior apreciação da comida, melhorar a qualidade das refeições e incentivar uma produção que valorize o produto, o produtor e o meio ambiente, sendo uma contraposição política e filosófica do fast food.
Agrotóxicos
De acordo com dados apresentados pelo deputado Valduga durante o seminário, o Brasil é um dos maiores consumidores de agrotóxicos do mundo, sendo que, por ano, cada brasileiro consome, em média, 7,2kg de veneno. Anualmente, só em Santa Catarina, são pulverizados 25 mil toneladas de agentes químicos nas lavouras.
Para Carlo Petrini, a batalha contra os agrotóxicos é mundial: “Essa luta não é apenas do Brasil, é de todo o mundo. Mas é preciso uma legislação que defenda o patrimônio brasileiro. Precisamos de uma Arca de Noé para defender os produtos em extinção e eliminar o uso de venenos”, frisou.
Projetos de lei
Membro do Fórum Catarinense de Combate aos Impactos dos Agrotóxicos e Transgênicos, de âmbito municipal, o vereador Marquito falou sobre um projeto de lei, de sua autoria, que está em tramitação na Câmara de Florianópolis. O PL, de número 17.002/17, que já passou por três comissões e aguarda a última aprovação da Comissão de Meio Ambiente, institui a criação de um programa de incentivo à agroecologia e produção orgânica em Florianópolis. “Pegamos a política nacional e juntamos com uma minuta da política municipal de agricultura urbana, juntamos os dois documentos e fizemos um processo de construção com representantes da sociedade civil e algumas secretarias”, explicou o vereador. Marquito ainda ressaltou a importância de se debater soluções para o combate do uso de venenos na produção alimentícia: “Santa Catarina é um estado caracterizado pela agricultura familiar e não é porque temos agricultura familiar que estamos livres dos agrotóxicos, pelo contrário, é altamente suscetível e vulnerável ao impacto desses agrotóxicos.”
Durante o seminário, o deputado Cesar Valduga também apresentou alguns projetos, de sua autoria, sobre sustentabilidade e agroecologia, tais como o PL 327/2017, que institui a política estadual de redução de agrotóxicos, o PL 328/2017, que estabelece a obrigatoriedade de informação nas embalagens sobre o uso de agrotóxicos nos produtos alimentares, entre outros. Para Valduga, é preciso haver diálogo entre o legislativo e os agricultores: “É importante que a gente ouça os nossos agricultores para sair dessa política recessiva que estamos enfrentando atualmente. O uso de agrotóxicos impacta diretamente na saúde da nossa população”.
Para simbolizar o repúdio à flexibilização das leis sobre o uso de agrotóxicos no Brasil, o Movimento Slow Food Brasil entregou uma carta de manifesto ao vereador Marquito e ao deputado Cesar Valduga. No documento, o movimento denuncia “ataques que partem de uma investida política anti-democrática e conservadora que promove o retrocesso e a perda de direitos, enfraquecendo a soberania do país em nome de interesses provados”.
“Se em Roma temos um Papa latino-americano, podemos sim ganhar a batalha contra essa legislação que permite e incentiva o uso de agrotóxicos”, finalizou Petrini.
Com a colaboração de Carolina Lopes/Agência AL