Seminário debate os desafios para a eletrificação rural em Santa Catarina
Buscar formas de reforçar as redes de energia elétrica nas pequenas comunidades rurais, proporcionando, assim, melhores condições de produção e qualidade de vida para os seus moradores. Este foi o foco do seminário “Eletrificação Rural: Desafios Urgentes”, promovido na manhã desta quinta-feira (29) pela Comissão de Agricultura e Política Rural e que reuniu na Assembleia Legislativa lideranças políticas dos três estados do sul, representantes de cooperativas e de entidades de classe.
De acordo com o deputado Natalino Lázare (PR), que preside a comissão de Agricultura, as redes elétricas monofásicas limitam o crescimento das propriedades rurais ao impossibilitar a utilização dos equipamentos agrícolas que exigem altas tensões.
Outro problema frequentemente repassado pelos produtores rurais, disse, são as constantes quedas de energia, que ocasionam prejuízos pra ao setor, como queima de equipamentos e a perda de equipamentos perecíveis.
Para o parlamentar, a modernização das redes elétricas rurais é fundamental para o desenvolvimento do setor agrícola e também para a manutenção dos jovens no campo. “Nós somos fortes em diversos setores no agronegócio, mas podemos ser muito mais fortes, desde que resolvamos essa questão. Então, é uma responsabilidade que o poder público deve ter em reforçar um segmento que é o alicerce da economia de Santa Catarina”, disse.
De acordo com o presidente da Federação dos Trabalhadores na Agricultura do Estado de Santa Catarina (Fetaesc), José Walter Dresch, entre 70% e 80% das propriedades rurais catarinenses estão atualmente ligadas a linhas elétricas monofásicas. A solução para a questão envolveria a substituição de 42 mil quilômetros de linhas, algo que segundo ele, deve ser buscado de forma emergencial pelas Centrais Elétricas de Santa Catarina (Celesc). “Atualmente, toda produção, seja de frango, leite ou tabaco, demanda energia elétrica, que é paga e por um preço caro. Não podemos mais ficar reféns desta situação.”
O presidente da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Santa Catarina (Faesc), José Zeferino Pedrozo, observou que os problemas com o fornecimento de energia são comuns a diversas regiões do estado, havendo a necessidade de mais investimentos principalmente nos municípios de Canoinhas, Irineópolis (Planalto Norte), São José do Cedro, São Lourenço do Oeste (Extremo-Oeste), Araranguá (Sul) e Treze Tílias (Meio-Oeste). “Temos um bom diálogo com a Celesc, mas alguma coisa tem que ser feita para que essas redes sejam efetivamente melhoradas”, disse.
Ações de governo
Durante o seminário também foram conhecidos os projetos que vêm sendo desenvolvidos no Rio Grande do Sul, e que foram apresentados pelo deputado Adolfo Brito, que preside a Comissão de Agricultura, Pecuária e Cooperativismo do Legislativo gaúcho.
Com relação à realidade catarinense, o secretário-adjunto de Estado da Agricultura e da Pesca, Airton Spies, declarou que a melhoria das redes elétricas já vem sendo discutida pelo governo há algum tempo, sendo encarada como fator primordial para o futuro do agronegócio local. “Esse debate é topo de agenda nas nossas prioridades. Ainda ontem discutimos a agricultura para 2030 e concluímos que sem resolver a questão da energia não vamos conseguir um desenvolvimento sustentável para o nosso estado. Estamos perdendo os jovens e empreendedores rurais porque muitas vezes falta uma coisa básica como energia, internet ou de uma estrada de qualidade”, disse.
Para o secretário-adjunto, a solução para a questão passa necessariamente por uma ação de governo. “Precisamos levar energia a essas localidades, ainda que neste momento isso não seja economicamente vantajoso para as distribuidoras de energia. E criar esses mecanismos, que possibilitem diminuir a assimetria entre o campo e a cidade, é uma ação tipicamente de governo.”
Representando a Diretoria de Distribuição da Celesc, Pablo Cupani Corena afirmou, por sua vez, que a empresa também está ciente da necessidade de expansão da rede trifásica para o meio rural, mas que uma ação neste sentido depende não só do aumento dos investimentos realizados por parte da distribuidora de energia, mas também de uma contrapartida financeira dos consumidores. “Este é o grande entrave, mas a Celesc está procurando junto ao Ministério das Minas e Energia, Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica) e governo do Estado, um caminho para financiar essa parte que caberia ao consumidor.”
Presente ao evento, o presidente da Alesc, deputado Silvio Dreveck (PP), anunciou que a questão é prioritária para Santa Catarina e o Legislativo estadual apoiará as propostas de encaminhamento surgidas do evento. “Talvez este seja um dos grandes desafios para o nosso estado nesse momento. Sem dúvida são necessários novos investimentos que possibilitem a construção de novas redes e subestações, entre outras iniciativas para o setor, que certamente contarão com o apoio desta Casa.”
Agência AL